Opinião
Pensem o que quiserem, pois, terão de viver com os vossos pensamentos!
Recentemente dei por mim a pensar se fazia uma publicação no linkedin ou não, por receio do que os outros iriam pensar. Tinha acabado de chegar de um evento que achei excelente com um tema super importante e pensei, vou escrever um post sobre isto e dar os parabéns pela iniciativa.
Quando ia escrever aparece o diabinho a semear a dúvida, o medo. O que será que os outros vão pensar ao ler o post? E surgem não sei quantos possíveis julgamentos alheios na minha mente.
Quantos de nós já se depararam com o mesmo receio? Seja numa publicação numa rede social, numa pergunta na sala de aula, um comentário numa reunião e em tantos outros momentos.
De repente surge a vontade de fazer a pergunta ou o comentário, o coração começa a bater mais forte, reformulamos a frase na nossa cabeça, em segundos pensamos na pertinência da mesma, mas logo de seguida pensamos nas objeções e críticas que poderá ter e acabamos por nos fechar e não sai nada… como se estivéssemos a preparar-nos para lançar um foguete e no momento de o largar não conseguimos e acaba por cair ao chão sem rebentar.
Este não é um desafio dos dias de hoje, desde sempre a humanidade viveu com este receio da opinião alheia. Já Platão dizia que a opinião é algo intermédio entre o conhecimento e a ignorância. Vários outros filósofos também se debruçaram sobre este tema e definiram opinião como “aquele discurso sujeito à mudança ou à crença dúbia sobre algo, sem fundamento racional”.
A verdade é que estes receios nos são incutidos desde muito cedo. Desde pequeninos que ouvimos os nossos pais a dizer-nos: -Não faças barulho olha que estão a olhar para nós; vê lá se sabes comportar-te; olha o que os outros vão pensar; não uses essa roupa; olha para esse cabelo; não faças isto ou aquilo e crescemos com esta nuvem negra que são os pensamentos/ julgamentos dos outros a pairar sobre nós. E por muito que na altura nos sentíssemos castrados e revoltados, acabamos por fazer o mesmo com os nossos filhos em maior ou menor escala. Porque sempre foi assim…
Com o desenvolvimento das comunicações, com o surgimento das redes sociais, com o estarmos conectados 24 horas por dia também cresceu o sentimento de que estamos sob constante observação, estamos constantemente expostos às opiniões, críticas e julgamentos dos outros.
Vivemos numa sociedade de julgamento fácil, todos gostam de opinar sobre tudo e sobre todos, e basta abrir uma qualquer rede social e ler os comentários de alguns posts para verificarmos que a empatia não mora ali!
Cabe a cada um de nós decidir que impacto isso terá nas nossas escolhas. Viver uma vida a recear o que os outros vão pensar de nós e deixar que isso nos condicione levará a uma perda de identidade, de autenticidade que acabará numa sensação de insatisfação e de vazio.
A opinião dos outros pode ser valiosa e construtiva, mas não nos deve condicionar nem impedir de sermos nós próprios. Deveremos encontrar um equilíbrio e saber filtrar o que os outros dizem.
Em tempos li um livro onde estava escrito um proverbio chinês que dizia: – Nunca julgues ninguém sem dar duas voltas ao mundo calçado nos seus sapatos!
Ninguém conhece a nossa história, o caminho que percorremos para chegar onde estamos. As pessoas vêm o que querem ver e muitas vezes criam fantasias sobre o que vêm e o que não vêm. Não devemos permitir que os outros nos definam nem nos impeçam de sermos livres.
Quando olhamos para a história vemos que muitas das pessoas mais bem-sucedidas foram alvo de críticas: Thomas Edison foi considerado “muito burro para aprender o que quer que fosse”; Walt Disney foi demitido de um jornal porque “lhe faltava imaginação e não tinha boas ideias”; Albert Einstein, que só aprendeu a ler aos 7 anos, foi alvo de muito buyling; Monet foi rejeitado e ridicularizado por muitos dos seus colegas; Elvis Presley foi demitido de uma casa de espetáculos porque “nunca iria chegar a lado nenhum”. E estes são apenas alguns exemplos, agora imaginem se estas pessoas se deixassem influenciar e se tivessem retraído por aquilo que os outros pensaram…
É literalmente impossível agradar a toda a gente, alguém irá ter sempre uma opinião sobre nós e sobre as nossas decisões, portanto só nos resta sermos verdadeiros connosco próprios e tomarmos as decisões com base no que acreditamos ser melhor.
Precisamos de mais solidariedade, de mais honestidade e até mais impulsividade, porque é daqui que saem as grandes ideias. Precisamos de deixar de ter medo de sermos nós próprios, de sermos genuínos, de exprimir o que pensamos.
Precisamos de ser mais empáticos com os outros, de respeitar a sua liberdade. Nunca esquecendo que temos o direito de dizer o que pensamos, mas devemos sempre pensar o que dizemos.
E termino com um provérbio Apache: Pensem o que quiserem, pois, terão de viver com os vossos pensamentos!
P.S – O diabinho foi relegado para o lugar que merecia e o post saiu.
Susana Duro tem mais de 20 anos de experiência no desenvolvimento e implementação de estratégias de marketing para marcas líderes de mercado e um sólido percurso profissional construído em empresas nacionais e multinacionais de referência dentro do mercado de FMCG.
É licenciada em Marketing e Publicidade pelo IADE, pós-graduada em Retail Management e em Direção Comercial no Indeg/Iscte e mestre em Marketing pela mesma instituição. Iniciou a sua carreira de marketing na Henkel Ibérica como gestora de produto, passando depois para brand manager na Dan Cake. Em 2004 entrou para a Nestlé onde esteve durante 11 anos. Aqui desempenhou a função de brand manager da categoria de Culinários, de trade marketing manager na categoria de chocolates e de head of trade marketing na categoria de Cereais de pequeno-almoço. Em 2017 entrou para a Coca Cola Europacific Partners como responsável pela equipa de Customer Development do Canal Alimentar. Em 2022 foi convidada para assumir a função de National Account manager ficando com a responsabilidade de várias contas no canal Horeca Organizado.








