Opinião
Estão à espera que façam alguma coisa por vocês? Não contem com isso!

Estamos mais do que habituados a escutar nas organizações que as empresas nos devem tudo, com empregados cheios de reivindicações e críticas diárias sobre o modo de funcionamento da organização, que podiam ter feito de outra forma, que poderiam ter agido de maneira diferente. Mentalizem-se que o mundo não gira à nossa volta, isso não vai acontecer.
As empresas têm fases de crescimento e estagnação, e cabe-nos a nós avaliar se faz sentido continuar a seguir o mesmo rumo ou não. Devemos assumir isso sem dramas nem problemas. Ou seja, também nós temos fases de crescimento e estagnação, e somos nós próprios os donos do caminho que queremos fazer. De resto, é pôr mãos à obra e fazer avançar.
Ao fim de alguns anos numa empresa, existem pessoas que assumem um “estatuto” de direitos adquiridos, sendo que, normalmente essas pessoas (tóxicas, mas há quem lhes chame desmotivadas) trabalham cada vez menos, achando-se no direito de terem esse mesmo comportamento até ao fim das suas vidas, ou seja, até à reforma. Ora bem, sou crítico em relação a este comportamento.
Em primeiro lugar, nunca considerei que as empresas por onde passei me devessem nada. Nem formações, nem o facto de encontrarem (ou não) os projetos certos para me motivar, entre outros vetores que nos fazem avaliar se estamos felizes a nível profissional. Quem julga que são as empresas que nos devem motivar está enganado. Como um líder de uma grande empresa partilhou comigo há pouco tempo, as empresas devem fornecer-nos as ferramentas certas para que nós próprios tenhamos a capacidade de nos motivar, no entanto, quando assim não acontece, tem de partir de nós encontrar uma solução para a nossa vida profissional. Se pararem para pensar e quiserem ter uma versão “romântica” da vida profissional, cada um de nós há-de ter uma missão a cumprir, e há-que fazer o nosso caminho para que consigamos realizar esses objetivos.
Isso pode significar que ficamos vinte anos a trabalhar na mesma empresa, porque nos encontramos numa fase interessante, em que surgiu um conjunto de projetos aliciantes numa fase de crescimento acentuado, ou então, mudamos de empresa de dois em dois anos porque procuramos sempre projetos diferentes em áreas de negócio diferente. Tudo é legítimo e tem apenas um propósito – cumprir um objetivo – e desde que o mesmo seja alcançado e procuremos cumprir as metas a que nos propomos, contando muito mais connosco do que com a nossa entidade patronal, seremos mais felizes e melhores profissionais. Isso também significa que seremos recursos valiosos para o mercado de trabalho, ou seja, só temos a ganhar com este comportamento, para não falar do exemplo que estamos a dar aos outros. A isso chama-se ser Líder, no sentido em que somos responsáveis pelo nosso próprio caminho profissional, podendo inspirar outras pessoas. Ainda existe outra possibilidade, adotada por muitos profissionais, que é criar o seu próprio negócio.
Também existem pessoas que fazem questão de deixar (não querem saber) o seu futuro na mão das organizações onde trabalham, e nesse caso, há-que aceitar aquilo que as empresas nos oferecem e não passar a vida a chorar no muro das lamentações, apontando defeitos em tudo e todos.
Por exemplo, se quisermos obter uma certificação em determinada matéria, ou sermos os maiores especialistas a nível nacional para uma determinada tecnologia, ficamos à espera que alguém o faça por nós? Ficaremos à espera que a empresa onde trabalhamos pare tudo o que está a acontecer para nos dar a formação que pretendemos? Estamos à espera que a nosso responsável nos diga para trabalharmos apenas seis horas por dia, para nos podermos dedicar a esse objetivo?
Até pode acontecer, mas podemos esperar sentados e a oportunidade vai passar.