Opinião

Os vencedores escolhem o que sacrificar, não o que equilibrar

Alexandre Castro Martins, diretor de Vendas da Soprem Wood

Vivemos numa era em que o “work-life balance” se transformou em mantra. Todos repetem a mesma receita: equilíbrio entre vida profissional e pessoal, tempo para tudo, harmonia entre ambição e descanso. Mas será mesmo assim que se vence?

A verdade é dura: não se chega ao topo a trabalhar apenas de segunda a sexta, das 9h às 17h, com pausas zen e fins de semana imaculadamente livres. Não se constrói uma empresa, não se cria impacto, não se muda um setor sem sacrifício. Quem vende o “balance” como fórmula universal está a vender ilusão.

Olhemos para qualquer empreendedor de referência, qualquer líder que mudou a sua área: todos sacrificaram tempo pessoal, horas de sono, jantares de família, feriados e fins de semana. Todos viveram fases de desequilíbrio, porque sabiam que o preço do extraordinário nunca é barato. O equilíbrio é confortável, mas o confortável raramente gera disrupção.

Isso não significa glorificar o burnout ou defender que se deve trabalhar até à exaustão. Significa perceber que a vida é feita de escolhas. Se queremos ser excecionais, temos de aceitar desequilíbrios temporários. Temos de aceitar que haverá fases em que a vida pessoal fica em segundo plano, em que a prioridade absoluta é o projeto, a empresa, a visão.

O problema do discurso atual é que trata a exceção como regra. Vende-se a ideia de que é possível “ter tudo” ao mesmo tempo, sem abrir mão de nada. Mas quem acredita nisso arrisca-se a viver frustrado, porque o sucesso exige concentração e compromisso total em certos momentos. Quem não aceita sacrificar não pode esperar colher ao nível de quem sacrificou.

A pergunta que cada líder, cada jovem empreendedor, cada profissional ambicioso deve fazer é simples: o que estou disposto a sacrificar? Se a resposta for “muito pouco”, então o resultado também será proporcional. Se for “tudo o que for preciso”, então há hipóteses reais de vencer.

No fim, a ilusão do work-life balance serve para confortar, mas não para vencer. Quem quer ser extraordinário precisa de aceitar a dureza desta realidade: não há sucesso sem sacrifício.

Comentários

Artigos Relacionados