Entrevista/ “Os líderes devem empoderar as suas equipas para desenvolverem soluções eficazes”
Estabelecer um centro de engenharia de software e expandir a presença no mercado local é esta a estratégia da Emergn para Portugal, revelou Alex Adamopoulos, CEO da empresa, que abriu há cerca de dois anos um centro tecnológico no Porto.
A Emergn, empresa global de serviços digitais, está há quinze anos no mercado e abriu há cerca de dois anos um centro tecnológico no Norte do país para servir os seus clientes internacionais.
A estratégia para o mercado nacional é clara: “Em primeiro lugar, pretendemos fortalecer o nosso hub de desenvolvimento tecnológico, atraindo talento de topo para liderar projetos locais e globais. O nosso objetivo é duplicar o tamanho da equipa nos próximos dois anos“, explica Alex Adamopoulos, CEO da Emergn.
Para o responsável, “um dos nossos diferenciais é a nossa plataforma de aprendizagem VFQ (Value, Flow, Quality), cuja metodologia integra princípios de Agile, Lean e Design Thinking para criar transformações eficazes e sustentáveis, complementando os nossos serviços digitais abrangentes. Mais do que prestar serviços, capacitamos os nossos clientes a tornarem-se autossuficientes na implementação de mudanças, o nosso lema é “own you transformation”.
A tecnológica garante que está continuamente a recrutar para várias funções. “Atualmente, temos várias vagas em funções de engenharia, muitas das quais serão preenchidas em Portugal”, partilha Adamapoulos.
O que levou a Emergn a escolher o Porto para estabelecer o seu centro de inovação?
O Porto foi escolhido devido à sua combinação excecional de talento qualificado, uma infraestrutura tecnológica sólida e uma localização estratégica para as nossas operações na região EMEA. Além disso, o ecossistema tecnológico do Porto tem crescido significativamente, impulsionado por iniciativas locais como a Porto Tech Hub, Porto Invest e Porto Innovation Hub, que reforçaram a nossa decisão. Desde que abrimos o centro em 2022, o Porto demonstrou ser uma localização ideal para liderar projetos globais e locais.
” O nosso objetivo é duplicar o tamanho da equipa nos próximos dois anos”.
Qual é a estratégia para o mercado nacional?
A nossa estratégia em Portugal assenta em duas abordagens principais: estabelecer um centro de engenharia de software e expandir a nossa presença no mercado local. Em primeiro lugar, pretendemos fortalecer o nosso hub de desenvolvimento tecnológico, atraindo talento de topo para liderar projetos locais e globais. O nosso objetivo é duplicar o tamanho da equipa nos próximos dois anos.
Devido à elevada procura pelos serviços da Emergn em Portugal, introduzimos a nossa gama completa de ofertas no mercado português, incluindo consultoria, formação e serviços tecnológicos, além de conceitos inovadores que já beneficiaram mais de 350 clientes. Estamos empenhados em servir os nossos clientes internacionais e contribuir positivamente para os projetos de transformação digital local.
Qual a vossa proposta de valor para os clientes? Como define o tipo de cliente da Emergn?
A Emergn não é uma consultora típica. Enquanto ajudamos empresas a melhorar as suas operações, não impomos estratégias genéricas ou aplicamos modelos padronizados de mudança. Trabalhamos em estreita colaboração com os nossos clientes para entender as suas necessidades específicas. Contamos com profissionais altamente qualificados que adicionam valor rapidamente e equipamos as equipas dos clientes com competências, ferramentas e métodos necessários para alcançar sucesso sustentável e manter a competitividade.
Um dos nossos diferenciais é a nossa plataforma de aprendizagem VFQ (Value, Flow, Quality), cuja metodologia integra princípios de Agile, Lean e Design Thinking para criar transformações eficazes e sustentáveis, complementando os nossos serviços digitais abrangentes. Mais do que prestar serviços, capacitamos os nossos clientes a tornarem-se autossuficientes na implementação de mudanças, o nosso lema é “own you transformation”.
Trabalhamos principalmente com líderes séniores de Tecnologia, Produto e Transformação em empresas médias a grandes a nível global, abrangendo setores públicos e privados.
“Muitos dos nossos líderes globais, incluindo os das áreas de prática, RH e Marketing, gerem iniciativas globais a partir do nosso escritório no Porto”.
De que forma pensam crescer no mercado local?
Pretendemos continuar a crescer em Portugal através da aquisição de novos clientes nos setores público e privado e de uma campanha de recrutamento. Nos próximos dois anos, planeamos duplicar a nossa equipa em Portugal, contratando mais profissionais especializados. Muitos dos nossos líderes globais, incluindo os das áreas de prática, RH e Marketing, gerem iniciativas globais a partir do nosso escritório no Porto. Este modelo permite-nos estabelecer uma base sólida em Portugal e apoiar os nossos esforços de crescimento local.
Estamos também a reforçar parcerias com entidades locais como a AICEP, Porto Invest e a Câmara de Comércio, e a expandir colaborações com comunidades tecnológicas, como Geek Girls Portugal e Porto Tech Hub.
Quais as áreas de maior aposta da empresa?
Especializamo-nos em Tecnologia, Transformação Digital e Gestão de Produto, com uma forte ênfase em projetos colaborativos que criam jornadas de transformação significativas. Embora ofereçamos uma variedade de soluções, como IA, desenvolvimento de software e design de experiência, reconhecemos que a verdadeira mudança vai além da tecnologia e dos processos; é necessário capacitar pessoas.
Os líderes devem empoderar as suas equipas para desenvolverem soluções eficazes, estabelecendo processos claros que integrem elementos humanos e tecnológicos. Estamos preparados para facilitar essa transformação.
Qual o balanço que faz destes dois anos da empresa em Portugal?
Os resultados são extremamente positivos. Em apenas dois anos, construímos uma equipa com cerca de 80 profissionais que lideram projetos globais e contribuem diretamente para o desenvolvimento de soluções inovadoras. Portugal tornou-se um centro de excelência para nós, e orgulhamo-nos do impacto que tivemos tanto local como internacionalmente.
“Os profissionais portugueses destacam-se pelas suas elevadas qualificações, adaptabilidade e espírito inovador”.
De que forma o talento português tem contribuído para o sucesso global da empresa?
Os profissionais portugueses destacam-se pelas suas elevadas qualificações, adaptabilidade e espírito inovador. A sua capacidade de se adaptarem e manterem a mente aberta é inestimável nos projetos complexos que gerimos. Além disso, abraçam perspetivas diferentes rapidamente, um grande trunfo em equipas remotas. A sua fiabilidade, trabalho árduo e dedicação têm sido essenciais para o nosso crescimento global.
Estão a recrutar? Para que áreas?
Estamos continuamente a recrutar para várias posições, e todas as informações sobre oportunidades estão disponíveis na nossa página de carreiras. Atualmente, temos várias vagas em funções de engenharia, muitas das quais serão preenchidas em Portugal.
Uma pesquisa realizada pela empresa mostra que grande parte dos funcionários relatam burnout devido a mudanças frequentes no local de trabalho. Quais as principais causas e o que aconselha?
No nosso recente estudo sobre fadiga de transformação, identificámos fatores chave que contribuem para esta situação, incluindo liderança desconectada, comunicação inadequada e a ausência de programas de aprendizagem eficazes. Costumo aconselhar as organizações a priorizar mensagens claras e a implementar estratégias que capacitem os colaboradores, com foco na entrega de valor e na obtenção de resultados. Além disso, é crucial criar ambientes de trabalho flexíveis e sustentáveis que reduzam o impacto das transformações.
O sucesso não está em perseguir a última tecnologia, mas sim em ajudar as pessoas a adaptarem-se a ela. A requalificação e o desenvolvimento de competências devem ser parte fundamental da cultura de uma organização. As empresas devem investir não apenas em ferramentas, mas também nas pessoas que as utilizam.
Como caracteriza a liderança nos dias de hoje?
Recentemente, participei no 16.º Fórum Global Peter Drucker em Viena, onde foram discutidos vários temas sobre liderança e gestão. Um ponto chave que emergiu foi o significativo fosso entre o vasto conhecimento que temos sobre gestão e os desafios que as organizações enfrentam ao aplicar esse conhecimento de forma eficaz. Acredito que os princípios de Peter Drucker, como eficiência e estrutura organizacional, continuam altamente relevantes hoje. No entanto, o principal desafio da liderança moderna não está em descobrir novas estratégias, mas sim em executar eficazmente as estratégias que já conhecemos.
Na gestão, existe um paradoxo frustrante: muitas vezes sabemos o que precisa de ser mudado, mas lutamos para implementar essas mudanças. Este fosso entre conhecimento e ação enfraquece as organizações, afetando tanto o comportamento humano como os sistemas.
A liderança de hoje exige flexibilidade, empatia e a capacidade de adaptar práticas ao contexto único de cada organização. É essencial questionar continuamente os motivos por trás das decisões, especialmente no que diz respeito às políticas de regresso ao escritório: Que problema estamos a tentar resolver? Sem uma abordagem clara, corremos o risco de criar mais obstáculos do que benefícios. A liderança eficaz fomenta ambientes colaborativos e valoriza o capital humano e a inovação.
“As organizações podem utilizar a IA como parceira para tarefas repetitivas, permitindo que os profissionais se concentrem na inovação e na resolução de problemas”.
Quais as tendências que perspetiva para o futuro do trabalho?
Uma tendência importante atualmente é o papel crescente da inteligência artificial (IA) no local de trabalho, que terá impacto nas empresas durante muitos anos. Em vez de substituir trabalhadores, a IA deve potenciar as suas capacidades. As organizações podem utilizar a IA como parceira para tarefas repetitivas, permitindo que os profissionais se concentrem na inovação e na resolução de problemas.
A retenção de conhecimento continuará a ser crucial para as organizações, uma vez que informações valiosas podem acompanhar colaboradores que se reformam ou mudam de função. Esta perda pode afetar negativamente a memória institucional, essencial para a tomada de decisões futuras. Para enfrentar este desafio, é importante promover a partilha de conhecimento e utilizar a tecnologia de forma eficaz.
Outro desafio na gestão moderna é a fadiga de transformação. As empresas apressam-se frequentemente a implementar novas ferramentas sem garantir que os colaboradores possuem as competências necessárias para as utilizar de forma eficaz. O sucesso reside em capacitar os colaboradores para se adaptarem à tecnologia, tornando a requalificação e o desenvolvimento de competências cruciais para fomentar uma cultura organizacional forte.
Em resumo, um foco significativo continuará a ser a gestão da conexão humana num mundo híbrido e a aprendizagem com os nossos erros do passado. Acredito que o futuro do trabalho dependerá da capacidade das organizações de combinar flexibilidade com um claro sentido de propósito. Precisamos de cultivar um ambiente que priorize a conexão humana e a inovação, onde os líderes trabalhem ativamente para reduzir o fosso entre o que sabemos e o que conseguimos pôr em prática.
“A nossa visão é tornar Portugal um centro chave para a Emergn na Europa”.
Quais os objetivos a médio e curto prazo da empresa para o mercado português?
Estamos entusiasmados em expandir a nossa equipa e acolher novos clientes locais, enquanto fortalecemos a nossa presença nos setores público e privado em Portugal. A nossa visão é tornar Portugal um centro chave para a Emergn na Europa.
Qual a previsão de faturação da empresa para este ano?
Estamos otimistas quanto ao nosso desempenho financeiro geral, impulsionado pelo crescimento nas regiões EMEA e DACH, além da consolidação dos nossos clientes atuais e novos projetos na Letónia, América do Norte e Reino Unido.
Planos para o futuro da empresa em Portugal e a nível internacional?
Planeamos continuar a expandir o nosso centro no Porto e explorar novas localizações em Portugal. Internacionalmente, pretendemos fortalecer a nossa presença nos mercados onde já operamos e expandir para novos territórios, como a região DACH, onde conquistámos novos clientes. Durante este processo, manteremos o foco na inovação e na nossa missão de transformar a forma como indivíduos e empresas trabalham.