56,5% dos portugueses em trabalho presencial está insatisfeito

Mais de 5 em cada 10 pessoas que trabalham em regime presencial estão insatisfeitas com o seu modelo de trabalho, conclui o estudo da Coverflex.

“O Estado da Compensação”, um inquérito criado Coverflex para retratar o mercado de trabalho português atual, constata que 56,5% dos portugueses em trabalho presencial está insatisfeito com esse modelo de trabalho, face a apenas 28,7% das pessoas que trabalham em regime híbrido e 11,9% dos que estão em teletrabalho. Essa insatisfação com o modelo de trabalho destaca-se entre as mulheres, sendo que apenas 37% das inquiridas afirmou sentir-se satisfeita por trabalhar presencialmente, face a 50% dos homens.

Paralelamente, a pesquisa encetada pela empresa de compensação salarial mostra que relativamente aos horários de trabalho apenas 46% das pessoas que trabalham em regime presencial, considera o seu horário muito flexível ou flexível, face a 84% das pessoas em teletrabalho e 80% das pessoas em regime híbrido.

Acresce que  65% dos portugueses relevaram-se insatisfeitos com a sua compensação salarial e que 67,3% das pessoas em regime remoto ou híbrido não têm acesso a qualquer remote budget.

Por sua vez, ao nível da compensação salarial, o setor da comunicação, marketing e publicidade é o que regista os maiores níveis de insatisfação, com apenas 22% das pessoas a responder positivamente. Pelo contrário, os colaboradores da área das tecnologias de informação são os que mais consideram a sua compensação salarial justa face ao trabalho. 42,5% disse estar satisfeito com a compensação, seguido por 42,2% dos colaboradores de serviços financeiros satisfeitos.

Note-se que a insatisfação com a compensação aumenta substancialmente no grupo dos colaboradores que não têm acesso a benefícios flexíveis. Nesse contexto, apenas 23% se manifestam satisfeitos com a sua compensação, um número que contrasta com os 41,7% entre as pessoas com acesso a benefícios flexíveis.

Os resultados do estudo revelam ainda que o gender gap continua a ser expressivo no mercado de trabalho, sendo que o número de homens em lugares de liderança continua a ser superior ao número de mulheres. 45% dos inquiridos respondeu que nas suas empresas o número de homens representa mais de metade dos colaboradores e 61% dos inquiridos respondeu que o género masculino representa mais de metade das equipas de liderança.

A assimetria é ainda mais relevante quando se considera que 17% dos inquiridos respondeu que o género masculino representa mais de 75% do total de colaboradores das empresas, ao passo que 40% referiu que representa mais de 75% das equipas de liderança.

Inês Odila, Country Manager da Coverflex, afirmou que “os dados mostram-nos uma tendência clara: as pessoas com menos flexibilidade sentem-se mais insatisfeitas. Vemos isso com o regime de trabalho presencial e nas questões da compensação”. Acrescenta que “em parte, esta tendência vem da entrada de novas gerações no mercado de trabalho, trazendo consigo novas formas de pensar o trabalho e a sua compensação. Ainda assim, é um sentimento que atravessa todas as gerações. As empresas que quiserem atrair e manter os melhores profissionais vão ter de adotar modelos mais atuais e relevantes, ou seja, mais flexíveis”.

A responsável da Coverflex esclareceu que é o terceiro ano que fazem o estudo e que a edição deste ano foi, de longe, aquela que teve mais participações. “Os resultados são muito relevantes para as empresas porque ao darmos voz aos trabalhadores, estamos a dar também uma oportunidade às empresas de os ouvir e de adaptar o que oferecem para terem colaboradores mais satisfeitos”, concluiu.

Comentários

Artigos Relacionados