Portuguesa UpHill lidera projeto que liga dados de saúde de 3 milhões de cidadãos na UE

Eduardo Freire Rodrigues, cofundador e CEO da UpHill

Arrancou o i2X que vai implementar um formato comum de registo eletrónico de saúde na UE e que marca um passo para a concretização do Espaço Europeu de Dados em Saúde. Um projeto que representa um investimento de 8 milhões.

O projeto i2X – Implementação “Inteligente” do Formato Europeu de Intercâmbio de Registos Eletrónicos de Saúde (EEHRxF) – vai ligar, pela primeira vez, os sistemas de registos de saúde europeus. Financiada com mais de 8 milhões de euros pela Comissão Europeia, a iniciativa junta 38 parceiros, de 12 Estados-Membros da União Europeia (UE). Trata-se de um passo inédito para a concretização do Espaço Europeu de Dados em Saúde, liderado pela empresa portuguesa UpHill.

“O objetivo é garantir que os dados de saúde possam ser acedidos e partilhados de forma eficiente além-fronteiras, melhorando a qualidade dos cuidados prestados aos doentes que viajam ou vivem em diferentes países da EU. Adicionalmente, o projeto permitirá também melhorar as redes de continuidade de cuidados na EU, para uma maior resiliência do sistema europeu de saúde. Diminuir os custos e ineficiência associados à duplicação de atos médicos ou exames e reduzir os riscos decorrentes da falta de informação clínica são os principais benefícios”, explica a UpHill em comunicado.

Segundo Eduardo Freire Rodrigues, cofundador e CEO da UpHill, “o objetivo global do projeto está estreitamente alinhado com a visão da UpHill para um sistema de saúde que garanta a continuidade dos cuidados e a centralidade do doente. O i2X compromete-se a melhorar a experiência dos profissionais de saúde e dos pacientes neste processo, através da otimização dos fluxos de trabalho e da integração de novas tecnologias. O extenso ecossistema i2X apoiará a continuidade de cuidados em toda a UE, permitindo a criação de centros de referência especializados, otimizando os tempos de espera e minimizando a duplicação de serviços”.

Na prática, trata-se de garantir que os diferentes sistemas de informação utilizados nas instituições de saúde europeias são capazes de comunicar, isto é: armazenar, trocar e interpretar os dados de saúde, utilizando uma linguagem comum.

Para tal, durante os próximos 4 anos vão ser desenvolvidos 35 projetos-piloto nas seguintes áreas prioritárias: prescrição eletrónica, dados de análises e exames, sumários do doente, imagens médicas e relatórios de alta. No total, 12 Estados-Membros da UE, incluindo Países Baixos, Bélgica, Chipre, Chéquia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha, participam no projeto. A maioria desenvolverá projetos-piloto, alguns dos quais incluem tecnologias baseadas em Inteligência Artificial. Em Portugal, o projeto será implementado na Unidade Local de Saúde de Coimbra e no Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM).

Os projetos-piloto vão testar a aplicação do novo formato de intercâmbio de dados de saúde na prática clínica, garantindo que a digitalização dos registos de saúde melhora os cuidados prestados sem aumentar a carga de trabalho dos profissionais de saúde. No final espera-se aumentar, em 75%, o acesso dos pacientes aos seus dados de saúde e melhorar, em até 80%, a disponibilidade de dados de saúde estruturados e de alta qualidade em registos eletrónicos de saúde, tanto a nível nacional como transfronteiriço.

Prevê-se a participação de pelo menos 1.200 profissionais de saúde, beneficiando diretamente mais de 3 milhões de cidadãos europeus, num projeto alinhado com os objetivos do Programa Europa Digital, estratégia do Mercado Único Digital e as metas da Década Digital 2030, revela a empresa portuguesa.

Formato único para partilhar dados em saúde

No centro do projeto está o Formato Europeu de Intercâmbio de Registos Electrónicos de Saúde (EEHRxF), conhecido como X-Format, um elemento fundamental do regulamento do Espaço Europeu de Dados de Saúde, recentemente aprovado. Este formato permite tanto a utilização primária dos dados de saúde, para suporte à prestação de cuidados, como a utilização secundária, para formulação de políticas, investigação e inovação.

“O projeto i2x irá utilizar a inteligência artificial e outras tecnologias avançadas para implementar a interoperabilidade nos cuidados de saúde na Europa, sem comprometer nunca o tempo dos profissionais de saúde e garantindo valor para os pacientes.”, adianta Henrique Martins, coordenador do i2X.

Entre os 38 parceiros que compõem o consórcio encontram-se gigantes tecnológicas como a Dedalus, o Hospital Charité de Berlim e o Centro Hospitalar Universitário de Bordéus.

 

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