Opinião

Telehealth: Oportunidades na Era da Saúde Digital (Aposta 2025)

Tiago Cunha Reis, docente universitário*

O ano 2024 terminou, e vimos o setor da telemedicina a experimentar um crescimento explosivo, tornando-se uma das áreas mais promissoras no setor da saúde digital. Com um valor de mercado terá atingido 108 mil milhões de dólares em 2024, a telemedicina está a redefinir a forma como os cuidados de saúde são prestados​.

Este crescimento robusto, estimado em 19% ao ano, é alimentado pela aceitação generalizada de consultas virtuais e pela adoção de tecnologias como a monitorização remota e as aplicações móveis de saúde. Gigantes do setor, como a Teladoc Health Inc., dominaram o mercado em 2024 ao expandir os seus serviços, particularmente na monitorização de doenças crónicas e no desenvolvimento de plataformas de teleconsultas​. A empresa registou um aumento significativo nas receitas durante os primeiros trimestres de 2024, consolidando-se como líder do setor. O foco em parcerias estratégicas e no uso de ferramentas de inteligência artificial (IA) para melhorar os resultados clínicos posicionou a Teladoc como uma força dominante. Além da Teladoc, a Amazon Clinic também teve um impacto significativo, ao expandir suas operações nos Estados Unidos para mais de 50 estados, fornecendo consultas para condições comuns como infeções urinárias e disfunção erétil​. Este crescimento acelerado, especialmente durante o terceiro trimestre de 2024, reflete a procura crescente por serviços acessíveis e convenientes de saúde.

Para os empreendedores, o setor de telemedicina apresenta um leque de oportunidades. O crescimento contínuo de áreas como a telecardiologia e a telepsiquiatria – essenciais para o tratamento de distúrbios mentais e doenças crónicas – está igualmente a expandir o alcance dos cuidados especializados. Por exemplo, empresas como a OptraSCAN, especializada em telepatologia, expandiram o acesso ao diagnóstico remoto de doenças com base em imagens digitais​.

Em 2025, espera-se que a telemedicina continue a evoluir, impulsionada por novas regulamentações e pelo crescente investimento em startups que exploram soluções inovadoras. A telemedicina não só melhora os resultados clínicos, mas também reduz significativamente os custos operacionais para hospitais e clínicas, aumentando a eficiência dos sistemas de saúde​. Isto cria uma pressão de crescimento. Ainda, os dados parecem apontar que será em 2025 que vamos começar a ver soluções transnacionais, ou seja, oferta de uma empresa em vários países. Garantindo-se o mesmo espaço de regulação, comunicação clara no idioma do mercado, não existe muito por onde falhar. Partilho as 3 sub-áreas que os dados apontam como as mais promissoras em 2025:

  1. Monitorização Remota de Pacientes (RPM)

A crescente prevalência de doenças crónicas, como diabetes e insuficiência cardíaca, tem impulsionado (e vai continuar a impulsionar) a necessidade de monitorização remota. Dada a dominância de equipamentos com ligação WiFi ou Bluetooth como medidores de pressão arterial, glicose e ECG, cada vez mais a tecnologia de monitorização remota será crucial para melhorar os resultados clínicos e reduzir as hospitalizações, especialmente entre populações mais velhas​.

  1. Telepsiquiatria

O aumento dos distúrbios mentais e do estigma em torno de buscar tratamento físico torna a telepsiquiatria uma área com grande potencial. As plataformas digitais irão crescer onde pacientes com depressão, ansiedade e outras condições receberão tratamento de forma discreta e acessível.​

  1. Teleradiologia

A teleradiologia expandirá o acesso ao diagnóstico remoto através de imagens médicas. O crescimento das tecnologias “store-and-forward” permite que radiologistas analisem imagens de qualquer lugar do mundo, tornando esta especialidade médica uma das mais competitivas mundialmente. Este tipo de tecnologia será crucial para áreas rurais ou países com falta de especialistas​.

*Docente universitário, Doutorado em Bioengenharia e aluno de Medicina


Tiago Cunha Reis, Ph.D., é doutorado em Sistemas de Bioengenharia pelo programa MIT-Portugal, tendo desenvolvido o seu doutoramento no Hammond Lab (MIT, EUA). Com foco nas necessidades de translação médica, o então engenheiro é agora aluno de Medicina. Reconhecido por sua paixão pela humanização da tecnologia em saúde e por melhorar ferramentas de diagnóstico e prognóstico, Tiago Cunha Reis possui um amplo histórico de prémios, publicações e nomeações internacionais em sociedades científicas europeias. Fomentador de conhecimento aplicado, fundou uma start-up focada em sensores e inteligência artificial, a qual expandiu internacionalmente antes de ser adquirida no final de 2022.

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