Vai ficar num hotel este verão? Siga estas dicas para se manter seguro.

Nada como ter o ponto de vista de especialistas na área de medicina para se hospedar numa unidade hoteleira em segurança em plena pandemia. Seguem-se 10 dicas.
Aproximamo-nos daquele que em tempos normais seria “o” mês de férias para muitos portugueses. E se a grande aposta este ano é o turismo rural nos locais mais recônditos do país para fugir a grandes aglomerações, há quem se aventure a reservar uns dias em hotéis. Tanto num caso como no outro, há precauções de segurança que convém ter em atenção para minimizar o risco e que podem fazer a diferença entre ser infetado e não ser.
Seguem-se 10 dicas para maximizar a sua segurança durante a viagem, reunidas pela Travel + Leisure junto de especialistas de medicina.
1. Escolha bem o destino
Um fator importante é “entender as taxas de transmissão regional no seu destino”, diz Natasha Bhuyan, diretora médica regional da costa oeste dos EUA na One Medical. Deve prevalecer o bom senso: “se puder, evite destinos com picos de casos de coronavírus, para não se tornar a estatística mais recente”. Se o hotel para onde vai está numa zona em que a incidência e a prevalência de infeção são muito baixas, será obviamente mais seguro, porque é menos provável que encontre ou interaja com alguém infetado. “Mas não é uma garantia. Num hotel há pessoas de diferentes partes do país e do mundo”, relembra.
2. Antes de reservar a estadia, pesquise o plano do hotel para proteger hóspedes e funcionários
O maior risco de transmissão vem do contacto próximo. “Quanto menos contacto tiver com outras pessoas, melhor”, ressalta Brian Labus, professor assistente na Escola de Saúde Pública na Universidade do Nevada, em Las Vegas.
Embora não seja possível controlar as ações de terceiros, pode descobrir o que o hotel está a fazer para incentivar a segurança entre hóspedes e funcionários. Há check-in sem contacto? Que tipo de medidas de distanciamento social existem? Há sinalética/placas a explicar aos hóspedes as políticas implementadas? Há desinfetantes à base de álcool para as mãos por todo o hotel? Com que frequência as áreas públicas estão a ser higienizadas? O hotel fornece máscaras aos clientes que não tenham?
“Visite o site do hotel para verificar quais as medidas que estão a ser tomadas para proteger os hóspedes”, diz Jonas Nilsen, cofundador da clínica de viagens Practio, no Reino Unido. “Se comunicarem no site quais as medidas que estão a tomar, mostra que são transparentes, o que é um bom sinal”. E se não encontrar respostas online, pegue no telefone e pergunte diretamente – um hotel deve ter respostas para todas estas questões.
3. Descubra quais são os planos para os hóspedes que ficam doentes durante a estadia
“Pior das hipóteses: de repente não se sente bem. Não está na sua cidade natal, e não sabe exatamente o que fazer. O hotel tem procedimentos para seguir?”, pergunta Thomas Russo, chefe da divisão de doenças infectocontagiosas na Faculdade Jacobs de Medicina e Ciências Biomédicas na Universidade de Buffalo. “Em vez de comprar bilhetes para o espectáculo mais recente, o concierge precisa de ter informação sobre como pode fazer o teste Covid”. Pode perguntar ao hotel se tem um médico residente ou se tem informação sobre as instalações médicas mais próximas.
4. Use máscara e fique a 2 metros de distância
“Todas as coisas que tem feito para se proteger ainda se aplicam quando se hospeda num hotel”, frisa Brian Labus. “Ainda estamos no meio de uma pandemia, e estar de férias não muda isso”. Isto é: use máscara quando estiver em espaços públicos e mantenha-se a 2 metros de distância dos outros hóspedes – isto também se aplica no elevador.
5. Peça um quarto que não tenha estado ocupado por uns dias
“De acordo com um estudo publicado no New England Journal of Medicine, o coronavírus pode permanecer até 72 horas em algumas superfícies, incluindo plástico e aço inoxidável”, diz Jonas Nilsen. “Isto significa que há um risco maior se o hóspede anterior tiver ficado no quarto até antes do seu check-in. Para segurança máxima, peça para ficar num quarto que tenha estado vago durante três dias”, se for possível.
Dito isto, se o quarto for higienizado de forma adequada pela equipa do hotel entre as estadias, o risco de contrair o vírus de um hóspede anterior é reduzido. Mas é melhor prevenir do que remediar.
6. Desinfete o quarto à chegada
Embora os hotéis devam higienizar de modo adequado os quartos entre hóspedes, não custa fazer uma limpeza rápida, sobretudo em áreas de grande contacto, como maçanetas, interruptores, controlos remotos de TV, casa de banho e superfícies planas, como mesas ou bancadas.
“Se quer sentir-se o mais seguro possível, pode levar a sua roupa de cama para uma camada adicional de proteção”, observa Jonas Nilsen, adiantando que uma medida tão extrema não é provavelmente necessária. “Se os hotéis e outras instalações do género forem transparentes sobre as medidas que estão a tomar e estiverem a fazer um esforço extra para manter tudo limpo, deve ficar bem”.
A peça de roupa que deseja evitar, no entanto, é a coberta/colcha da cama, que pode não ser lavada regularmente (mesmo em plena pandemia). Embora a probabilidade de contrair Covid-19 a partir de uma colcha seja mínima, pode eliminar completamente o risco. “Tire-a assim que entrar no quarto, coloque-a no armário e lave as mãos”, explica Thomas Russo.
7. Abra as janelas para ventilar
Se está preocupado com o vírus poder atravessar o sistema de ar condicionado, não esteja – pelo menos por enquanto. “De momento não temos provas de que aconteça, mas os nossos dados são limitados”, considera Thomas Russo. “Se ocorrer, e penso que é rebuscado, será um modo de propagação relativamente menor quando comparado com não usar máscara e não manter a distância física”.
Mas se as janelas do seu quarto de hotel abrirem (muitas não abrem por motivos de segurança), deve deixar entrar ar fresco, aconselha Jonas Nilsen. “O risco de transmissão aérea é maior em espaços interiores com pouca ventilação, por isso é uma boa ideia abrir janelas e portas e aumentar o ar fresco na divisão. Uma boa ventilação pode ajudar a reduzir o risco de disseminação”.
8. Recuse o serviço de limpeza para reduzir o número de pessoas no quarto
Se a equipa de limpeza entrar no seu quarto com máscaras, provavelmente não espalhará o vírus no ar ou nas superfícies. “O risco real de exposição vem de estar perto de outras pessoas, pelo que ter alguém a limpar o seu quarto representa pouco risco para si”, afirma Brian Labus. Mas há sempre um pequeno risco de uso inadequado de máscara – ou nenhum uso de máscara – que pode levar o vírus a entrar no quarto durante a limpeza. Se se sentir mais descansado, dispense as tarefas de limpeza. Pode sempre pedir que deixem toalhas limpas à sua porta.
9. Pedir serviço de quarto em vez de jantar fora
Como não pode comer ou beber com máscara, pode evitar o restaurante e o bar do hotel ao pedir serviço de quarto. “Jantar no quarto vai limitar o contacto com outras pessoas, portanto, o serviço de quarto seria uma alternativa mais segura do que ir a um restaurante”, declara Brian Labus.
Quanto a interagir com a equipa enquanto entregam a refeição – “se os funcionários têm processos regulares de higienização das mãos, desinfeção e uso de máscara, podem fornecer serviço de quarto, mantendo-se a 2 metros de distância”, diz Natasha Bhuyan. Mas também pode solicitar uma entrega sem contacto, em que a refeição é deixada do lado de fora da porta para maior segurança.
10. Tenha atenção a instalações partilhadas
O facto de o hotel ter as instalações partilhadas abertas não quer dizer que deve usá-las. Há instalações, como o spa, que podem ser consideradas caso a caso. “As circunstâncias do spa têm de ser individualizadas. Se fizer uma massagem de máscara e o terapeuta estiver a usar máscara, representa um risco relativamente baixo”, diz Thomas Russo.
“Mas sempre que está numa situação em que interage com outras pessoas há um risco relativo”. Antes de reservar um tratamento, pergunte sobre os protocolos de segurança e de limpeza do spa e, se tiver dúvidas, é melhor não fazer.