Entrevista/ “Portugal está a crescer e tem uma comunidade Tech muito forte”

Instalada em Portugal há pouco mais de um mês, a VTEX, multinacional brasileira de tecnologia, acredita na comunidade Tech portuguesa e nas oportunidades de negócio do mercado nacional. Em entrevista ao Link To Leaders, Daniela Jurado, diretora da VTEX na Europa Ocidental, falou das expetativas que tem para a empresa e dos planos desenvolvimento no nosso país.
A VTEX é uma multinacional brasileira de tecnologia que criou uma solução de comércio colaborativo que integra marketplace, ecommerce e o sistema de gestão de pedidos (OMS na sigla em inglês). Com uma presença significativa na Europa, concretamente em países como Espanha, Inglaterra, Itália e Roménia, chegou a Portugal há pouco tempo, mas com expetativas elevadas acerca das potencialidades do país. Está a recrutar profissionais para construir a equipa local e acelerar o ecossistema e o mercado de digital commerce.
Recentemente também reforçou o seu portefólio internacional com a aquisição de uma plataforma que permite às marcas vender e prestar apoio ao cliente via WhatsApp. Em entrevista ao Link To Leaders Daniela Jurado, diretora da VTEX na Europa Ocidental, fala das expetativas desta aposta bem como das metas que tem para o mercado português onde identifica uma “comunidade Tech muito forte”.
O que levou a VTEX a abrir escritório em Portugal?
Portugal está a crescer e tem uma comunidade Tech muito forte. Existem universidades muito boas, reconhecidas internacionalmente, que estão a preparar uma pool de talento bastante interessante. O facto de existir um forte movimento de nómadas digitais na região também tem contribuído para o aumento dessa pool. Além disso, Portugal é também um dos países mais seguros do mundo, com uma boa qualidade de vida e clima, além da cultura semelhante ao Brasil.
A construção de novos polos de tecnologia torna-se muito importante face ao nosso crescimento acelerado. No ano passado, fomos nomeados a plataforma com maior crescimento no mundo, segundo o IDC e isso diz muito a respeito da velocidade, escala e complexidade dos nossos desafios.
“(…) vamos concentrar os nossos esforços em construir a equipa local de produto e engenharia da VTEX”.
Na Europa já estão presentes em Espanha, Inglaterra, Itália e Roménia… Quais os objetivos da empresa para o mercado nacional?
Nesta fase inicial, vamos concentrar os nossos esforços em construir a equipa local de produto e engenharia da VTEX. Neste momento, entre transferências internas e contratações, estamos quase a chegar às 10 pessoas. Já temos as vagas em aberto no nosso site para product managers, product designers, software engineers e engineering managers. Temos como objetivo contratar profissionais de nível médio e sénior até ao final de 2021, para assim posicionar a VTEX como o mais recente polo tecnológico da Europa.
Procuramos colaboradores que queiram acelerar o nosso ecossistema e o mercado de digital commerce. Para isso, alimentamos um ambiente onde as pessoas possam ser autênticas e autónomas e que no final do dia sintam que causaram um impacto real.
“(…) os nossos clientes vão poder vender e prestar apoio ao cliente via WhatsApp (…)”
Qual a mais-valia que a compra recente da Suiteshare vai trazer ao vosso negócio?
A aquisição da Suitshare abre um mundo de oportunidades para expandir o omnicanal de apenas uma solução logística. A partir de agora, os nossos clientes vão poder vender e prestar apoio ao cliente via WhatsApp, ou seja, com apenas uma ferramenta vão ser capazes de aumentar a conversão e as respetivas vendas.
De que forma a pandemia afetou a atividade da VTEX?
O comércio eletrónico cresceu rapidamente no mundo inteiro, especialmente na Europa, desde que a pandemia começou. Perante este cenário, conseguimos observar algumas tendências importantes para as quais já criamos soluções e novas ferramentas, como por exemplo, o D2C (Direct to Consumer).
À medida que as lojas reabrem e entramos num novo normal na Europa, as marcas e as indústrias precisam estar preparadas com estratégias D2C para complementar sua oferta de canais e opções omnicanal robustas.
As mudanças impostas pela pandemia vieram para ficar e ainda estão sendo absorvidas pelos mercados. Estamos a assistir a uma ressignificação do uso dos espaços comerciais para acomodar os novos comportamentos do consumidor, cada vez mais voltado para o omnicanal.
Nos Estados Unidos, por exemplo, já se fala muito em “curbside pickup” e os centros comerciais já avaliam a renegociação dos contratos com as lojas para refletir o uso do estacionamento como ponto de recolha de compras de um consumidor que deixou de entrar no espaço físico para fazer a compra. Ele vai simplesmente recolher a mercadoria que foi comprada online.
“(…) mais do que nunca as experiências do consumidor na loja física e online devem ser consistentes e complementares”.
Hoje estamos perante um novo consumidor, perante marcas e empresas mais ecommerce. Como se adaptaram a essa realidade?
Sim, agora mais do que nunca as experiências do consumidor na loja física e online devem ser consistentes e complementares. Com mais compradores pesquisando online antes de entrar na loja física, qualquer discrepância será notada e poderá resultar na perda de confiança dos clientes. Daí ser crucial que as operações omnicanal estejam em perfeita sintonia.
Respostas rápidas:
Maior risco: aceitar abrir a operação da Itália sem falar italiano, começando do zero e mudar-me sem saber quando o meu marido poderia mudar também
Maior erro: demorar para formar uma equipa. Não se chega a lugar nenhum sozinho!
Maior lição: pedir ajuda não é sinal de fraqueza, pelo contrário, a vulnerabilidade faz parte de nós como profissionais e como seres humanos.
Maior conquista: cuidar de uma região enquanto vejo o meu filho de 1 ano todo dia crescer do meu lado