Quando é que o meu projeto deixa de ser uma start-up?

Ainda será correto categorizar empresas como a Uber e a Airbnb de start-ups? Conheça a resposta de um empreendedor.
O que é uma start-up? Ao contrário de outras palavras do vocabulário empresarial, este termo não tem uma definição clara. Segundo o Cambridge Dictionary, uma start-up é simplesmente “um pequeno negócio que acabou de começar”. Mas se olharmos para as definições de outras pessoas chegamos à conclusão que esta descrição está longe de representar o que pode ser um projeto deste género.
Uma das definições mais comuns é a de Neil Blumenthal, cofundador e co-CEO da Warby Parket, que enuncia que “uma start-up é uma empresa que está a trabalhar para resolver um problema onde a solução não é óbvia e o sucesso não é garantido”.
Mas quando é que um projeto deixa de ser uma start-up?
A questão foi colocada por Brian de Haaff, cofundador e CEO da Aha!, depois de ter visto o “top de start-ups de 2018” do LinkedIn e de ter encontrado empresas como a Lyft, que já tem seis anos e meio de existência, mais de três mil colaboradores e receitas anuais que acima dos 850 milhões de euros. No ano passado, a mesma lista realizada pela rede social profissional, incluía a Uber e a Airbnb, duas empresas com perto de uma década de existência e com receitas que ultrapassam os dez algarismos. Será que podemos chamar “start-ups” a estas empresas que já estão estabelecidas no mercado?
A definição para este termo pode estar em mutação. Talvez seja um “estado de espírito”, como referiu Adora Cheung, cofundadora da Homejoy, à Forbes em 2013.
Num artigo publicado no Venture Beat, Brian de Haaff explica que o significado está a mudar. Se olharmos para a Aha!, uma das empresas com maior crescimento nos Estados Unidos, percebemos que as peças que a compõem são idênticas às organizações presentes na lista do LinkedIn: tem cinco anos de existência, quase 100 colaboradores, serve mais de cinco mil clientes pagos e 200 mil utilizadores e é rentável. No entanto, Haaff acredita que o seu negócio já não é uma start-up.
Para o empreendedor, uma start-up é uma empresa que ainda não deu provas do seu produto, do ajuste ao mercado, de liderança ou da viabilidade do seu modelo de negócio. Ou seja, a Uber, a Lyft, o Airbnb e a Aha! já não se adequam a esta definição.
Assim, e para ajudar a perceber quando devemos ou não empregar o termo start-up, o CEO criou juntamente com a sua equipa uma lista dos requisitos e metas que mostram quando o negócio já não é uma start-up:
– Cinco ou mais anos no ativo: A sua empresa já passou cinco anos (ou mais) na conquista do mesmo grupo-alvo e mercado.
– 1000 ou mais clientes pagos: Encontrou pessoas que estão dispostas a pagar pela sua solução. Este número pode ser inferior caso seja um negócio de vertente B2B.
– 43.5 milhões de euros em receitas anuais: A empresa está a resolver um problema real e como tal tem clientes dispostos a pagar pelas suas soluções.
– 100 ou mais colaboradores: A empresa já tem uma equipa considerável que cobre as funções principais que uma empresa em crescimento necessita.
Apesar deste filtro poder ser aplicado a quase todas as empresas, Haaff deixa a nota de que este tipo de conquistas pode ser feita bastante cedo. Um projeto com grande potencial e com muitos investidores associados, pode rapidamente atingir os 100 colaboradores, mesmo antes de conseguir ter 43.5 milhões de euros em receitas anuais. Estas métricas são simplesmente indicadoras de que a sua start-up pode ter conseguido atravessar o mar de adversidades digno de projetos desta natureza e que pode estar a evoluir para um negócio estável e duradouro.