Opinião

“O turismo está a crescer na Europa e a Bounce quer contribuir para esse crescimento”

Cody Candee, fundador e CEO da Bounce

A start-up travel tech de São Francisco instalou a sua sede na capital portuguesa. Quer contratar mais 15 profissionais até ao final do ano e expandir para outros países europeus, explicou ao Link to Leaders o seu fundador Cody Candee.

Responsável pela criação de um sistema de armazenagem de bagagem para turistas, a start-up norte-americana Bounce oficializou hoje a mudança da sua sede para Lisboa, um espaço na região de São Bento.  Agora, a partir da sua nova sede europeia, vai apostar na sua expansão como objetivo de chegar a todos os principais destinos de viagens no mundo nos próximos 12 meses.

Atualmente, com uma equipa de 55 colaboradores, 25 dos quais estão a trabalhar a partir de Lisboa, a Bounce pretende recrutar, até ao final deste ano, mais 15 colaboradores em Portugal para as áreas de Engenharia, Growth, Data, Produto, Design e Vendas.

Fundada em 2019, em São Francisco, Estados Unidos da América, por Cody Candee, a Bounce oferece o serviço a todos os viajantes que pretendam um local para guardar a sua bagagem. Neste momento, disponibiliza opções de armazenamento em mais de 1.500 cidades em todo mundo. Desde a sua criação, a start-up já captou cerca de 13 milhões de euros e tem na sua lista de investidores nomes como Andreessen Horowitz, General Catalyst ou Seabed VC.

Porquê a escolha de Lisboa para instalar a Bounce na Europa? O que é que Lisboa tem que São Francisco não tem?
Originalmente, a Bounce estava à procura de um escritório europeu dado o tamanho do mercado para o nosso negócio aqui na Europa. Avaliámos algumas cidades europeias e Lisboa foi a escolhida. Surge como a cidade de tecnologia e start-ups mais promissora, com talento excecional, boa energia e com muitos pequenos fatores que fazem a diferença desde o fuso horário para voos diretos para São Francisco, e um lugar para onde todos estão animados para viajar.

Depois de tomar essa decisão, outras pessoas na empresa acabaram por querer mudar-se para cá e, desde então, realocamos funcionários de seis países. Foi um sucesso tão grande que não reabrimos um escritório em nenhum lugar dos EUA. Ainda estamos a contratar muitos americanos, mas muitas vezes acabam por se mudar para Lisboa!

“Crescemos a equipa de 0 para 27 membros em Portugal”.

Já tinham um núcleo de trabalho na capital portuguesa há algum tempo. Como avalia o desempenho da start-up nestes primeiros meses?
Especificamente em Lisboa, trata-se de atrair talento tanto dentro de Portugal como em termos de deslocalização de pessoas para cá. Crescemos a equipa de 0 para 27 membros em Portugal.

Quantos funcionários quer ter até ao final de 2023 e de que áreas de especialização?
Até o final do ano, contrataremos mais 15 funcionários em engenharia, dados, produto, design, growth, operações e vendas.

“Há poucas coisas que poderiam ter sido tão trágicas para o nosso negócio como a pandemia”.

Quais são os principais desafios que uma start-up de travel tech como a sua tem enfrentado?
Há poucas coisas que poderiam ter sido tão trágicas para o nosso negócio como a pandemia. Perdemos toda a nossa receita do dia para a  noite e muitos dos negócios da nossa plataforma fecharam as suas portas para sempre. Fomos realmente disciplinados financeiramente e mantivemos a cabeça baixa, apenas construindo. Criámos uma tonelada de infraestruturas (conteúdo, internacionalização, engenharia…) que nos prepararam para o sucesso a longo prazo.

O que distingue a sua oferta? A tecnologia? Planeia introduzir algumas inovações no seu sistema de armazenamento de bagagem?
A Bounce é a maior network de armazenamento de bagagem em todo o mundo, oferecendo o selo de confiabilidade da nossa marca em mais de 2000 cidades. Todas as reservas estão cobertas com a nossa solução BounceShield de 10 mil dólares, quer  esteja em Tóquio,  Paris, Londres ou Nova York.

Além disso, planeamos oferecer mais serviços nas localizações Bounce. Recentemente, lançámos um serviço de recolha de encomendas que tem vindo a crescer ao longo do último ano. Em Portugal, oferecemos este serviço em Lisboa, no Porto e no Algarve etemos clientes a aumentar todos os meses. Em Portugal, muitos dos nossos clientes utilizam o serviço de recolha como alternativa aos locais de receção de encomendas dos CTT, onde podem existir longas filas e horários de funcionamento menos flexíveis.

Qual é o tamanho da sua rede de armazenamento de bagagem hoje?
Temos mais de 9 mil lojas em mais de 2 mil cidades em todo o mundo. Destes, 112 lojas estão localizadas em Lisboa e 256 em Portugal.

Qual é o tipo de perfil de cliente da Bounce?
A Bounce é um serviço útil para qualquer pessoa que visite uma cidade e queira passar algumas horas sem bagagens., para se sentir livre para explorar a cidade.

A nível europeu, em que outros países pretende estar presente?
O nosso objetivo é continuar a aumentar a nossa rede de parceiros para que a Bounce esteja disponível em todas as cidades portuguesas e no resto do mundo. Lisboa, Paris, Londres, Barcelona, Berlim, Dublin e Amesterdão são as cidades em que queremos continuar a crescer..

Qual é a base do seu plano de expansão internacional? Através de parcerias locais?
Sim, temos parcerias com empresas locais em cidades de todo o mundo, bem como com marcas conhecidas e com muitas localizações, como por exemplo a Selina e a The UPS Stores.

Que atrativos tem a Europa, e Portugal em particular, para um negócio como o seu?
O turismo está a crescer na Europa e a Bounce quer contribuir para esse crescimento, trazendo aos viajantes a liberdade de explorar as cidades sem as suas malas. Portugal também tem uma comunidade tecnológica em rápido crescimento em Lisboa, talento fantástico e é um lugar que as pessoas querem visitar durante todo o ano, o que o torna perfeito para estabelecermos a nossa sede. Há também pequenos fatores que se somam para fazer uma grande diferença, como os voos diretos para São Francisco e estar mais perto do fuso horário dos EUA do que muitos outros países europeus.

“Os EUA continuam a ser uma grande prioridade para nós (…)”

E qual é a estratégia para os Estados Unidos? Está em segundo plano?
Os EUA continuam a ser uma grande prioridade para nós e continuarão a sê-lo à medida que nos expandirmos. É um dos nossos maiores mercados.

Quem são os investidores da Bounce? Planeia fazer rondas de financiamento num futuro próximo?
Levantamos uma Série A de 12 milhões dólares no ano passado, liderada por Andreessen Horowitz, e antes disso completamos uma ronda Seed com a General Catalyst, entre outros. Se e quando angariaremos mais fundos não é algo que tenhamos decidido.

Como surgiu a ideia de lançar este projeto?
Quando estava a trabalhar em São Francisco, ia beber uns copos com os colegas depois do trabalho e um dos meus colegas disse-nos que precisava de chegar mais tarde porque tinha que atravessar toda a cidade para deixar sua mala em casa antes de se juntar a nós. Eu pensei que não deveríamos de precisar viver as nossas vidas em torno das nossas coisas. Elas deveriam tornar a vida melhor e não o contrário. E se houvesse uma maneira de guardar as suas coisas e voltar quando quisesse para as ir buscar? Foi assim que surgiu a ideia da Bounce.

E em quatro anos de atividade, qual é a sua avaliação da evolução do Bounce? Está a evoluir como antecipava?
O crescimento tem sido incrível. Sempre ambicionámos ter uma alta taxa de crescimento, mas tem sido especialmente gratificante depois dos desafios que enfrentamos durante a pandemia. Colocamos milhões de dólares nos bolsos de pequenas empresas em todo o mundo e vimos como isso foi transformador para os seus meios de subsistência.

Planeia introduzir algumas inovações, novas funcionalidades, no seu sistema de armazenamento de bagagem para turistas?
Temos muitos planos empolgantes em movimento, desde a expansão global dos nossos serviços de armazenamento de bagagem e recolha de encomendas, até ao desenvolvimento de novos verticais ainda não anunciados.

Comentários

Artigos Relacionados