Opinião

Turismo: um motor decisivo na transformação do território

Pedro Machado, presidente da ERT Centro de Portugal

O ano de 2019 foi o melhor de sempre para a atividade turística no Centro de Portugal. Os números do INE demonstram-no, sem qualquer dúvida. Pela primeira vez, foi ultrapassada a fasquia das 7 milhões de dormidas na região.

Em 2015 tinham sido 5 milhões, o que quer dizer que o total de dormidas subiu 40 por cento em apenas cinco anos. Não menos importante, os proveitos totais nos estabelecimentos de alojamento turístico da região ascenderam aos 355,1 milhões de euros.

Este aumento da procura por parte dos turistas, que se verifica ano após ano, assume uma importância extrema para a região. Na verdade, é um motor de desenvolvimento absolutamente decisivo para as zonas mais desfavorecidas do território.

Nas últimas décadas, o país tem assistido ao progressivo declínio de parte importante do seu território. As zonas de interior, comummente designadas por zonas de baixa densidade, sofreram um declínio populacional, com a consequente perda de serviços e degradação das suas condições de vida. Um processo que não se verifica apenas no Centro de Portugal, mas que atinge centenas de municípios por todo o país.

A atividade turística constitui uma oportunidade para estes territórios conseguirem atenuar, e até contrariar, a curva descendente. O Turismo, ao levar visitantes às “zonas de baixa densidade”, promove o empreendedorismo, o aumento da empregabilidade e a fixação de gentes no interior – o Turismo está, verdadeiramente, a injetar vida em zonas deprimidas.

Em redor da atividade turística nascem empresas familiares, de micro e pequena dimensão, assim como também se desenvolvem empresas maiores. O Turismo é o principal aliado da preservação das atividades tradicionais, ligadas ao artesanato e à cultura. Há territórios do país em que o Turismo é um dos poucos setores economicamente viáveis. Além de que, convém sublinhar, o Turismo é uma área de atividade em que o peso das mulheres no mercado de trabalho é muito grande. Logo, o Turismo favorece a empregabilidade feminina.

Basta visitarmos algumas das zonas do interior do país para comprovar este efeito de “balão de oxigénio” do Turismo. Aldeias que antes estavam abandonadas são hoje destinos de viagem. Edifícios decrépitos são recuperados e transformam-se em alojamentos. Restaurantes sabem reinventar-se, respondendo às exigências deste século. Comércio ultrapassado moderniza-se e é hoje apelativo. Comunidades e pessoas sem expetativas ganham novo ânimo. Acresce que este efeito é visível também nas cidades e não apenas nas aldeias. As cidades médias do Centro de Portugal atravessam momentos de grande dinamismo e florescimento, muito devido à ação da atividade turística.

A atividade turística está a deixar marcas fortes e a transformar o território, sendo que as perspetivas de futuro são animadoras. É um instrumento poderoso, aliado a outros, para a coesão social e territorial – e tão necessária é esta coesão num país inclinado para o litoral!

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Pedro Machado

Pedro Machado

Pedro Machado é presidente da Agência Regional de Promoção Turística do Centro de Portugal e presidente da Mesa da Assembleia Geral do Turismo Centro de Portugal. Doutorado em Turismo, pela Universidade de Aveiro, é Mestre em Ciências de Educação, na Área de Especialização - Psicologia Educacional, pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, e Licenciado em Filosofia. É Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação Rotas do Vinho de Portugal desde 2014;Membro Cooptado da... Ler Mais..

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