Apoiar as mulheres empreendedoras pode impulsionar a economia global em 5 biliões de dólares

Se as mulheres e os homens participarem de forma igualitária no ecossistema empreendedor, o PIB global poderá aumentar, refletindo-se no incremento da economia. É o que defende um novo estudo.

Uma nova pesquisa do Boston Consulting Group (BCG) sugere que se a lacuna de financiamento de género terminasse, poderia significar um incremento na economia global muito elevado. Segundo as conclusões do estudo citado pela KSHB-TV, se as empresárias receberem o mesmo financiamento e apoio que os seus colegas masculinos, o PIB global poderia subir entre 3 a 6% – adicionando entre 2,5 biliões de dólares a 5 biliões de dólares (2,2 biliões de euros a 4,5 biliões de euros) à economia global.

A pesquisa mostra que as start-ups fundadas ou cofundadas por mulheres originaram uma receita cumulativa de 10% maior ao longo de um período de cinco anos em comparação com as empresas iniciadas por homens. Os dados também mostraram que os investimentos em 2018 em empresas fundadas ou cofundadas por mulheres atingiram uma média de 935 mil dólares (845 mil euros), o que representa menos da metade da média dos 2,1 milhões de dólares (1,8 milhões de euros) investidos em empresas lideradas por homens.

A lacuna de género no empreendedorismo
Para entender melhor a lacuna de género no empreendedorismo e a evolução positiva para colmatar essa situação, o BCG analisou os dados de empreendedorismo feminino do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), quer por região (nos EUA) quer por país. Em todas as regiões, a percentagem de homens em idade ativa que iniciam um novo negócio excede a percentagem correspondente de mulheres em idade ativa em cerca de 4 a 6 pontos percentuais.

De destacar que quatro países – Vietname, México, Indonésia e Filipinas – conseguiram reverter a norma global. Nestes países, mais mulheres do que homens lançaram start-ups em 2016.

Em metade dos 100 países analisados, a diferença de género em start-ups e atividades relacionadas com sustentabilidade está a diminuir, tendo os melhores resultados sido alcançados na Turquia, Coreia do Sul e Eslováquia. Suíça, Uruguai e África do Sul foram os  países que registaram um maior aumentando inverso à diminuição da lacuna.

Embora a lacuna de género na atividade de start-ups seja bastante semelhante na maioria dos países, a deficiência no sucesso comercial a longo prazo varia fortemente. No Oriente Médio e no Norte da África, por exemplo, as empresas criadas por mulheres têm cerca de metade da probabilidade de permanecerem em operação 3,5 anos após a criação face às empresas masculinas. Já na América Latina, as empresas de mulheres ficam nessa medida de sustentabilidade em 11 pontos percentuais. Em todas as regiões, com exceção da América do Norte, as empresas lideradas por mulheres têm níveis mais baixos de manutenção do que as lideradas por homens.

O acesso desigual ao apoio financeiro desempenha um papel significativo neste desequilíbrio de género, principalmente para as mulheres que iniciam novas empresas. De acordo com dados de 2018 do BCG, essa disparidade existe, apesar do facto de as start-ups fundadas e cofundadas por mulheres terem um desempenho melhor a longo prazo, gerando uma receita acumulada 10% maior num período de cinco anos: 730 mil dólares (659 mil euros) para mulheres, contra 662 mil dólares (598 mil euros) para homens. O acesso ao capital inicial não é o único problema. As mulheres empresárias também precisam de superar o deficit de sustentabilidade e o deficit de crescimento (a maior tendência das empresas lideradas por mulheres a estagnar ao longo do tempo).

A pesquisa da BCG mostra ainda que, embora existam muitas razões para esses deficits – incluindo diferenças no acesso ao capital humano, capital social e recursos financeiros contínuos – , um factor-chave é o acesso relativamente limitado das mulheres a redes de suporte robustas. Em países de rendimento baixo ou médio, por exemplo, a maior disponibilidade e uso de redes empresariais estão ligadas a menores disparidades de género na sustentabilidade dos negócios.

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