Opinião

A tecnologia que cria ligação nos espaços de cowork

Rui Jorge, diretor de IT no IDEA Spaces

Muito se tem falado sobre se a Inteligência Artificial, num futuro próximo ou longínquo, irá encabeçar a revolução do milénio e se, para sermos poupados dessa revolta, teremos de incluir um “obrigado” no fim de cada pedido.

Quero afastar-me desse pensamento um pouco radical, mas a verdade é que este cenário é sintomático de uma questão que cada vez mais se impõe: a tecnologia está, de facto, ao serviço das pessoas, ou contra elas?

Trabalhando num espaço de cowork, esta questão torna-se particularmente relevante, uma vez que, então, esse impacto envolveria vários milhares de pessoas. A verdade é que estes últimos anos de significativas mudanças no mundo tecnológico têm-me levado a uma conclusão cada vez mais clara: para termos a tecnologia ao serviço das pessoas, precisamos de escutá-las primeiro. Se eu quiser construir a casa dos meus sonhos, o arquiteto deve, primeiro, consultar-me e conhecer os meus objetivos. Não fará sentido, numa primeira reunião, apresentar-me logo o projeto de uma casa se não conhece as minhas verdadeiras necessidades e motivações para ser feliz naquela casa. Não se trata de mostrar o que conseguimos fazer, mas de perceber o que faz realmente sentido, e é por isso que é cada vez mais importante transitarmos de uma mentalidade com foco na solução, para uma mentalidade com foco no problema.

Todavia, e depois de praticarmos essa escuta ativa, a tecnologia torna-se uma ferramenta fundamental. A nível individual, é inegável o papel que pode ter na nossa produtividade, libertando-nos tempo para a nossa vida pessoal e para construirmos as nossas relações. Em segundo lugar, e talvez mais importante, a tecnologia tem uma função unificadora nas comunidades de trabalho, especialmente em espaços de cowork. Estes espaços acabam por funcionar como um laboratório aberto em que testamos o potencial das tecnologias quando usadas em conformidade com as necessidades dos membros.

No caso do IDEA Spaces, um exemplo ilustrativo é a criação de uma App comunitária com objetivos diversos. Tivemos como foco garantir a acessibilidade e segurança de todos os membros (nomeadamente através de reservas e acesso a salas e gestão do acesso à rede); e, em segundo lugar, garantir que todos se conseguiam conectar e disfrutar das experiências que o cowork tem para oferecer. Quanto a este último ponto, temos apostado na gamificação, pois queremos que as pessoas se sintam motivadas a virem ao nosso espaço A criação de clubes (de várias atividades, como de futebol ou leitura) na app também tem sido uma prioridade, e aqui entra em jogo uma característica inovadora: estes clubes são abertos a membros e não-membros do IDEA, pelo que todos os interessados poderão fazer parte desta comunidade. Destaco que a nossa tecnologia é fundamental para que tudo isto seja possível: contamos com um anel em fibra L1 entre as nossas localizações que permite uma conexão de qualidade, segura e única em espaços de cowork, que recentemente, durante o apagão de abril, foi posto à prova, e garantiu que os nossos membros continuassem com o seu trabalho ligados à rede, caso necessário.

No entanto, reforço que estas sugestões e particularidades da app só surgiram porque tivemos essa atenção de auscultar as necessidades de quem nos escolhe todos os dias. Em cada localização, a nossa equipa está empenhada em personalizar a experiência de cada membro e isso tem-se refletido no modo como utilizamos a tecnologia a favor da comunidade. Temos tido uma crescente afluência nas nossas localizações, o que contraria a ideia de que a tecnologia tem isolado mais as pessoas.

A tecnologia pode ser, então, um modo de aproximar as pessoas e não de as distanciar, se fizermos um diagnóstico atento e se a utilizarmos com o propósito correto. A tecnologia dominar-nos é uma distopia improvável: foquemo-nos, então na utopia que poderemos continuar a criar com o apoio das tecnologias.

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