Opinião
2025: Rapidez como o superpoder dos líderes

Rapidez no pensamento, na ação e na avaliação. E, depois, na correção. Tal como está a envolvente não podemos senão querer ter líderes rápidos. Muito rápidos mesmo.
1 – Somos (Portugal) de más contas, apesar de as mais recentes andarem mais ou menos no bom caminho; isto não evita, não evitará, sermos apanhados pelo turmoil da economia europeia (Alemanha e França, por exemplo). Nada a fazer. Quem consegue liderar para a criação de produtos/serviços com maior valor acrescentado e percebido? Poucos mas bons?
2 – Somos maus em produtividade (output/input) e nem mesmo com reiterados dinheiros comunitários somos e fomos capazes de vencer o paradigma da pequenez e o foco no valor. Quem lidera o aumento da produtividade? A nível institucional e empresarial.
3 – Somos feitos de história mas, e talvez também por isso, de turismo. 2024 terá sido, porventura, o melhor ano de sempre em termos turísticos. Um dos lugares-chave é o da liderança do turismo nas várias dimensões institucionais. Mas liderar, no terreno, cadeias, hotelaria, restauração, e por aí fora, vai ser um desafio redobrado. Vão ser necessárias muitas adaptações e decisões tomadas com vigor e rapidez. Muita rapidez.
4 – Somos feitos de alguma exportação (em muitas áreas a melhorar significativamente) mas devíamos exportar muito mais. Estamos dependentes, por ordem decrescente, de Espanha, França e Alemanha, na Europa, para logo depois estarmos dependentes dos EUA. Quem lidera um acentuado abrandamento da procura destas economias europeias, em crise? E quem lidera o efeito taxação à entrada, se se vier a verificar, no caso dos Estados Unidos? E quem lidera os movimentos óbvios de aposta na China, na Índia e no Brasil?
5 – Temos de ser ainda mais early adopters em tecnologias. Quem lidera a agenda tecnológica com toda a mudança que será requerida e de forma a andarmos na linha da frente? Quer institucional quer empresarialmente precisamos de lideranças muito rápidas. Onde estão? Quem são?
6 – Somos fracos no geral das universidades e o Times Higher Education assim o revela: apenas aparece uma universidade europeia no Top 30 (alemã). Má classificação para Portugal e para a Europa. No entanto, somos, Portugal, muito fortes e competimos bem, tirando disso muito pouco partido, no cluster das escolas de gestão (e diria que de engenharia). Quem gere institucionalmente o setor ensino e quem nos coloca, escolas de gestão, em coopetição para subirmos ainda mais nos rankings do Financial Times (e porque não, como já ouvi falar ao governo, num movimento rápido de M&A)? Precisamos de rapidez na construção coopetitiva e na mostra de resultados palpáveis. E precisamos de diplomacia económica rápida e eficaz para conseguirmos exportar mais e mais ensino superior. Quem lidera este desiderato?
7 – Somos inimigos da literacia financeira. Por mais que me expliquem, não percebo. Parqueamos, tal como faz a Europa, o nosso dinheiro nos bancos, entre depósitos à ordem e depósitos a prazo. Os dinheiros poupados raramente vão para mercados de capitais. Com a fiscalidade a não ajudar em nada neste capítulo. Quem lidera, com simplicidade, eficácia e rapidez, no sentido de chegar a todos os portugueses, o movimento de construção de literacia financeira e a baixar taxação sobre investimentos de capital a sério? Institucionalmente? E empresarialmente e nas universidades?
8 – Somos amigos de uma saúde universal para todos, de uma justiça universal para todos, de um ensino universal para todos. E também de uma habitação para todos. E bem. Muito bem. Porém, os pressupostos para o conseguir mudaram radicalmente. Precisamos de muito mais que de dependência de Orçamentos de Estado. Quem nos lidera, de forma rápida, para outros paradigmas e começa um movimento de divergência face ao pensamento reinante? Em hospitais, em universidades, em escolas, em tribunais?
9 – O mundo mudou. E nós, tal como a Europa, vamos empobrecer. Se nada fizermos rápido (e a rapidez não é um apanágio de Portugal como não é da Europa), vamos mesmo empobrecer. 2025 traz consigo a hora de nos reinventarmos mesmo. Sabem quanto vale a Europa no mundo em termos de PIB? Já menos de 20%. Imaginam Portugal?
10 – Finalmente, sejamos rápidos a pensar, agir e monitorizar. E a corrigir. Temos de ser. Os líderes mais eficazes em 2025, um ano de muitíssimas mudanças antecipadas, serão os mais rápidos. Precisamos de líderes rápidos. Muito rápidos.
Se quisermos concluir mesmo, teremos de dizer que para alguém ser rápido tem de ter poucos, muito poucos objetivos mas, em contrapartida, muito grandes e bons. E, por isso, os líderes rápidos são líderes focados, obcecados com poucos resultados mas resultados de grande dimensão. E são rápidos na decisão, na implementação, na avaliação e, se for caso disse, na correção do tiro. Se assim não for, chegaremos ao final do ano e estaremos, mais ainda, stuck in the middle ou stuck in nowhere. Não há ano mais apropriado para afirmar “há os rápidos e os mortos” do que o de 2025.