Tecnologia invade a vida pessoal dos profissionais, revela estudo da Nova SBE

52% dos profissionais inquiridos admitem que as tecnologias invadem a sua vida pessoal, conclui o estudo realizado pelo Observatório de Liderança e Bem-Estar da Nova SBE.
O Observatório de Liderança e Bem-Estar da Nova SBE revelou hoje os resultados do Estudo “Tecnostress – Uso da Tecnologia e Bem Estar no Contexto do Trabalho”, um trabalho focado no stress resultante da utilização inadequada das tecnologias de informação e comunicação (TICs), desenvolvido pelos investigadores Filipa Castanheira, Pedro Neves e Inês Dias da Silva, motivados pelo impacto que a tecnologia tem tido no mundo do trabalho, concretamente com o aparecimento de novos modelos como o teletrabalho.
A equipa de investigadores procurou perceber, junto de uma amostra de superior a 4 mil indivíduos (51% dos quais do sexo feminino e 49% masculino), de que forma o stress ligado à tecnologia móvel, em contexto laboral, impacta a saúde e o bem-estar dos trabalhadores. E, paralelamente, identificar os grupos demográficos com maior risco de desenvolver efeitos secundários adversos como a dependência da tecnologia, exaustão e outros sintomas físicos e psicológicos.
Os resultados divulgados revelam que uma percentagem significativa dos inquiridos acusa níveis elevados de tecnosobrecarga (35%) e tecno-invasão (42%), com predominância do sexo masculino em qualquer dos casos. Além disso, 47% reconhece ter de mudar os hábitos de trabalho para se adaptar às tecnologias móveis e 52% sente que a sua vida pessoal é invadida devido a estes dispositivos.
O estudo conclui também que os níveis de tecnostress têm reflexos na saúde e no bem-estar, e que a sobrecarga das tecnologias associadas a queixas psicossomáticas e à exaustão emocional acontece uma a duas semanas mais tarde face à exposição. Estes dois fatores juntos explicam mais de 25% da variabilidade dos indicadores de saúde e bem-estar analisados.
De acordo com a análise, a dependência dos indivíduos face à tecnologia manifesta-se em comportamentos como o negligenciar atividades importantes, incapacidade para descansar, discussões sobre o uso da tecnologia e o empobrecimento da vida social.
Com base nas conclusões identificadas, o estudo da Nova SBE sugere algumas recomendações no sentido de melhorar a saúde e o bem-estar no contexto do trabalho. A saber:
#Desenvolver políticas organizacionais para gerir o papel das tecnologias, através de legislação e regulamentação interna em linha com a que em Portugal regula o contacto do empregador fora das horas de expediente.
#Formar as chefias sobre o impacto negativo das culturas sempre conectadas, através da sensibilização para as consequências nefastas na saúde e no bem-estar da utilização incorreta da tecnologia no trabalho.
#Capacitar os indivíduos para a gestão correta das fronteiras entre o trabalho, vida pessoal e familiar, fomentando o uso adequado da tecnologia móvel em trabalho e nos momentos de lazer.