Start-ups apoiadas pela UE geram valor de 520 mil milhões de euros

Apenas 5% do financiamento público da UE para inovação é destinado a start-ups, levando os especialistas a recomendar um aumento desse investimento nos futuros programas quadro.
O Relatório Accelerating European Innovation, compilado pela Dealroom, Dealflow.eu, Europe Startup Nations Alliance (ESNA) e EU-Startups, sobre o ecossistema de start-ups apoiadas pela União Europeia (UE), revela que as subvenções e programas-quadro da UE, como o Horizonte Europa, ajudaram a que start-ups e scaleups inovadoras tivessem uma criação de valor de 520 mil milhões de euros.
Segundo o documento, os programas da UE apoiaram as start-ups europeias com 12 mil milhões de euros de financiamento. Estas empresas angariaram 70 mil milhões de euros adicionais em financiamento de capital de risco.
As empresas apoiadas estão, agora, coletivamente valorizadas em 520 mil milhões de euros, um valor representa 10% de todas as start-ups apoiadas por capital de risco na Europa.
Ainda de acordo com o relatório, apenas 5% do financiamento da UE para a inovação é atribuído a start-ups, apesar do seu papel fundamental no futuro da Europa e na inovação mundial. As start-ups apoiadas, especialmente em setores de deep tech como IA, robótica e tecnologia climática, têm taxas de sucesso mais elevadas e apresentam resultados promissores, embora a maioria permaneça em fases iniciais, necessitando de mais financiamento para escalar.
O relatório combina dados da Comissão Europeia com informação global sobre start-ups da Dealroom, analisando mais de 13 600 startups apoiadas pela UE.
Cerca de 74% das start-ups apoiadas pela UE fabricam produtos físicos, sobretudo em áreas tecnológicas de ponta, em comparação com 25% no ecossistema europeu total. O apoio da UE também desempenha um papel fundamental em setores como a tecnologia espacial, os semicondutores, a tecnologia climática e a robótica.
O relatório revela ainda que estas start-ups apoiadas pela UE têm também uma taxa de sucesso significativamente maior entre as rondas de capital de risco, em comparação com as start-ups europeias apoiadas por capital de risco que não receberam qualquer financiamento da UE.
Casos de sucesso como a BioNTech, que desenvolveu uma vacina contra a Covid, e a ARM, líder na tecnologia de chips móveis, demonstram o grande potencial de inovação das empresas europeias. Embora a ARM tenha beneficiado de um programa-quadro anterior da década de 1990 e não esteja incluída na avaliação de 400 mil milhões de euros das atuais startups, a sua inclusão eleva o valor total da criação de valor para 520 mil milhões de euros, reforça o relatório.
Yoram Wijngaarde, fundador e diretor executivo da Dealroom, diz que “é muito interessante e importante poder partilhar estes dados pela primeira vez. Este relatório mostra que o financiamento público pode reduzir o risco da inovação inicial e abrir caminho ao capital privado, com resultados muito positivos. Para além da pura criação de valor, o sucesso de empresas importantes a nível mundial, como a BioNTech e a ARM, representa uma grande vitória estratégica para a Europa em áreas tecnológicas fundamentais. Dado que estas empresas são capazes de proporcionar retornos tão transparentes, mensuráveis e promissores, há fortes razões para aumentar a sua afetação em programas futuros”.
A Comissão Europeia recomenda “aumentar a atribuição de financiamento às start-ups no programa sucessor do Horizonte Europa (10.º PQ) para capitalizar o seu impacto económico e social mensurável, consolidar programas fragmentados numa via única para as subvenções, equidade e tutoria, com base no trabalho atual da ESNA e do EIC, e intensificar as cimeiras de startups da UE e os pitch days para conectar startups apoiadas pela UE a investidores privados e empresas”.