Entrevista/ “O maior adversário está sempre dentro da nossa cabeça”

Susana Torres, coach de alta performance

Depois de 14 anos na banca, Susana Torres decidiu virar a página e arriscar um caminho sem garantias, mas com um propósito claro: ajudar pessoas a atingirem o seu máximo potencial. Hoje, é uma das coaches de alta performance mais reconhecidas em Portugal, com um percurso que passa pelo desporto de elite, pelo mundo empresarial e até pela integração da Inteligência Artificial no desenvolvimento humano.

O seu nome ganhou notoriedade em 2016, quando foi associado à conquista do Europeu de Futebol pela seleção portuguesa, mas o seu trabalho vai muito além do desporto.

Susana Torres formou-se em “Leadership Coaching” na Universidade de Harvard nos EUA e estuda Inteligência Artificial no MIT, nos EUA. Criou aquela que considera ser a maior certificação em competências de alta performance da Europa e trabalha lado a lado com líderes e equipas para transformar mentalidades e resultados.

Em entrevista ao Link to Leaders, partilha como começou o seu percurso no coaching, o impacto da preparação mental em atletas e gestores, e a forma como a tecnologia está a redefinir o futuro da liderança.

Como começou o seu percurso no coaching de alta performance?

Depois de 14 anos na banca, onde cheguei a subdiretora de agência, percebi que o meu percurso naquele setor tinha chegado ao fim. Com 35 anos, já instalada em Ponte de Lima desde os 26, sabia que para crescer teria de ir para os serviços centrais e isso não fazia sentido para a vida que eu queria construir. Sentia que tinha batido no teto e que estava na altura de me desafiar noutro rumo.

Falei com o meu marido e disse-lhe que queria continuar a impactar pessoas, mas de outra forma. Já não me bastava ajudar apenas na parte financeira, queria ajudá-las a alcançar resultados mais profundos, em todas as áreas da vida. Foi assim que decidi deixar a banca, sem ter qualquer plano concreto. Parti para os Estados Unidos para estudar alta performance na High Performance Academy e depois para Londres, onde aprendi Programação Neurolinguística diretamente com John Grinder, um dos co- criadores da PNL.

Foram dois a três anos de imersão total no desenvolvimento de competências numa altura em que, em Portugal, quase ninguém falava de coaching e, quando falava, era com pouca credibilidade. Nos Estados Unidos, vi um mundo completamente diferente, cheio de possibilidades e trouxe essa visão comigo. Comecei a criar formações próprias, para líderes e profissionais que queriam destacar-se, ajudando-os a posicionar-se de forma diferenciada no mercado. Em 2016 lancei a minha primeira certificação em Lisboa. Foram 100 participantes e esgotou dois meses antes. Hoje, formo cerca de 300 pessoas por ano só nesta certificação e continuo apaixonada por ver cada uma delas atingir resultados extraordinários.

No mundo empresarial, vejo líderes a enfrentarem diariamente desafios como equipas híbridas, contextos de incerteza económica e necessidade constante de inovação e percebi que queria trabalhar com eles para que se tornassem mais resilientes e preparados para lidar com estas mudanças.

“No desporto o impacto é imediato, no mundo empresarial, os resultados também chegam, mas o ritmo é diferente. Ainda assim, a essência é a mesma: desenvolver mentalidades capazes de superar qualquer desafio”.

Qual foi o momento decisivo para abraçar esta carreira?

Foi quando comecei a trabalhar com atletas. Inicialmente preparei-me para o mundo empresarial, mas, em 2014, surgiu a oportunidade de acompanhar jogadores e treinadores de futebol, incluindo a experiência com uma equipa da primeira liga. Percebi rapidamente que, no desporto, investe-se muito no físico, mas quase nada na preparação mental. E no entanto, é o estado emocional e mental que define a performance, especialmente sob pressão. Quando comecei a trabalhar essa parte, os resultados apareceram de forma surpreendente.

Desde então, nunca falhei um objetivo com atletas ou equipas. Trabalhei com clubes da primeira liga, seleções internacionais e jogadores de topo. No desporto o impacto é imediato, no mundo empresarial, os resultados também chegam, mas o ritmo é diferente. Ainda assim, a essência é a mesma: desenvolver mentalidades capazes de superar qualquer desafio.

Como é que a sua formação académica e internacional moldou a sua abordagem ao coaching?

Entrei cedo na universidade, mas só concluí a licenciatura em Gestão e Contabilidade anos mais tarde, já com um filho. Na altura, a prioridade era “ter o diploma” para cumprir um requisito da carreira na banca. Só mais tarde percebi que o verdadeiro desenvolvimento vinha de desenvolver competências que fizessem sentido para o meu futuro.

O momento chave foi em 2016, depois do Europeu de Futebol. O meu trabalho ficou associado à vitória de Portugal e, de repente, houve quem questionasse as minhas competências. Decidi que nunca mais iria passar por isso. Procurei a instituição com mais credibilidade no mundo e fui estudar Leadership Coaching presencialmente em Harvard. Mais tarde, com o crescimento do meu trabalho em Inteligência Artificial, fui para o MIT estudar Data Science e IA, focando-me no no-code, porque acredito que o futuro está em colocar ferramentas poderosas nas mãos de qualquer pessoa, não apenas dos programadores.

Harvard e MIT deram-me mais do que credibilidade internacional, deram-me visão, metodologias diferentes, diversidade cultural e contacto com mentes brilhantes. Hoje, integro IA na alta performance porque sei que acelera resultados e amplia a capacidade de transformar resultados.

Quais as maiores semelhanças e diferenças entre atletas de alta competição e líderes empresariais?

A semelhança está na ambição pela excelência. No desporto de alta competição, ninguém entra para ser segundo. No mundo empresarial, nem todos têm essa mentalidade, mas aqueles que têm, esses são os meus clientes ideais. A diferença? No desporto, 90% do tempo é treino e 10% é prova. Nas empresas é o contrário: “joga-se” todos os dias e quase não há espaço para treinar. Isso cria líderes menos preparados e equipas menos confiantes.

Quando levo a mentalidade da alta competição para o mundo empresarial, os resultados mudam drasticamente. No mundo empresarial, esta mentalidade liga-se muito a abordagens de Liderança Ágil, onde a adaptação rápida e o foco em resultados são fundamentais para manter a competitividade num mercado volátil. Nas empresas, os líderes lidam com variáveis complexas: ambientes em constante mudança, pressão por resultados trimestrais e a necessidade de reter talento num mercado altamente competitivo. É por isso que a mentalidade de alta competição faz tanta diferença.

“No mundo empresarial, um líder pode ter a estratégia certa, mas se não acreditar que é capaz de a executar, ou se achar que não merece o sucesso, sabota-se nos momentos decisivos”.

Quais os maiores bloqueios mentais que identifica nestes dois universos?

O maior bloqueio mental, tanto no desporto como no mundo empresarial, é sempre a forma como a pessoa se vê, a sua autoimagem. É como um espelho invisível que, todos os dias, confirma ou limita aquilo que acreditamos ser capazes de fazer.

Se a imagem que tens de ti próprio é forte, confiante e alinhada com os teus objetivos, isso funciona como combustível: arriscas mais, executas com mais determinação e abres espaço para alcançar resultados que, à partida, pareciam impossíveis. Mas se a tua auto-imagem está marcada pela dúvida, pela insegurança ou por experiências passadas que ficaram mal resolvidas, o efeito é exatamente o oposto: retrais-te, evitas desafios e muitas vezes, nem te permites sonhar mais alto.

Vejo isto diariamente. No desporto, um atleta pode estar tecnicamente perfeito e fisicamente no auge, mas se entrar em campo a acreditar que “vai falhar” ou que “o adversário é melhor”, essa convicção infiltra-se em cada movimento. No mundo empresarial, um líder pode ter a estratégia certa, mas se não acreditar que é capaz de a executar, ou se achar que não merece o sucesso, sabota-se nos momentos decisivos.

O mais curioso é que, muitas vezes, as pessoas acham que o seu bloqueio vem de fora: do mercado, do chefe, da concorrência, das condições de trabalho… Mas a verdade é que a maior parte desses obstáculos são secundários. O maior adversário está sempre dentro da nossa cabeça. E a boa notícia? A autoimagem é treinável. Tal como desenvolvemos um músculo ou aprendemos uma nova competência, também podemos reformular a forma como nos vemos. Quando mudas a tua perceção de ti mesmo, tudo muda à tua volta: a forma como falas, como ages, como lideras, como competes… e, inevitavelmente, os resultados que alcanças.

Pode partilhar um caso de sucesso (sem nomes, se necessário) que represente bem o impacto do seu trabalho?

No desporto, já acompanhei quatro equipas da primeira liga de futebol em Portugal, cada uma com histórias memoráveis. Uma equipa que, depois de seis ou sete jornadas sem vencer, me chamou para preparar apenas um jogo decisivo. Terminou a época com uma vitória expressiva de 5-0, virando o ambiente interno e recuperando a confiança.

Um equipa em 15.º lugar no campeonato que, em apenas três meses de trabalho, subiu ao 5.º lugar. A subida foi tão rápida que mereceu destaque constante na imprensa desportiva.

Uma equipa em penúltimo lugar com 10 jogos pela frente, todos contra adversários de topo. O objetivo era não descer de divisão e conseguimos garantir a manutenção no último jogo da época. E outra equipa que, em apenas 10 jogos, conseguiu sair do fundo da tabela alcançando objetivos que pareciam inalcançáveis no início. O salto de 15.º para 7.º lugar.

Fora do futebol, trabalhei com o campeão europeu de rally, que há cinco anos tentava chegar ao pódio. No ano em que trabalhámos juntos, não só chegou ao pódio como se sagrou campeão europeu. E tive a honra de trabalhar com Nuno Dias, treinador do Sporting de futsal, ajudando-o a conquistar o título que lhe faltava, campeão da Champions, título que conquistou já por duas vezes.

No mundo empresarial, os resultados são igualmente marcantes. Uma empresa que, há quatro anos, estava endividada e em risco de Hoje fatura 5 milhões de euros anuais e lidera no segmento, servindo as maiores superfícies comerciais do país e lhas.

Uma empresa no setor dos seguros que faturava pouco mais de 1 milhão de euros há dois anos e que, após reestruturação de processos, aumento da produtividade e integração de automação e IA, está prestes a ultrapassar os 3 milhões. Um grupo da área da construção e mediação imobiliária que, em menos de dois anos, duplicou o volume de vendas e expandiu a operação para novos mercados.

Vários empresários das nossas mentorias de um ano, em áreas como saúde, arquitetura, engenharia, beleza, serviços, imobiliária entre outras, que registaram aumentos de faturação entre 50% e 200% no espaço de 12 meses, mantendo margens de lucro acima da média do mercado.

Seja num relvado, numa pista, num pavilhão ou numa sala de reuniões, todos estes casos têm algo em comum: o foco absoluto em criar resultados extraordinários que se mantêm no tempo. Porque ganhar uma vez é sorte… mas ganhar sempre é método.

A liderança nasce ou constrói-se?

Constrói-se. Ninguém nasce líder. Não existe nenhum bebé que chegue ao mundo com competências de liderança prontas, o que existe são características que podem facilitar o caminho, como uma boa capacidade de comunicação, a empatia natural ou a capacidade de inspirar confiança. Essas características, quando trabalhadas, transformam-se em pilares sólidos de liderança.

O verdadeiro líder é aquele que se adapta às pessoas e às circunstâncias, que ajusta o seu estilo consoante o que a situação exige e que lidera sempre pelo exemplo. Não é apenas alguém que aponta o caminho, mas alguém que o percorre primeiro.

Porque, no fim, liderança não é um título… é a capacidade de fazer com que as pessoas queiram seguir-te, mesmo quando o caminho é difícil.

“(…) liderar não é apenas conduzir pessoas… é fazer com que elas sintam que, ao teu lado, são capazes de ir mais longe do que alguma vez imaginaram”.

Que competências emocionais considera essenciais para um líder hoje em dia?

A base de um bom líder é, sem dúvida, a inteligência emocional, a capacidade de reconhecer, compreender e gerir as próprias emoções, enquanto lê e interpreta as emoções dos outros. É esta consciência que lhe permite tomar decisões equilibradas, comunicar de forma eficaz e manter-se firme mesmo nos momentos de maior pressão.

A partir daqui nascem outras competências-chave: comunicação assertiva e empática, que equilibra clareza com respeito, e que faz com que a mensagem seja ouvida e compreendida, não apenas transmitida; flexibilidade, para ajustar o rumo quando as circunstâncias e capacidade de adaptação, para lidar com diferentes perfis de pessoas e realidades de mercado sem perder o foco no objetivo.

Estas competências estão no centro das tendências de liderança mais estudadas atualmente, como a Liderança Servidora e a Liderança de Alto Impacto, que colocam as pessoas no centro da estratégia. Um líder que não sabe ajustar-se torna-se previsível e, inevitavelmente, perde influência. Pelo contrário, um líder emocionalmente inteligente transforma cada interação numa oportunidade de criar confiança, alinhar equipas e gerar resultados.

Porque liderar não é apenas conduzir pessoas… é fazer com que elas sintam que, ao teu lado, são capazes de ir mais longe do que alguma vez imaginaram.

Que papel desempenha a Programação Neurolinguística (PNL) no desenvolvimento de líderes eficazes?

A PNL, para mim, é como um mapa detalhado da forma como pensamos, comunicamos e tomamos decisões. No desenvolvimento de líderes, ela é uma ferramenta estratégica porque permite trabalhar onde tudo começa: na mente. Um líder eficaz não é apenas alguém que tem visão e objetivos claros, é alguém que consegue influenciar, inspirar e alinhar pessoas para seguir essa visão. E isso começa por compreender como cada pessoa processa informação, reage a desafios e interpreta a realidade. A PNL dá-nos precisamente essas chaves: como ler padrões de comportamento, como usar a linguagem para criar ligação e como reprogramar crenças limitadoras que travam resultados.

Ao aplicar a PNL, um líder ganha consciência sobre os seus próprios padrões, os que o potenciam e os que o sabotam e aprende a ajustá-los. Mais do que técnicas, a PNL dá flexibilidade mental para liderar diferentes perfis de pessoas, adaptar a comunicação a cada contexto e criar mensagens que mobilizam equipas inteiras.

No fundo, a PNL é um acelerador: encurta o caminho entre a intenção e o resultado, transformando líderes competentes em líderes verdadeiramente transformadores.

Está atualmente a estudar Inteligência Artificial no MIT. Que impacto antecipa que a IA terá no coaching e desenvolvimento humano?

O coaching que vai resistir e prosperar no futuro será aquele que souber integrar a Inteligência Artificial de forma estratégica. Hoje, já crio assistentes virtuais treinados com os meus próprios modelos de coaching, programados para pensar e responder como eu responderia, capazes de apoiar clientes 24 horas por dia, 7 dias por semana.

A IA não vem substituir o coach, vem expandir o seu alcance e potenciar os seus resultados. Permite acelerar processos, oferecer respostas mais rápidas, disponibilizar recursos personalizados e acompanhar o cliente nos momentos em que o coach não está presente. É como se o cliente tivesse acesso a uma versão melhorada e sempre disponível do seu treinador.

Esta integração é a fusão perfeita entre a presença humana, insubstituível na criação de confiança, empatia e ligação e a eficiência tecnológica, que multiplica a capacidade de entrega. Este é um exemplo claro de Transformação Digital aplicada à liderança e ao desenvolvimento humano, um movimento que já está a redefinir a forma como as empresas treinam e capacitam os seus líderes.

Como é que a tecnologia pode ser usada para potenciar a alta performance e não desumanizar o processo?

A tecnologia é minha aliada para libertar tempo e aumentar impacto. Um exemplo: durante 10 anos, levei mês e meio a escrever o manual de 400 páginas da minha certificação anual. Com IA, faço-o numa semana, sem perder autenticidade. Outro exemplo: programo um ano de publicações em redes sociais em meia hora. A tecnologia, quando usada com propósito, não desumaniza, pelo contrário, dá-nos mais espaço para estar onde realmente importa.

“(…) o futuro do coaching não é escolher entre humano ou digital… é aprender a integrar ambos para criar impacto a uma escala impossível até agora”

Acha que o coaching deve adaptar-se aos novos contextos digitais, como o metaverso, apps ou IA generativa?

Tal como as empresas se digitalizam e inovam para se manterem relevantes, o coaching também precisa de evoluir e acompanhar o ritmo das transformações tecnológicas. Ferramentas como apps, Inteligência Artificial generativa e até o metaverso podem transformar a experiência do cliente, tornando o acompanhamento mais acessível, personalizado e interativo.

A chave está no equilíbrio: usar estas tecnologias de forma responsável, garantindo a privacidade dos dados e preservando a essência humana que dá sentido ao processo de coaching. Porque a tecnologia deve ser um amplificador da relação entre coach e cliente, nunca um substituto da ligação genuína. É a mesma lógica que vemos nas estratégias de Digital Leadership, que combinam proximidade humana com a escalabilidade que só a tecnologia permite. No fundo, o futuro do coaching não é escolher entre humano ou digital… é aprender a integrar ambos para criar impacto a uma escala impossível até agora.

Como nasceu o grupo Topbrain e quais são hoje os seus principais focos de atuação?

Começou quando deixei a banca e criei a minha primeira empresa de coaching e formação. Hoje, o grupo atua em três áreas: formação e alta performance (empresas e desporto), investimentos imobiliários e área financeira. É a materialização de uma visão que sempre tive: diversificar, inovar e manter excelência em tudo o que faço.

“No final, não são os desafios que definem quem és… é a forma como decides reagir a eles”.

Como lida com os desafios de liderar várias empresas?

Para mim, os desafios são combustível. São aquilo que me faz acelerar, crescer e afinar a minha visão. Tenho uma filosofia clara: crio sempre planeamentos estratégicos para objetivos muito maiores do que o necessário. Se o que preciso é três, preparo-me para 10. Isto cria um padrão de execução tão alto que, mesmo que algo corra mal, ainda fico muito acima da meta inicial.

Quando a vida me coloca um obstáculo e ela coloca sempre, faço uma pausa estratégica e faço a pergunta que me guia desde sempre: “Como posso virar isto a meu favor?”. Não descanso até encontrar a resposta. Essa pergunta já salvou projetos, transformou crises em viragens de carreira e converteu momentos de perda em alavancas de crescimento.

Já houve anos especialmente duros, como 2023, que testaram todos os meus limites pessoais e profissionais. Mas aprendi que cada desafio é, na verdade, um treino para níveis mais altos. Quem quer voar mais longe, tem de estar disposto a enfrentar ventos mais fortes. A chave está em manter a consciência tranquila agir sempre alinhada com os meus valores e transformar qualquer circunstância numa oportunidade. No final, não são os desafios que definem quem és… é a forma como decides reagir a eles.

Que conselho deixa a quem deseja ser líder, mas ainda duvida de si próprio?

O maior erro que alguém que ambiciona liderar pode cometer é esperar que a confiança apareça sozinha. A confiança constrói-se na ação e na preparação. Por isso, antecipe-se: prepare-se muito antes de a oportunidade surgir.

Invista no seu desenvolvimento, construa competências sólidas e amplie a sua visão. Leia, forme-se, procure mentores, desafie-se fora da zona de conforto. Porque, quando a oportunidade chegar, já não vai ser “um salto no escuro”, vai ser apenas o próximo passo lógico de um caminho que começou muito antes.

Muitas pessoas ficam para trás porque esperam pelo cargo para depois aprenderem a liderar. O segredo é exatamente o oposto: liderar antes de ter o título. Liderar pelo exemplo, pela atitude, pela forma como resolve problemas e inspira quem está à volta. Quando a oportunidade bater à porta, não é altura de começar a preparar-se… é altura de dizer “sim” com a segurança de quem já estava pronto.

E para quem quer iniciar-se no coaching de alta performance – por onde começar?

Comece por aprender as ferramentas certas. Todos os anos, realizo em Lisboa uma certificação intensiva de três dias, onde ensino estratégias para otimizar resultados a nível pessoal e profissional. É o ponto de partida ideal para quem quer aplicar alta performance em si ou nos outros.

“Novos formatos de trabalho vão surgir, a automatização vai libertar tempo, mas também vai expor rapidamente quem não souber liderar pessoas num mundo cada vez mais digital”.

Como imagina o futuro da liderança e do desenvolvimento humano nos próximos 10 anos?

Vejo um futuro na liderança marcado por grandes desafios… mas também por oportunidades sem precedentes. A Inteligência Artificial vai transformar profundamente a forma como trabalhamos, desde processos internos até à forma como líderes e equipas se relacionam. Novos formatos de trabalho vão surgir, a automatização vai libertar tempo, mas também vai expor rapidamente quem não souber liderar pessoas num mundo cada vez mais digital.

Os líderes do futuro terão de se adaptar a um ritmo de mudança sem pausas. Isso significa aprender a tomar decisões mais rápidas, comunicar com clareza em contextos complexos e inspirar equipas que, muitas vezes, estarão distribuídas globalmente. Mais do que nunca, será necessário desenvolver competências genuinamente humanas: comunicação, influência, empatia, pensamento crítico e, sobretudo, a capacidade de fazer crescer outras pessoas. Isto está totalmente alinhado com as previsões do Fórum Económico Mundial sobre o futuro do trabalho, onde as soft skills e a capacidade de liderar em contextos híbridos são consideradas decisivas para a próxima década.

As empresas e líderes que abraçarem esta transformação vão diferenciar-se rapidamente. Irão reter talento, criar equipas mais autónomas e produtivas e posicionar-se como referências no mercado. Já aqueles que resistirem, agarrados a métodos antigos e estilos de liderança autoritários, não vão conseguir acompanhar o novo jogo e, inevitavelmente, vão perder relevância. Estamos a entrar numa fase em que a velocidade da mudança é tão alta que empresas inteiras podem perder relevância em poucos anos, se não tiverem líderes capazes de antecipar tendências e agir rapidamente.

O futuro da liderança não vai pertencer a quem controla… vai pertencer a quem liberta o potencial das pessoas e sabe usá-lo para construir resultados extraordinários.

Respostas rápidas:
Maior risco: Dois investimentos imobiliários de mais de 1M€, feitos sem recorrer à banca.
Maior erro: não guardo nenhum como “o maior”, porque ressignifico todos e tiro lições.
Maior lição: 100% de expectativa sobre nós próprios, 0% sobre os outros.
Maior conquista: a minha família incrível, o meu marido e os meus três filhos.
Maior acerto: vir viver para Ponte de Lima e a transição de carreira feita no momento certo.

 

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