Opinião
Governança: o pilar mais silencioso do ESG que impulsiona a mudança
Numa altura em que a sustentabilidade deixou de ser apenas uma tendência para se tornar um imperativo estratégico, muitas PME continuam a associar a governança a questões complexas que complicam o dia a dia das empresas, o que na realidade não acontece.
É na governança que começa a ambição de fazer diferente e melhor e que se constrói a confiança necessária para que as PME liderem com visão e deixem uma marca duradoura no seu setor. A governança é, muitas vezes, o pilar mais silencioso do ESG – discreto, pouco visível, mas absolutamente determinante. É um pilar que estabelece a base ética, os mecanismos de supervisão e os processos de tomada de decisão que orientam a gestão de riscos financeiros, ambientais e sociais, garantindo que as ações adotadas nessas áreas sejam consistentes, transparentes e alinhadas com a estratégia da empresa.
Sem uma governança sólida, as práticas ambientais e sociais carecem de uma orientação clara, de um controlo eficaz e, não menos importante, de responsabilidade, o que compromete a sua efetividade, gerando riscos reputacionais e legais.
Implementar boas práticas de governança não significa criar um controlo artificial ou processos muito complexos. Significa, acima de tudo, estabelecer políticas e regras claras, distribuir responsabilidades de forma equilibrada, implementar mecanismos de controlo e monitorização para possibilitar uma melhor decisão e garantir, acima de tudo, uma comunicação transparente com todos os intervenientes da cadeia de valor.
Significa, também, uma integração plena dos fatores “E” e “S”, promovendo uma cultura corporativa ética, transparente e comprometida, capaz de enfrentar desafios complexos e garantir o desenvolvimento sustentável a longo prazo, o que é essencial para a confiança dos stakeholders e para a durabilidade dos negócios. Para além disso, reforça que a sustentabilidade não se limita a práticas ambientais e sociais isoladas, mas sim a um sistema integrado onde a governança eficaz é o pilar fundamental.
Vivemos numa era em que a reputação de uma empresa, que levou anos a construir, pode ser abalada em segundos. Em simultâneo, os critérios ESG são cada vez mais exigidos nas empresas que concorrem a concursos públicos e que se candidatam a financiamento e processos de due diligence. A governança deixou, por isso, de ser um luxo reservado a grandes organizações. É, cada vez mais, um requisito mínimo para todas as empresas.
O “G” do ESG não é um adereço técnico. É a garantia de que as boas intenções não ficam apenas no papel. É o pilar que transforma a visão em prática, os valores em cultura, e que separa as empresas apenas bem-intencionadas daquelas que são verdadeiramente bem geridas. Num mundo cada vez mais atento à forma como as organizações se comportam, é esse “G” silencioso que poderá ditar quem lidera e quem fica para trás.








