Start-ups desenvolvem tecnologia para resolver crise de falta de água potável

A crise da falta de água afeta, de forma mais ou menos grave, muitos países pelo mundo fora. A Índia é um deles, mas algumas start-ups locais estão a desenvolver soluções para ultrapassar o problema.

Com um grave problema de falta de água potável, estimando-se que em 2030 40% da população não tenha acesso a este bem essencial, a Índia conta com a inovação do seu ecossistema empreendedor para encontrar soluções que permitam contornar essa estimativa. E já começam a surgir exemplos de sucesso como é o caso da Uravu Labs, uma start-up de Bangalore, que desenvolveu um dispositivo solar térmico, o Aquapanel, para produzir água potável a partir do ar.

O dispositivo absorve vapor de água à noite, altura em que nível de humidade é mais elevado. Durante o dia, o coletor solar aquece o dispositivo a cerca de 80-100°C, libertando o vapor saturado de água. Os vapores são passados através de um condensador refrigerado a ar e transformados em líquido. O dispositivo filtra as partículas poluentes, pólen ou poeira desde o início da recolha e usa luz ultravioleta (UV) para garantir que não há formação de bactérias no interior. Como é alimentado por energia solar, o processo é limitado pela quantidade de energia que pode recolher por metro quadrado do dispositivo. “Para cada metro quadrado, o dispositivo pode gerar 4 a 5 litros de água “, explicou Swapnil Srivastav, diretor executivo da Uravu Lab, numa entrevista à publicação de negócios indiana Livemind.

A start-up de tecnologia Watergen, com sede em Israel, tem um dispositivo que trabalha com o mesmo princípio, contudo usa eletricidade em vez de energia solar como fonte de energia. O gerador de água chamado Gen-350 pode produzir 900 litros de água, ao purificar a humidade do ar. Para manter a água limpa, utiliza um processo de filtração de múltiplas camadas e tem uma instalação de tratamento embutida que circula continuamente a água para a manter fresca. O Gen-350 já é usado em mais de 3.400 residências e escolas na África do Sul.

Estes dois exemplos não são únicos no mundo. A Clean Water AI, por exemplo, pretende  evitar que as pessoas adoeçam devido à ingestão de água contaminada. O empreendedor Peter Ma desenvolveu o sistema Clean Water AI que usa machine learning e reconhecimento de padrões para identificar bactérias. O dispositivo inclui um microscópio digital que pode ser ligado a um computador portátil para realizar testes de água em tempo real. Construir todo o sistema custou menos de 500 dólares (446 euros) e o teste propriamente dito demora poucos minutos a executar. Usando o Clean Water AI, o empreendedor conseguiu identificar a forma, cor, densidade e extremidades de duas formas comuns de bactérias.

Também a empresa Oceo Water desenvolveu um purificador de água habilitado para IoT (Internet of Things) que controla a qualidade da água em tempo real a partir do back-end e envia alertas quando o dispositivo precisa de manutenção.

A disponibilidade de água potável em locais públicos como estações ferroviárias, metro ou centros comerciais é o foco da start-up Swajal que está a investir numa solução ao criar um sistema semelhante aos ATM, mas para água. Alimentados por energia solar, os ATM de água Swajal usam sensores de IoT para monitorizar remotamente a qualidade da água e o desempenho da máquina. Com a recolha sistemática de dados, as máquinas poderão executar algoritmos de manutenção para prever falhas no sistema antes que elas realmente aconteçam.

Outra alternativa mais portátil que os purificadores de água são as garrafas de água como NKD Pod +, que têm um sistema purificador integrado e podem limpar até 99% das bactérias, metais pesados e produtos químicos torná-la potável novamente. O sistema usa uma tecnologia para tornar a água mais alcalina e mais rica em antioxidantes. Desenvolvido por uma empresa britânica NKD, o Pod + pode armazenar 585 ml de água.

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