6 formas como as start-ups podem resolver problemas sociais

A inovação, a intervenção do ecossistema e a investigação são algumas formas que as start-ups podem recorrer para resolver problemas sociais.
“As coisas não acontecem simplesmente porque queres ser empreendedor social, tens que te importar verdadeiramente com o problema…”, dizia-me Daniela Papi-Thornton, do Skoll Centre for Social Entrepreneurship de Oxford, numa entrevista em 2016.
Para que o problema seja importante, implica conhecê-lo. Uma vez que o conhece, já pode começar a pensar no “como”, isto é, o foco que utilizará para o resolver.
Um problema social pode ter mais de uma forma de ser solucionado e, se na verdade alguns podem ser resolvidos através da venda produtos ou serviços aos beneficiários, nem tudo se resolve com um foco no modelo de negócio, como refere a organização internacional Ashoka no seu relatório de 2015 “Empreendimento Social no México e América Central: Tendências e Recomendações”.
Algumas vezes poderá recorrer-se a uma organização não lucrativa, outras ao governo ou uma organização internacional. Tudo se resume a definir bem o problema que procura resolver, para depois saber aonde se dirigir.
Para o ajudar, o Entrepreneur apresenta seis formas de resolver problemas sociais, baseando-se no livro Measuring and Improving Social Impacts de Kristi Yuthas e Marc Epstien, assim como em alguns exemplos de empreendedores e organizações.
1. Inovação
Refere-se a qualquer forma de resolver um problema social mediante uma solução nova e sem experiência. Quer seja em produtos/serviços, processos ou modelos de negócios, a solução não existia antes.
Exemplo de inovação é a Blooders que, com a sua aplicação móvel, permite que o processo de doação de sangre seja mais rápido, simples e com mais impacto. O seu ponto diferenciador está na inclusão da tecnologia móvel num processo angustiante e desconhecido como é a doação de sangre, além de criar uma cultura mais forte de doação de sangre altruísta no México.
Em junho de 2017, a Blooders contava com 9500 doadores registados, 2500 doações efetivas e 7500 pessoas beneficiadas.
2. Prestação de serviços
Este foco baseia-se em dotar uma população de bens ou serviços, com ou sem fins lucrativos. Claro que sem perder de vista que afinal o bem ou serviço deve atender a uma necessidade e trazer benefícios que se traduzam em impacto social positivo, segundo Yuthas e Epstein.
Facilitar créditos a famílias de comunidades rurais para a compra de ativos que permitam melhorar a sua economia, tal como máquinas de coser ou fornos foi a forma como a Altitud Sofom conseguiu gerar um impacto social positivo.
Desde a sua fundação, esta instituição financeira permite que as pessoas tenham acesso a melhores serviços financeiros e complementa-o com capacitação ou ligações comerciais.
Cada pessoa que apoia a Altitud Sofom aumenta as receitas em 30%, além de gerar 3,5 empregos. No final de 2016 esta organização tinha gerado mais de mil empregos, graças aos seus clientes.
3. Criação de capacidades
O que se procura mediante este foco é melhorar as capacidades, diretivas e administrativas, de um indivíduo ou organização e, em consequência, que estes possam produzir serviços ou produtos de forma mais eficiente e com melhores resultados, por exemplo, uma incubadora ou aceleradora.
O trabalho que ano a ano a New Ventures realiza é um fiel exemplo disto. Através dos seus programas de aceleração – Momentum Project, I3 LATAM, Exponential, New Ventures Soft Landing e New Ventures Startup – dá aos empreendedores mentoria de alto nível, acesso a financiamentos, contacto com possíveis sócios e exposição, para que possam chegar ao nível de crescimento seguinte.
4. Investigação
Refere-se tudo o que tem que ver com gerar novos conhecimentos ou ideias que possam lançar novos produtos, modelos de negócio ou tecnologias.
Face ao êxito da FuckUp Nights, do acesso que tinha a casos de fracasso e do pouco foco que se dava ao estudo do fracasso, é que foi criado o Failure Institute, o braço investigador da FuckUp Nights. Este instituto trabalha constantemente para ajudar os tomadores de decisões a estar melhor informados, através de documentação e difusão das investigações de fracasso nos negócios.
Um dos seus mais recentes trabalhos foca-se nas causas pelas quais fracassam os empreendedores sociais no México, mostrando algumas histórias de fracasso, características do empreendedor social no país e os fatores que influenciam no falhanço do negócio.
5. Defender a legislação
Defender, apoiar ou promover a legislação relacionada com uma causa social específica é também uma forma de resolver problemas sociais.
“Em muitos casos, as organizações sociais surgem pelo falhanço de uma política”, referem Yuthas e Epstein.
Foi por identificar as barreiras legais para abrir uma empresa no México que a Associação de Empreendedores Mexicanos (ASEM), juntamente com outras organizações, se bateu pela criação de uma lei para que se pudessem criar empresas num só dia a custo zero e através da internet.
Graças a este trabalho, de mais de dois anos, a lei foi promulgada em março 2016, dando assim condições para a criação da plataforma online “Tu Empresa” em setembro de 2016.
Em dezembro de 2016, mais de mil empresas já se tinham constituído.
6. Infraestrutura ou intervenções de ecossistema
O foco desta categoria consiste em dar apoio, contactos e, em alguns casos, infraestrutura tecnológica para que as organizações sociais tenham a possibilidade de partilhar, conhecer e aproveitar as melhores práticas, de forma a fortalecer o setor ou a indústria.
Com quase 11 mil membros de todo o México e outros países, o grupo de Facebook “Innovación Social México” faz parte desta categoria.
É um ponto de encontro e fortalecimento do ecossistema de inovação social no México, já que é mais do que uma comunidade online: criam-se contactos, descobrem-se novos recursos, discute-se o rumo da inovação social, validam-se ideias, partilham-se as melhores práticas e difundem-se oportunidades.