29% dos millennials acham que as amizades digitais melhoram a saúde mental

Um novo estudo da Kaspersky sobre a relação entre millennials e o mundo online constata também que 70% dos millennials nem sempre verifica a autenticidade das suas ligações digitais e que 45% publica atualizações importantes da vida nas redes sociais antes de informar pessoalmente os familiares e amigos.

Intitulado de Reality Check, o estudo da Kaspersky (realizado em janeiro junto de quatro mil indivíduos, entre os 27 e os 43 anos, em oito países) indica que 29% dos millennials, a nível mundial, consideram que as amizades digitais afetou de forma positiva a sua saúde mental e o seu bem-estar. Por outro lado, 10% relataram efeitos negativos do envolvimento em comunidades online e 64% referiram já ter encontrado alguém que deturpou ou distorceu a sua verdadeira identidade.

A pesquisa constatou ainda que para 57% dos inquiridos as interações digitais não tiveram qualquer efeito na sua saúde mental, o que pode indicar que para estes o envolvimento online tornou-se uma parte rotineira da sua vida quotidiana e não uma experiência transformadora.

Há, por isso, precauções que devem ser equacionadas porque, de acordo com esta análise, a dependência excessiva das interações digitais pode aumentar a suscetibilidade à deturpação online, em que os indivíduos podem fabricar ou exagerar aspetos da sua identidade, conduzindo a uma falsa confiança e a potenciais danos emocionais. Aliás, 14% dos inquiridos admitiram que, em determinado momento, utilizaram um nome falso, criaram um perfil falso ou fingiram deliberadamente ser outra pessoa nas redes sociais. Esta estatística sublinha uma tendência preocupante: a deturpação digital não é apenas o domínio de alguns burlões, mas é, também, um comportamento adotado por alguns millennials.

Além disso, o estudo indica também que 35% dos millennials dedicam, pelo menos, três horas diárias a plataformas como fóruns de grupo, redes sociais e comunidades de jogos. Para alguns, estes espaços virtuais constituem uma fonte essencial de conforto e companheirismo, nomeadamente quando se sentem sozinhos.
Refira-se que a solidão é uma preocupação crescente entre os millennials, com alguns estudos a indicarem que 57% dos jovens europeus se sentem moderada ou mesmo gravemente sozinhos.

Negligenciam a autenticidade das ligações online

O Reality Check revela também que há uma ingenuidade inquietante no comportamento digital dos millennials. 71% consideram-se os membros do agregado familiar com mais conhecimentos digitais, mas apesar desta auto-confiança, 70% dos inquiridos admitiram que nem sempre verificam a autenticidade das suas ligações digitais. Mais, 64% dos millennials já encontraram alguém online que, na sua opinião, deturpou ou distorceu a sua verdadeira identidade.

As repercussões destes comportamentos fazem-se notar já que 38% dos millennials a relataram experiências negativas devido à perda de confiança online e 68% a afirmaram que são menos propensos a confiar e a estabelecer relações online. Apesar disto, surpreende que 44% dos millennials afirmem que ainda confiam nas informações partilhadas nas suas comunidades online.

Partilha de novidades pessoais

Outro dos aspetos destacados neste estudo é forma como a geração millennial comunica experiências pessoais, uma vez que as redes sociais constituem uma ferramenta dominante para validação e apoio emocional.

45% dos inquiridos afirmaram que publicam atualizações importantes da vida, como separações, promoções ou mudanças de casa, nas redes sociais antes de informarem pessoalmente os seus familiares e amigos. No entanto, mais de metade (55%) afirmou que considera mais fácil desenvolver amizades genuínas e relações românticas através de interações presenciais.

Em média, os millennials afirmam ter cerca de 8 relações próximas e significativas online, em comparação com aproximadamente 12 ligações presenciais. Reconhecem que a confiança e a compreensão genuínas são mais facilmente cultivadas através da interação direta, com todos os sinais verbais e não verbais presentes em tempo real.
A pesquisa também levanta a questão da segurança, uma vez que 47% dos millennials sente-se à vontade para partilhar informações sensíveis ou pessoais online, o que aumenta o risco de exposição a ameaças à privacidade.

Dado este risco acrescido, o papel da geração millennial na segurança digital vai além dos seus próprios hábitos online. Embora 71% se considerem os membros do agregado familiar com maior literacia digital, 91% geriram ou ajudaram outros, o que os torna os principais administradores de TI do seu agregado familiar. Esta responsabilidade torna-os responsáveis não só pela sua própria privacidade e cibersegurança, mas também pela proteção da segurança digital da sua família.

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