Entrevista/ “Pela proximidade a Espanha, o mercado português era a escolha óbvia para crescermos”

“Pela proximidade a Espanha, o mercado português era a escolha óbvia para crescermos”, afirma Khaled Kasem, cofundador da Impress, uma start-up especializada em ortodontia invisível que este mês abriu uma clínica em nome próprio em Lisboa. Em entrevista ao Link To Leaders explicou o porquê de escolher Portugal, onde quer estar em 10 cidades, e como a pandemia, contra todas as expetativas, acabou por se tornar uma oportunidade.
Depois de recentemente ter fechado uma ronda de investimento no valor de 5 milhões de euros, a espanhola Impress continuou o seu plano de expansão e este mês abriu a sua primeira clínica de ortodontia invisível em Portugal, com um investimento de cerca de 400 mil euros. A estratégia para o nosso país contempla a abertura de clínicas em mais 10 cidades. Com uma proposta altamente digitalizada, em que a tecnologia é uma peça central no acompanhamento ao cliente, a start-up criada no ano passado aposta na combinação entre tradição e tecnologia, mas sempre a procurar estar na vanguarda das tendências tecnológicas e digitais
Qual a importância do mercado português para a expansão internacional da Impress?
Na Impress, temos o objetivo de expandir, levar o nosso serviço de excelência na área da ortodontia invisível além-fronteiras e criar a nossa rede de clínicas em toda a Europa. Pela proximidade a Espanha, o mercado português era a escolha óbvia para crescermos e foi para nós um passo muito importante para consolidarmos a nossa presença no mercado e o nosso posicionamento enquanto cadeia internacional de clínicas especializadas em ortodontia invisível.
“[2020] não foi um ano de sobrevivência, mas sim de crescimento (…)”
Entraram pela primeira vez em Portugal em janeiro de 2020. Que balanço faz deste ano de atividade?
Foi um ano agridoce, claro. Inevitavelmente, a pandemia trouxe alguns desafios logo no início do ano, quando tínhamos acabado de inaugurar no país e tivemos de fechar portas. Ainda assim, não foi um ano de sobrevivência, mas sim de crescimento, onde contra todas as expetativas, não só mantivemos a nossa atividade, como conseguimos abrir mais cinco clínicas em Portugal ao longo do ano, reunindo sempre as condições de segurança para receber os pacientes. Mas a verdade é que a pandemia também nos trouxe novas oportunidades de inovar! Apostámos fortemente na digitalização do nosso serviço e conseguimos conquistar a confiança dos portugueses para investirem nos seus sorrisos de sonho e contarem connosco para os conseguir.
Este mês, preparam-se para abrir a primeira clínica própria em Lisboa. Porque esta opção?
Sempre foi nosso objetivo construirmos as nossas próprias clínicas em Portugal e proporcionar aos pacientes uma experiência semelhante à que já oferecemos noutras clínicas. Por exemplo, a nossa clínica em Barcelona obteve um prestigiante reconhecimento europeu pelo seu design, tendo sido considerada a clínica do ano em 2020 e é esse prestígio e reconhecimento que queremos ter em todos os nossos espaços. Aquilo que pretendemos é ter sempre um espaço que seja inteiramente desenhado e preparado por nós, mas a pensar nos pacientes, no seu conforto e segurança, para que tenham uma boa experiência e se sintam confiantes com o nosso trabalho.
“(…) fechámos uma ronda de investimento no valor de 5 milhões de euros que serão investidos na nossa expansão pela Europa (…)”
Qual o investimento planeado para o mercado nacional?
Recentemente, fechámos uma ronda de investimento no valor de 5 milhões de euros que serão investidos na nossa expansão pela Europa e melhoria contínua do nosso serviço. Quanto à parte correspondente ao mercado português, o nosso investimento é de cerca de 400 mil euros na construção de cada clínica e é nosso objetivo que depois de Lisboa, mais cidades possam receber as nossas clínicas em 2021.
Vão recrutar?
Sim! Sempre que abrimos um novo espaço, procuramos recrutar profissionais de qualidade para fazer parte da equipa Impress. A nível internacional, estamos a planear recrutar um total de 250 pessoas para integrar a nossa equipa.
Quais são metas em termos do número de cidades em que querem estar presentes?
Para este ano, o nosso objetivo é levar a ortodontia invisível da Impress a mais 10 cidades portuguesas.
“(…) conseguimos visualizar o futuro sorriso do paciente e dar-lhe a possibilidade de conhecer o resultado final ainda antes de iniciar o tratamento”.
A Impress afirma ter uma abordagem médica diferenciadora no domínio da ortodontia. Em que consiste essa abordagem?
Levamos o atendimento ao paciente e o seu acompanhamento a um novo nível. A nossa abordagem diferenciadora está diretamente ligada com o nosso serviço profundamente digitalizado, onde conseguimos visualizar o futuro sorriso do paciente e dar-lhe a possibilidade de conhecer o resultado final ainda antes de iniciar o tratamento.
Essa primeira consulta é o primeiro passo de um tratamento que pode ser depois feito em qualquer lugar. O kit com os alinhadores é enviado para casa do paciente que é depois acompanhado através de uma aplicação digital. Essa app é o ponto de contacto entre paciente e profissionais e onde a cada duas semanas o paciente deve enviar scans da sua boca para que o profissional, com recurso a inteligência artificial, possa analisar a evolução do tratamento. Se a evolução for positiva e corresponder ao planeado, o paciente vai trocando os alinhadores de duas em duas semanas, mas caso haja alguma diferença entre o plano e o movimento dentário real, a equipa médica entrará em contato com ele para que se desloque à clínica, para resolver o desvio do plano inicial o mais rápido possível.
A nossa abordagem diferenciadora através da aplicação digital permite-nos oferecer um serviço de excelência, que não necessita das habituais deslocações à clínica para check-up e que permite obter melhores resultados num menor período temporal, além de um tratamento e atendimento 100% personalizado, onde o paciente é acompanhado pela equipa médica durante os sete dias da semana.
“(…) apercebemos de que havia uma lacuna no que os pacientes precisavam (…) procurámos criar um serviço de excelência que combinasse a tradição com a tecnologia (..)”
Como é que o projeto Impress se começou a formar? Quem foi o impulsionador da start-up?
Além de mim, que sou chefe ortodontista com largos anos de experiência, somos mais dois fundadores: Vladimir Lupenko, um empresário com experiência em start-ups que se tornam em empresas de sucesso, e Diliara Lupenko, a nossa COO que lidera todas as operações da Impress com excelência.
A ideia de fundar a Impress partiu de uma observação atenta às novas tendências, o que nem sempre significa ver o que os outros estão a fazer, mas observar sim o que lhes falta. Foi dessa observação que nos apercebemos de que havia uma lacuna no que os pacientes precisavam, pois estavam sempre limitados entre escolher práticas ortodônticas adversas à tecnologia ou procedimentos essencialmente estéticos. Assim, procurámos criar um serviço de excelência que combinasse a tradição com a tecnologia, flexível a acessível e que valesse o investimento dos pacientes, uma ideia que concretizámos em 2019 com a inauguração da Impress.
“A tecnologia ocupa um lugar central na Impress e é graças a ela que podemos oferecer um serviço diferenciador (…)”
Enquanto healhtech, qual o peso que a tecnologia tem na vossa solução e na relação com o cliente?
A tecnologia ocupa um lugar central na Impress e é graças a ela que podemos oferecer um serviço diferenciador, mas de confiança, aos nossos pacientes, com tratamentos mais precisos e personalizados. Os dentes são próprios de cada paciente e não têm todos as mesmas condições nem a mesma forma de se movimentarem, pelo que cada caso é único e deve ser acompanhado com atenção e detalhe.
Graças à tecnologia, conseguimos esse acompanhamento próximo e personalizado, mas, sobretudo, conseguimos detetar quaisquer problemas que possam surgir antes de acontecerem, antecipar a solução e evitar que o tratamento se torne mais longo e demorado para o paciente.
Atualmente, já marcam presença em Espanha, Itália e Portugal. Quais os próximos países?
Nós procuramos sempre investir em países onde identificamos uma necessidade que ainda não foi atendida – a de um tratamento ortodôntico e digital, com um acompanhamento constante e personalizado de especialistas, e que não implique alterações no estilo de vida dos pacientes. Nesse sentido, este ano planeamos abrir novas clínicas nas principais cidades de França e do Reino Unido.
“São os nossos investidores que nos ajudam a crescer em diferentes vertentes (…)”
Em novembro ao ano passado receberam um financiamento e 5 milhões de euros e que esteve envolvida, pela segunda vez, a portuguesa Bynd Venture Capital. Quais os trunfos da Impress para captar investidores?
Não se trata de trunfos, trata-se da ideia real de que também estes investidores podem fazer, e fazem, parte do nosso crescimento e que também eles serão responsáveis por revolucionar o mundo da ortodontia invisível bem como oferecer novos espaços onde os pacientes possam ter uma experiência extraordinária.
São os nossos investidores que nos ajudam a crescer em diferentes vertentes: a expandir a nossa presença em Portugal com a abertura de novas clínicas, a inovar no tratamento ortodôntico invisível e a torná-lo mais acessível a mais pessoas, e a oferecer experiências diferenciadoras e de valor que permitam ao paciente ter a segurança e confiança de investirem em si e nos seus sorrisos.
Têm mais alguma ronda de financiamento em perspetiva?
Estamos sempre à procura de novas oportunidades e possibilidades para crescer e melhorar o nosso serviço.
“O nosso principal pilar, e acreditamos que seja o de qualquer start-up que queira atingir o sucesso, prende-se com as pessoas.”
Além de uma boa ideia e de conhecimento técnico quais os pilares da Impress? O que não pode falhar numa start-up que quer atingir o sucesso?
O nosso principal pilar, e acreditamos que seja o de qualquer start-up que queira atingir o sucesso, prende-se com as pessoas. É graças à equipa de profissionais que temos, especialistas em ortodontia invisível, e graças à sua vasta experiência na área que podemos oferecer um m serviço diferenciador e de excelência. Quer a equipa médica que temos nas clínicas, quer os profissionais que acompanham os pacientes digitalmente são exímios no seu papel e oferecem um serviço próximo e personalizado. São os nossos profissionais que garantem a satisfação dos pacientes e esse é e será sempre o nosso principal objetivo.
Afirmaram recentemente que revolucionaram a maneira como se vai ao ortodontista e se recebe o tratamento. Que outras inovações têm agenda?
Para já, a única coisa que podemos adiantar é que vamos procurar estar sempre na vanguarda da ortodontia e vamos continuar a apostar nas tendências tecnológicas e digitais para oferecer a melhor experiência e os melhores resultados médicos aos nossos pacientes.
Respostas rápidas:
O maior risco: investir em tempos de incerteza provocados pela pandemia.
O maior erro: felizmente, não temos nenhum erro a apontar, mas se houve alguma coisa que possa não ter corrido como planeado, não foi um erro, mas uma aprendizagem.
A maior lição: aprender a adaptarmo-nos às novas circunstâncias com o mesmo profissionalismo.
A maior conquista: continuar a levar os nossos tratamentos a mais pessoas, apesar do contexto pandémico que o mundo atravessa.