5 multinacionais portuguesas vão apoiar 50 PME na internacionalização

Novo programa PME Connect conta com o apoio de cinco grandes empresas portuguesas que vão apoiar as PME na internacionalização.
Foi na Sala dos Presidentes da Associação Industrial Portuguesa (AIP) que foi apresentado o novo programa que pretende apoiar as pequenas e médias empresas (PME) na sua internacionalização, o PME Connect.
Os dados apontam para que já sejam mais de 46 mil empresas portuguesas a exportar para mercados internacionais. Contudo, quase 80% só exportam para um mercado e 85% têm um volume de negócios internacionais inferior a dois milhões de euros.
É com estes números que o PME Connect arranca. Tal como José Eduardo Carvalho, presidente da AIP, salientou, o processo de internacionalização das empresas portuguesas está a correr bem, mas há muito espaço para crescer e melhorar.
“Temos de nos afastar do consumo privado. Para haver crescimento sustentado tem de haver um modelo baseado na exportação”, afirmou Paulo Caldas, diretor do AIP, durante a cerimónia de apresentação.
O ministro da economia, Manuel Caldeira Cabral, apontou o PME Connect como um programa “muito importante e muito interessante” e acentuou a componente de trabalho estruturado como um apaziguador do risco inerente à internacionalização.
Os números de 2017 apontam para que 42% do PIB tenha sido gerado a partir de exportações. Apesar deste número ter crescido consideravelmente nos últimos anos, o ministro da economia aponta como meta para 2020 uma representatividade na ordem dos 50%.
Os GFI por trás das PME
A apoiar as PME vão estar cinco grupos fortemente internacionalizados (GFI): EDP (energia), Mota–Engil (construção), Pestana (turismo), Sonae (retalho) e Tekever (tecnologias de informação e defesa).
Antes de arrancar com o PME Connect, as entidades responsáveis tentaram perceber o que era feito internacionalmente e identificar as oportunidades nas cadeias de valor destas grandes empresas.
A Deloitte, também ela empresa parceira desta iniciativa, desenvolveu um estudo internacional sobre os modelos de operação das redes internacionais homólogas, com o objetivo de levantar as boas práticas dos países mais desenvolvidos neste campo.
Para além disto, estudou também as maiores dificuldades das PME nos processos de internacionalização, dificuldades essas que se prendem com a ausência de parceiros e clientes nos países que querem apostar e ainda com os custos associados à implementação do seu negócio no estrangeiro.
Do ponto de vista da execução destes processos, Rui Gidro, partner da Deloitte, acredita que a falta de foco e de pragmatismo são duas das maiores falhas que as PME cometem, visto que tentam “agarrar” todas as oportunidades.
Num painel dedicado aos métodos de internacionalização das GFI, e como estas vão ajudar as PME, José Theotónio, CEO do Grupo Pestana, passou a ideia de que “há países em que tudo parece semelhante [a Portugal], mas em que tudo é diferente”.
Exemplo disso mesmo é o Brasil. Apesar de, à primeira vista, parecer mais fácil penetrar neste mercado porque há semelhanças com Portugal, tanto o grupo Pestana, como a Tekever e a Mota-Engil afirmaram ter sido o país mais difícil de entrar.
Quer o representante do Grupo Pestana, quer António Mota, presidente do Grupo Mota-Engil, asseguraram que as PME foram anexadas a todo o processo de internacionalização das suas empresas.
Agências apoiam PME Connect
Tanto a AICEP, como a IAPMEI estão a apoiar o PME Connect.
Do ponto de vista de João Dias, administrador da AICEP, o número de empresas que exporta para mais de quatro ou cinco países é muito reduzido. Do lado do IAPMEI, Miguel Sá Pinto, vogal do conselho diretivo, afirmou que apesar de útil, este mecanismo de cooperação é contranatura para as empresas, visto que o seu ambiente natural é de competição.
O representante do IAPMEI deixou ainda claro que para que o processo de internacionalização possa correr bem, as empresas precisam de se capacitar, sem estarem à espera que os órgãos públicos desenvolvam o processo por elas.
Um dos temas do painel que reuniu estas duas entidades foi a digitalização. Miguel Sá Pinto afirmou que a aproximação das empresas já não pode ser feita através de canais antiquados, mas sim através dos novos veículos digitais. Foi com isto em mente que a AICEP lançou recentemente o programa Exportar Online, que pretende contribuir para uma internacionalização digital de sucesso das empresas portuguesas.
João Dias referiu ainda que “nós [portugueses] somos muito bons a produzir, mas temos de ser melhores a vender”, sublinhando a necessidade das empresas precisarem de apostar mais em marketing.