Opinião
Transições responsáveis: o novo imperativo ético das empresas
O cenário empresarial atual é marcado por desafios e oportunidades que reforçam um novo imperativo ético: gerir transições de forma responsável, colocando o impacto humano, social e ambiental no centro das decisões estratégicas.
Neste contexto, as empresas enfrentam a necessidade de adaptar processos, modelos de negócio e práticas de gestão às exigências de sustentabilidade, digitalização e conformidade regulatória, sem perder de vista o compromisso com os seus colaboradores e a sociedade.
A exigência crescente de uma actuação responsável resulta, em parte, das novas regulamentações europeias, que impõem às organizações o reporte detalhado de práticas ambientais, sociais e de governance (ESG). Já não basta cumprir objetivos económicos; espera-se que o setor empresarial contribua ativamente para uma economia mais inclusiva, justa e sustentável, promovendo transições equilibradas, sejam estas digitais, ecológicas ou laborais.
Neste novo paradigma, as transições de carreira e reestruturações internas devem ser encaradas com responsabilidade social e ética, valorizando o diálogo aberto e transparente com os colaboradores, bem como soluções de outplacement e requalificação. O imperativo ético exige que as empresas não só minimizem impactos negativos das mudanças como projetem ações de apoio à reintegração laboral, ao desenvolvimento de competências e à promoção de ambientes diversos e inclusivos.
A implementação de práticas responsáveis é também uma oportunidade competitiva: organizações que inovam nos seus processos, investem em capacitação e cultivam uma cultura colaborativa são aquelas que melhor enfrentam a volatilidade dos mercados e atraem talento para sustentar o crescimento a longo prazo.
Esta nova ética empresarial implica igualmente uma colaboração estreita entre empresas, Estado e sociedade civil. Incentivos fiscais, programas de digitalização, simplificação administrativa e fundos europeus são importantes catalisadores, mas o compromisso com transições responsáveis começa na liderança, passa pelo envolvimento das equipas e reflete-se em ações concretas que promovem igualdade, inclusão digital e sustentabilidade ambiental.
O futuro das empresas passa, assim, pelo respeito às dignidades individuais e pelo contributo para uma economia mais equilibrada. Gerir transições de forma responsável deixou de ser uma opção, tornou-se no imperativo ético para prosperar num mercado cada vez mais atento, exigente e global.
Pedro Rocha e Silva é atualmente o Managing Director da LHH|DBM Portugal. Licenciado em Organização e Gestão de Empresas, pelo ISCTE, iniciou a sua carreira na Andersen Consulting, tendo mais tarde passado por empresas como a Watson Wyatt, Portugal Telecom, Heidrick&Struggles e Neves de Almeida HR Consulting.
Desenvolveu maioritariamente a sua carreira na área de Recursos Humanos, com uma experiência relevante nas temáticas de Executive Search, Talent Assessment, Leadership Advisory, Políticas de Remuneração, Modelos de Avaliação de Desempenho e Carreiras, estando atualmente dedicado às áreas do Outplacement e de Preparação para a Reforma.








