Risco de desemprego para os recém-licenciados aumentou em 2020

Estudo revela que, pela primeira vez, desde 2014 a transição para emprego após conclusão da licenciatura foi mais difícil. Matemática, Saúde e Ciências da Vida são áreas onde o risco de desemprego é menor.

O risco dos jovens recém-licenciados ficarem desempregados aumentou 1,6 pontos percentuais (p.p.) em 2020, invertendo uma tendência positiva que já vinha de 2014 e expondo sobretudo os jovens ao impacto da crise pandémica no mercado de trabalho. Este indicador é revelado pelo Brighter Future, a plataforma gratuita da Fundação José Neves que permite também verificar que Matemática e Estatística, Saúde, Serviços de Segurança e Ciências da Vida são as áreas de formação com mais hipóteses de garantir emprego imediato após finalizar a licenciatura.

Este facto, associado a um ano dominado pela pandemia Covid-19, não invalida que a transição da escola para o mercado de trabalho é mais bem-sucedida para quem termina o ensino superior. Segundo o estudo Estado da Nação da FJN, a probabilidade de estar empregado e de evitar situações de desemprego nos três anos seguintes a concluir um nível de ensino é maior para quem termina um curso do ensino superior.

O aumento do risco de desemprego verificado em 2020 para os recém-licenciados é válido para todos os tipos de ensino, áreas de formação e regiões de Portugal continental, mas com diferenças significativas. E terá sido um efeito direto da crise pandémica e do seu impacto a nível económico e social, com efeitos no mercado de trabalho, principalmente entre os mais jovens que, tradicionalmente, estão entre os mais vulneráveis nos ciclos económicos recessivos, aponta o comunicado da Fundação José Neves.

A evolução deste indicador revela que no ano de 2020 a transição dos licenciados para o mercado de trabalho foi mais difícil, o que não acontecia desde 2014.  O risco de desemprego aumentou 1,6 p.p entre 2019 e 2020, cifrando-se nos 5,3 %.

Face a 2019, o risco de desemprego aumentou em 2020 pelo menos 1,3 p.p. para todos os tipos de ensino. Foi mais significativo no ensino privado (politécnico e universitário), com variações de 1,8 p.p. e 2,1 p.p., respetivamente. Números que mantiveram o ensino superior privado universitário como o tipo de ensino com maior risco de desemprego em 2020, com 6,3%. O ensino superior público politécnico ocupa a segunda posição, com risco de desemprego de 5,7%.

No sentido oposto, o menor risco de desemprego verifica-se entre os recém-licenciados do ensino superior público universitário (4,6% em 2020).

Ainda de acordo com o estudo, o risco de desemprego aumentou em 2020 para todas as regiões em pelo menos 1,2 p.p. As regiões que, em 2019, apresentavam os níveis mais baixos de risco – Algarve e AML – foram as que registaram o maior aumento: 3,3 p.p. no Algarve e 2 p.p. na AML.

Apesar deste aumento, a AML continua a ser a região de Portugal continental onde os recém-licenciados enfrentam menor risco de desemprego. Já no Algarve, o aumento superior a 3 p.p. levou a que esta região passasse a liderar o ranking de risco de desemprego em 2020, ultrapassando a região Norte. No Algarve, 6,7% dos estudantes que terminaram a licenciatura estavam inscritos como desempregados no IEFP.

A região Norte ocupa agora a segunda posição, com cerca de 6,2% dos recém-licenciados desempregados. Entre as regiões de Portugal continental, foi no Alentejo que se registou o menor aumento do risco de desemprego nos recém-licenciados entre 2019 e 2020: 1,2 p.p.

Áreas onde risco de desemprego aumentou
Serviços sociais (9,8%), Serviços pessoais (8,9%) e Informação e jornalismo (8,4%) foram as áreas de formação cujos recém-licenciados apresentaram uma maior propensão ao desemprego em 2020. O destaque vai para os Serviços pessoais, onde se incluem cursos nas áreas de desporto e turismo. Foi esta a área de formação que sofreu o maior aumento no risco de desemprego – de 3,8% em 2019 para 8,9% em 2020.

Outras áreas de formação que sofreram um forte aumento de risco de desemprego em 2020 foram Serviços de transportes, Humanidades, Artes, Informação e jornalismo e Proteção do ambiente.

No polo oposto, encontram-se áreas de formação cujo risco de desemprego foi inferior a 2,5% no ano de 2020: Matemática e estatística (1,8%), Saúde (2,1%), Serviços de segurança (2,2%), Ciências da vida (2,4%). O menor aumento foi mesmo para a Saúde, dada a natureza da crise pandémica que o país atravessou em 2020.

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