Entrevista/ “2016 foi o melhor ano de sempre do Dolce Vita Tejo”

Salvador Arenere, diretor de Relações com Investidores do Eurofund

Nos últimos 18 meses, o Grupo Eurofund, em conjunto com os seus sócios, coinvestiu cerca de 350 milhões de euros em operações imobiliárias em Espanha, revelou Salvador Arenere.

O Grupo Eurofund desenvolveu em Espanha o conceito de shopping resort, que conheceu um enorme sucesso em Puerto Venecia (Saragoça), tendo sido galardoado em 2013 com o prémio MAPIC para o melhor centro comercial e de lazer do mundo. Estabeleceu também uma aliança com a Intu, o principal operador britânico de centros comerciais, para desenvolver um conjunto de novos shopping resorts em Vigo, Valencia, Málaga e Palma de Maiorca, que, no total, somam mais de 1 milhão de metros quadrados e aos quais se juntou a recente aquisição do centro comercial e de lazer Xanadú, em Madrid. Em Portugal, o Eurofund adquiriu em dezembro de 2014 o centro Dolce Vita Tejo de Lisboa, o maior do país, onde está também a implementar este conceito.

No início deste ano, o Eurofund criou ainda uma joint venture com a Logistics Capital Partners (LCP), empresa europeia especializada em ativos imobiliários logísticos, com o objetivo de desenvolver e melhorar os requerimentos das cadeias logísticas e de fornecimento em Espanha e Portugal.

Falámos com o diretor de Relações com Investidores do Eurofund sobre o centro Dolce Vita Tejo de Lisboa e os projetos para o futuro nos dois países.

Quais são os projectos que o Grupo Eurofund tem em mãos neste momento?
O Grupo Eurofund, em conjunto com a Patron Capital, um investidor institucional especializado em activos imobiliários, acaba de reforçar a sua presença e as suas operações conjuntas em Espanha com a aquisição de três centros comerciais: El Mirador, situado em Cuenca; Los Alcores, na localidade de Alcalá de Guadaira (próxima de Sevilha); e Alzamora, em Alcoy (Alicante).

Nos próximos meses será levado a cabo um investimento nestes três centros de aproximadamente 13 milhões de euros para renovar a sua oferta comercial, para além da incorporação de novas marcas nacionais e internacionais de referência no seu sector e do aumento da oferta de lazer e restauração.

Por outro lado, estamos a investir 10 milhões de euros na transformação do Dolce Vita Odeón. Adquirido em julho de 2015, é um moderno centro comercial localizado em Narón, perto de Ferrol, no norte de Espanha, com 25.000 m2 e mais de 4 milhões de visitas anuais. O investimento inclui a renovação das áreas de descanso e da oferta comercial implementada em apenas um ano, com oito novas aberturas de marcas de referência como H&M ou Lefties. Nos últimos 18 meses, o Grupo Eurofund, em conjunto com os seus sócios, coinvestiu cerca de 350 milhões de euros em operações imobiliárias em Espanha.

De que forma o Centro Comercial Puerto Venecia, em Saragoça, é um exemplo para os outros shoppings dos quais são proprietários?
O Grupo Eurofund desenvolveu em Espanha o conceito de shopping resort, que conheceu um enorme sucesso em Puerto Venecia (Saragoça), tendo sido galardoado em 2013 com o prémio MAPIC para o melhor centro comercial e de lazer do mundo, e que se tornou no maior destino de compras da Europa. Em Espanha, o Eurofund estabeleceu uma aliança com a Intu, o principal operador britânico de centros comerciais, para desenvolver um conjunto de novos shopping resorts em Vigo, Valencia, Málaga e Palma de Maiorca, que irão somar mais de 1 milhão de metros quadrados, aos quais há que juntar a recente aquisição do centro comercial e de lazer Xanadú, em Madrid. Em Portugal, o Eurofund comprou em dezembro de 2014 o centro Dolce Vita Tejo de Lisboa, o maior do país, onde estamos também a implementar este inovador conceito com muito êxito.

Qual é a estratégia de comunicação do Eurofund Investments?
Por um lado, o desenvolvimento do referido conceito de Shopping Resort destinado a todos os membros da unidade familiar, conseguindo um tempo de permanência nos nossos centros que é o dobro da média dos outros centros comerciais, em conjunto com uma grande preocupação ambiental, assim como a questão solidária – estes são os três eixos de comunicação que orientam a nossa estratégia.

Qual o balanço que faz da aquisição do Dolce Vita Tejo?
O balanço é muito positivo, como demonstra o ano de 2016, que foi o melhor ano de sempre do centro comercial desde a sua abertura. O tráfego no Centro registou um crescimento de 3,5% relativamente ao período homólogo de 2015, o que representa o maior volume de sempre. Esta tendência tem vindo a confirmar-se ao longo do primeiro trimestre deste ano. O ano de 2016 foi também, para o Centro, o melhor ano de sempre em termos de vendas totais, com um crescimento de mais de 6%, havendo sectores nos quais se verificaram aumentos que chegam aos 30%. Só na época do Natal, por exemplo, o Dolce Vita Tejo cresceu em vendas 8% e 5% em tráfego relativamente ao ano passado.

Mais de quatro dezenas de novas lojas, entre aberturas, renovações e ampliações, totalizando 7.000 m2 de ABL, marcaram a comercialização do Centro Comercial ao longo do ano, com destaque para a chegada de marcas como Alain Afflelou, Douglas, Havaianas, JD Sports, Smöoy, Talho Burguer e Vilanova.

Qual é o investimento que já fizeram ou têm previsto aplicar na transformação do Dolce Vita Tejo num “shopping resort”?
Na implementação do conceito de Shopping Resort que está em curso desde 2015, investiu-se já no DVTejo mais de 40 milhões de euros, entre investimento direto e dos operadores. Por um lado, são mais de 50 movimentos de operadores que realizaram investimentos muito importantes, o que permitiu consolidar o projeto e conseguir os melhores dados desde a sua abertura.

Por outro lado, há um conjunto de melhorias que estão a ser implementadas no centro e que fazem com que cada vez mais se viva uma experiência de shopping resort: melhorias contínuas na qualidade dos espaços e serviços, com 10 novas áreas de descanso e lazer com um design inovador e cómodos sofás, e imprensa diária para consulta gratuita; reforço da rede WiFi gratuita em todo o Centro; o ecrã gigante com 130 m2 e tecnologia de última geração na Praça Central; um inovador Work Hub, espaço de coworking que disponibiliza Wifi reforçado e gratuito, assim como todas as facilidades para trabalhar, estudar ou simplesmente carregar as baterias de qualquer equipamento electrónico; um renovado Welcome Center, que disponibiliza um atendimento personalizado a cada um dos clientes, com mais privacidade, conforto e atenção, com novas assistentes e novas fardas; o lançamento do serviço de WhatsApp, disponível durante o horário de funcionamento do Centro, através do qual se pode obter resposta imediata às dúvidas, tanto por mensagem, como através de uma chamada de voz; a implementação de um ambicioso projecto de paisagismo interior, com a decoração dos corredores com plantas naturais e mais de 30 palmeiras gigantes…

Criámos também um Espaço Solidário, que oferece às ONG e IPSS a possibilidade de utilizar gratuitamente um stand para recolha de fundos ou outras atividades das instituições. Desde a sua criação, recebemos já várias dezenas de instituições e iniciativas ao longo de 97 dias, representando uma contribuição de 50 mil euros.

Um dos eixos estratégicos da transformação do Dolce Vita Tejo num “shopping resort” é a criação das melhores condições de trabalho e de descanso para os trabalhadores do Centro Comercial, sejam colaboradores dos mais de 280 operadores ou colaboradores das empresas que prestam serviços de apoio à gestão do espaço (segurança, limpeza, manutenção…), para que se sintam bem e confortáveis no seu local de trabalho. Assim, a filosofa inerente ao conceito de “shopping resort” está também a ser seguida na reformulação dos espaços comuns dedicados ao staff, como é o caso da sala de refeições, onde foram instalados equipamentos novos como micro-ondas, cacifos, Wifi gratuito e imprensa diária, ou os balneários, todos renovados e construídos de raiz, com novos duches, armários e bancos de apoio, confirmando que a área pública de compras e de lazer do Centro Comercial é tão importante como a parte invisível e técnica.

O que esperamos é ampliar o investimento que se irá realizar no centro e como tal reforçar os projetos que já estão planeados, como a melhoria da zona de restauração e a implementação de um ambicioso projeto de lazer na Praça Central. O nosso desejo é transformar o Dolce Vita Tejo numa nova centralidade, um novo espaço, aberto e de acesso livre a todos, que seja um polo de lazer e de entretenimento.

Estabeleceram como meta em 2015 aumentar em 20% as vendas e os visitantes no Dolce Vita Tejo. Cumpriram com o objetivo? O que vos falta fazer?
O nosso objetivo de aumentar em 20% as vendas e os visitantes é num marco de 5 anos. Desde que chegámos ao centro, a boa tendência vai nesse sentido, como o comprovam os dados relativos a 2016 referidos acima. Estamos convencidos que os investimentos que estão previstos realizar para potenciar o lazer irão permitir que o crescimento seja superior.

Como vê a situação atual dos centros comerciais em Portugal?
Por um lado, trata-se de um sector muito maduro em Portugal, e por outro, o consumo está a registar um bom comportamento. Também o turismo está a crescer bastante, impulsionando as vendas do retalho. Por tudo isto, é fundamental uma forte inovação e diferenciação para conseguir atrair cada vez mais visitantes. Por isso, o nosso inovador conceito de shopping resort está a ser um sucesso tanto em Espanha como em Portugal, já que responde às necessidades das famílias e vai mais longe, surpreendendo a cada visita e oferecendo uma experiência única a toda a família.

Como vê o ecossistema empreendedor nacional?
Acredito que estamos a viver um excelente momento, tendo ficado para trás os momentos piores. Não tenho dúvida que se está a traçar em Portugal um futuro de sucesso.

Quais são os grandes desafios que um empreendedor português enfrenta? E os empreendedores espanhóis?
Hoje, tanto em Espanha como em Portugal, graças à grande liquidez que há na Europa e às baixas taxas de juro que Draghi promove, estão a facilitar o financiamento de novos projetos. Também o crescimento do turismo e de outros sectores da economia, coincidente em Espanha e em Portugal, está a impulsionar os jovens a desenvolver os seus próprios negócios.

Salvador é também presidente da Associação de Directores e Executivos de Aragão (ADEA). Como caracteriza o ecossistema empreendedor desta região espanhola?
Em Espanha, diversos sectores da economia estão a dar uma grande importância ao empreendedorismo; os vários agentes económicos, as universidades estão a impulsionar permanentemente este movimento de empreendedorismo dos jovens, de forma a colmatar a falta de emprego dos jovens.  Talvez um problema a resolver seja a lentidão burocrática na emissão de licenças, que às vezes dificulta a iniciativa dos jovens.

E de que forma consegue conciliar este cargo com a de diretor de Imprensa e de Relações com Investidores do Eurofund?
A minha responsabilidade no Eurofund é nos diversos projectos que temos em Espanha e Portugal, num período de crescimento e desenvolvimento de novos projetos, o que cria uma grande ilusão que permite tornar compatível com a tarefa de liderar a Associação de Directores e Executivos de Aragão, para a qual posso passar as boas experiências empresariais.

Investimentos previstos pelo Eurofund para este e para o próximo ano?
Depois das recentes aquisições já referidas, o Grupo Eurofund criou uma joint venture com a Logistics Capital Partners (LCP), empresa europeia especializada em activos imobiliários logísticos, com o objetivo de desenvolver e melhorar os requerimentos das cadeias logísticas e de fornecimento em Espanha e Portugal. A parceria combina o profundo conhecimento do mercado local por parte do Eurofund, as suas equipas técnicas e de planeamento, os seus acordos já estabelecidos com operadores e com instituições locais, regionais e nacionais, com a reconhecida solvência da LCP no desenvolvimento logístico, a gestão de activos e os acordos com operadores logísticos, conseguindo assim o desenvolvimento de uma oferta logística e de gestão de armazenamento de última geração em Espanha e em Portugal. Esta aliança faz todo o sentido no novo enquadramento do ecommerce de retalho, que conhece todos os dias um desenvolvimento gigante.

Qual é o vosso volume de negócios?
A valorização dos investimentos realizados é de 350 milhões de euros.

E projetos para o futuro?
Continuar a aproveitar as oportunidades que surjam nos mercados ibéricos em lazer e retalho, implementar cada vez mais o conceito de shopping resort em Portugal e Espanha, o desenvolvimento logístico em ambos os países, assim como impulsionar os projetos em Espanha com a Intu.

Respostas rápidas:
O maior risco: Não fazer nada.
O maior erro: A decisão não tomada.
A melhor ideia: Observar o futuro.
A maior lição: Aprende-se sempre com os erros.
A maior conquista: Está para chegar!

Comentários

Artigos Relacionados