Portugal é o segundo país europeu com mais mulheres inventoras, segundo o Instituto Europeu de Patentes
A segunda maior percentagem de mulheres inventoras entre os estado-membros do Instituto Europeu de Patentes, está em Portugal. O Alentejo é a região com maior número de registos. O primeiro lugar do ranking pertence à Letónia.
O Instituto Europeu de Patentes – IEP (European Patent Office) lançou ontem o estudo “Participação das mulheres na atividade inventiva”, no qual é revelado que Portugal tem a segunda maior percentagem de mulheres inventoras de entre os estados-membros do IEP. A performance nacional é superada apenas pela Letónia, que ocupa o primeiro lugar do ranking. Esta análise do IEP baseou-se na percentagem de mulheres inventoras nomeadas em todos os pedidos de patentes entre 1978 e 2019.
Relativamente aos pedidos de patentes portugueses registados entre 2010 e 2019 (ver quadro) 26,8% de todos os inventores são mulheres, mais do dobro da média europeia que ficou nos 13,2%. Outro dado relevante é o facto de, de todas as regiões europeias, o Alentejo ser a região com a maior percentagem de mulheres inventoras, com uma percentagem de 34,9%.
De salientar que o setor da química se destaca como a área tecnológica com a maior percentagem de mulheres inventoras (22,4% em 2010-19 na Europa, contra 42,3% em Portugal). Dentro deste setor, os pedidos de patentes nas áreas da biotecnologia e farmacêutica têm as taxas mais elevadas de mulheres (mais de 30% na Europa). Por sua vez, a área de atividade com a percentagem mais baixa é a de engenharia mecânica (5,2% na Europa, 13,4% em Portugal).
Globalmente, e para o período de 2010-2019, ranking de países europeus membros do IEP com mais inventoras é liderado pela Letónia, com uma quota de 30,6%, seguindo-se Portugal, com os já referidos 26,8%, e a Croácia, com 25,8%. Pelo contrário, a Alemanha (10%), o Luxemburgo (10%), o Liechtenstein (9,6%) e a Áustria (8%) têm as percentagens mais baixas de mulheres inventoras.
Women Inventor Rate (WIR) – 2010/2019
O estudo destaca também que, apesar de nas últimas décadas a taxa global de mulheres inventoras na Europa ter aumentado – passou de 2%, no final dos anos 70, para 13,2% em 2019 – ainda continua a existir desigualdade entre os sexos.
Refira-se, ainda, que a taxa de inventoras na Europa é inferior à da Coreia do Sul (28,3%), da China (26,8%), e dos EUA (15,0%). No entanto, é superior à registada no Japão (9,5%).
No âmbito das universidades e das organizações públicas de investigação, o estudo mostra que estas têm uma percentagem significativamente maior de mulheres inventoras (19,4% em 2010-19 em toda a Europa, 36% em Portugal) do que as de empresas privadas (10,0% na Europa, 19,4% em Portugal), ou de entre os inventores individuais (9,3% na Europa, 14,6% em Portugal).
A importância do papel desempenhado pelas universidades portuguesas na promoção das mulheres inventoras fica patente também, segundo o estudo, nos 52,5% de mulheres entre os doutorados portugueses em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), uma quota mais elevada, por exemplo, do que a verificada em França (47%) ou na Alemanha (44%).
António Campinos, presidente do IEP, afirmou que o estudo “demonstra que foram feitos progressos nas últimas décadas no sentido de uma maior inclusão no campo das patentes, com alguns países europeus, como Portugal, a liderar no que respeita a percentagem de mulheres inventoras. Mas também demonstra que é preciso fazer mais. A promoção da mulher na ciência e na inovação continua a ser um grande desafio para a Europa e, no entanto, este é um fator chave na sua sustentabilidade e competitividade futuras”.
Este estudo, explica o IEP, “tem como objetivo fornecer aos decisores políticos e ao público em geral informações sobre a relação entre o género e o registo de patentes na Europa. Fornece dados sobre mulheres inventoras em diferentes países, períodos de tempo, campos tecnológicos e com diferentes perfis no que respeita o requerimento de patentes”.