CPBS avalia ética e diversidade geracional no trabalho em Portugal

Os resultados do estudo “Ética e diversidade geracional no trabalho” da CPBS  destacam os benefícios da força de trabalho multigeracional.

Conduzido pelo Fórum de Ética da Católica Porto Business School (CPBS), o estudo “Ética e diversidade geracional no trabalho”, apresentado ontem na conferência anual da universidade, centrou-se em três grandes temas: as perceções e preocupações sobre convivência intergeracional no trabalho; os olhares das diferentes gerações sobre estereótipos, preconceitos e discriminação no trabalho com base na idade; e as preferências geracionais sobre a organização e o trabalho.

E as conclusões que resultaram das 1074 respostas ao inquérito, efetuado entre agosto e setembro deste ano, materializam-se em insights relevantes para traçar o perfil nacional neste domínio e criar linhas de “orientação que permitam que o contexto laboral seja espaço de hospitalidade e de inclusão para as diferentes gerações que o habitam,” frisou Helena Gonçalves, coordenadora do Fórum de Ética.

Assim, e no que concerne às perceções e preocupações sobre convivência intergeracional no trabalho, constata-se que a perceção da idade vivida face à idade biológica é transversalmente marcada pela representação de si mesmo como mais novo/a. Este dado tem pouca variação entre as diferentes gerações, destacando-se a geração Z (18 a 24 anos) como aquela em que as pessoas se sentem mais velhas (22%) do que a sua idade biológica.

Quanto à vertente tecnológica, de assinalar que cerca de 95% dos inquiridos considera-se capaz de responder eficazmente às exigências do seu trabalho, sejam elas físicas, mentais, relacionais ou tecnológicas. Por sua vez, os mais jovens são a geração que mais se preocupa com as questões laborais relacionadas com a idade: a maioria (70%) dos jovens adultos (18 a 24 anos) sente pressão para mostrar o que vale em virtude da sua idade; 43% das pessoas com mais de 60 anos tem trabalhado com mais empenho para superar as expetativas que as pessoas têm de si; e apenas uma em cada três pessoas das gerações entre os 25 e os 60 anos está preocupada com questões laborais relacionadas com a idade.

Quase metade dos inquiridos com idades compreendidas entre os 45 e os 60 anos concorda com a afirmação “trabalhar com colegas da mesma geração melhora a qualidade da minha vida profissional”, com elevada concordância no caso da geração Z (83%). O estudo conclui, assim, que os mais novos, entre os 18 e os 24 anos, acreditam de forma expressiva que o trabalho com pessoas da sua idade é uma mais-valia para a qualidade da sua vida profissional.

No que se refere ao conceito “idadismo” – a existência de estereótipos, preconceitos e discriminação com base na idade – 48% dos respondentes afirmam desconhecer o termo, mas, após a revelação do significado, a maior parte é fonte de testemunhos sobre comportamentos desadequados ou inaceitáveis motivados pela discriminação em função da idade. Das 360 pessoas que reportaram o ato de discriminação por idade vivido ou testemunhado, 26% afirmam ter sentido retaliação, revelando-se taxas crescentes em função da idade; 0%, 24%, 26% e 33%, respetivamente. Para 92% dos respondentes, a forma mais eficaz de combater o idadismo é através da educação/formação.

Embora o fator idade não seja percecionado pelas várias gerações como um eixo central no funcionamento do universo laboral, esta análise indicia que tem impacto na pressão sentida pelos mais novos e pela geração acima dos 60 anos no contexto organizacional. Aliás, ficou claro, através dos testemunhos, que há experiências de discriminação em função deste fator.

Existem duas características importantes no local de trabalho – a tecnologia disponível e o acesso à luz natural – que são mais valorizadas pelos mais velhos do que pelos mais novos. Por sua vez, o ruído mínimo/silêncio estão nas preferências dos boomers, enquanto a geração Z, prefere o conforto térmico.

No que respeita ao trabalho à distância, as quatro gerações analisadas destacam como as maiores vantagens a eliminação do tempo perdido nas deslocações, o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, e a flexibilidade de horário.

Fica ainda patente nesta análise que “a passagem de conhecimento e aprendizagem entre pessoas de diferentes gerações é crucial para preservar a memória/cultura organizacional”, quer para líderes e liderados, quer para as quatro gerações em foco.

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