Opinião
O turismo ajuda a reerguer os territórios
Nas últimas semanas, o Centro de Portugal voltou a ser duramente posto à prova. As imagens dos incêndios que devastaram vários concelhos da região entraram, de novo, dentro de casa dos portugueses, mostrando o desespero das populações atingidas. Este é, infelizmente, um cenário que se repete com demasiada frequência.
Os fogos deixaram uma marca profunda. Ceifaram vidas e património. São feridas abertas nas comunidades, nas empresas e nos territórios turísticos que tanto têm contribuído para o desenvolvimento do interior do país.
Dos 100 municípios da região Centro, cerca de um quarto foram atingidos pelos fogos de agosto. Um levantamento prévio feito pela Turismo Centro de Portugal é elucidativo: mais de 2800 empresas afetadas, dezenas de aldeias do xisto, históricas e de montanha atingidas, vinhas destruídas, centenas de quilómetros de trilhos na natureza queimados. As paisagens protegidas da Serra da Estrela, da Serra da Gardunha, da Serra da Lousã, o Geopark Naturtejo, o Parque Natural do Tejo Internacional – todas sofreram danos severos.
Mais do que uma ferida aberta na paisagem, o drama dos fogos florestais é uma ferida também económica e social. Muitas das empresas turísticas atingidas – casas de turismo rural, alojamentos locais, restaurantes, empresas de animação e experiências turísticas – são pequenas, familiares e têm no turismo a principal ou única fonte de rendimento. Os cancelamentos em cadeia de reservas, naturais face à violência das imagens televisivas, colocam em risco a viabilidade de negócios e agravam ainda mais o isolamento das populações já frágeis do interior.
Por todos estes fatores específicos, o turismo não pode ser visto apenas como um setor económico – que também o é, e de enorme importância – mas também como um fundamental instrumento de repovoamento e de coesão. A atividade turística é, muitas vezes, o que mantém viva uma aldeia, o que justifica a abertura de um restaurante, de um alojamento local ou de uma empresa de animação turística. E, em muitos casos, é o que convence as novas gerações a não sair – ou até a regressar. O turismo gera emprego, cria redes, fixa talento, atrai investimento para zonas de baixa densidade. Ajuda a proteger o património, não deixa que as tradições morram, justifica a existência de serviços públicos e assegura a vigilância da paisagem.
Na Turismo Centro de Portugal, queremos que as medidas concretas de apoio aos territórios afetados por estes incêndios sejam rápidas a chegar a quem mais precisa. Temos já em curso um plano de ação, que parte do levantamento dos prejuízos materiais e das necessidades identificadas por autarquias e empresas. Com base nessa informação, solicitaremos reuniões com a Secretaria de Estado do Turismo, o Turismo de Portugal, a CCDRC, as Comunidades Intermunicipais, a AHRESP e outras entidades parceiras, para que, em articulação permanente, sejam encontradas respostas céleres e eficazes.
Paralelamente, lançaremos uma campanha de reafirmação da marca Centro de Portugal. Queremos mostrar que a região é vasta e que muitos dos seus principais ativos turísticos continuam totalmente disponíveis. A campanha dará destaque a grandes eventos que vão decorrer nos próximos meses e servirá de estímulo à retoma da procura.
Além das medidas imediatas, estamos a preparar iniciativas específicas para a revitalização turística das áreas mais afetadas, com enfoque nas aldeias e nos territórios rurais. Estas ações, em fase de projeto, incluirão programas de reflorestação e de capacitação comunitária – sempre com o objetivo de mobilizar toda a região numa causa comum: a de reconstruir com esperança.
Mais do que nunca, precisamos que os portugueses visitem o Centro de Portugal. Quem tinha reservas, apelamos a que não as cancele – reagende. Quem ainda não escolheu destino para o fim do verão ou para o outono, que considere vir até cá. Ao fazê-lo, estará a ajudar na recuperação e a dar ânimo à resiliência de quem aqui vive. Porque o turismo é também uma forma de reconstrução.
Vastas áreas do Centro de Portugal continuam intactas, à espera de serem descobertas. Outras vão precisar de tempo mas, com a ajuda de todos, esta região voltará a florescer.
O Centro de Portugal é, como sempre foi, um destino autêntico, seguro, sustentável e profundamente humano. É um território onde a esperança não desaparece; reinventa-se e renasce mais forte.








