Entrevista/ “O turismo de luxo vai ser cada vez mais sobre autenticidade e sustentabilidade”

Nuno Nunes, diretor-geral do Farol Hotel

No Farol Hotel, cada detalhe conta: do design arrojado à hospitalidade personalizada, tudo é pensado para criar experiências memoráveis. Nuno Nunes, diretor-geral, explica como a combinação de autenticidade, inovação e ligação à tradição de Cascais tornou o hotel num ícone do turismo de luxo em Portugal.

“Não seguimos fórmulas nem modelos genéricos, criamos experiências à medida, com quartos de design exclusivo, uma cozinha de autor e um ambiente onde o luxo e a arte convivem com a autenticidade de Cascais. É isso que nos distingue: tudo aqui tem a assinatura do hotel”, afirma Nuno Nunes.

Para o diretor-geral do Farol Hotel, o equilíbrio entre a tradição da vila e a modernidade dos espaços, aliado a práticas sustentáveis e à gastronomia de assinatura, é determinante para criar momentos que permanecem na memória.

O Farol Hotel é considerado um dos hotéis boutique mais icónicos de Portugal. Na sua perspetiva, quais foram os elementos-chave que permitiram consolidar essa posição?

O facto de ter sido o primeiro ou um dos primeiros boutique hotéis na região com uma componente de design, disruptiva à data, associado ao facto de continuarmos a apostar num serviço de qualidade, personalizado e com espaços de restauração de grande qualidade têm sido fundamentais para o sucesso.

“A tradição está no ambiente e na forma como recebemos, com aquele toque genuíno português e ainda «longe» das tecnologias”.

Como é que se consegue equilibrar a tradição de Cascais com um design e uma hospitalidade tão contemporâneos?

No Farol Hotel, conseguimos esse equilíbrio ao manter a alma da vila, com a história do edifício e a vista sobre o Atlântico e o juntar um design moderno e arrojado. A tradição está no ambiente e na forma como recebemos, com aquele toque genuíno português e ainda “longe” das tecnologias. O resto é conforto e uma experiência pensada ao detalhe para quem procura algo diferente e autêntico.

O conceito de “hospitalidade de autor” é central na vossa abordagem. O que significa exatamente este conceito e como se traduz na experiência do hóspede?

Não seguimos fórmulas nem modelos genéricos, criamos experiências à medida, com quartos de design exclusivo, uma cozinha de autor e um ambiente onde o luxo e a arte convivem com a autenticidade de Cascais. É isso que nos distingue: tudo aqui tem a assinatura do hotel.

Num setor tão competitivo como o turismo de luxo, que competências considera essenciais para liderar e diferenciar uma unidade hoteleira?

Passa por criar uma cultura onde a excelência é natural, não forçada. Num setor tão competitivo como o turismo de luxo, o que realmente nos diferencia é a capacidade de oferecer algo com identidade: um serviço com rosto, um ambiente com alma e uma experiência que foge ao óbvio. Isso só é possível com uma equipa alinhada, dedicada e com liberdade criativa. O luxo, para nós, está no detalhe, na personalização e na forma como conseguimos surpreender quem nos visita, sempre com autenticidade.

Que peso tem a gastronomia de assinatura na proposta de valor do Farol Hotel?

Tem um peso elevado, completa a experiência diária dos clientes. Complementa a localização e a arte. Num espaço com esta localização e esta vista, a cozinha (sushi ou internacional) tem de ser vista como arte. Arte que provoque um sentimento de bem-estar e pertença.

“Preferimos materiais que resistem ao tempo e têm menor impacto ambiental”.

Como se consegue conciliar uma operação financeiramente sólida com práticas sustentáveis e investimento contínuo na experiência do cliente?

Pergunta difícil, em especial para uma unidade independente, sem o poder e meios de uma grande cadeia. Procuramos conciliar sustentabilidade com rentabilidade, escolhendo produtos de qualidade, duradouros e de origem responsável. Preferimos materiais que resistem ao tempo e têm menor impacto ambiental. Tudo o que usamos, da madeira aos têxteis, passando pelos amenities é pensado para garantir conforto ao cliente sem comprometer os nossos valores.

O cliente de luxo está cada vez mais atento e exigente em relação a práticas de responsabilidade ambiental e social?

Sim, cada vez mais. O cliente de luxo já não quer só conforto ou beleza — quer sentir que está num espaço que respeita o ambiente e que tem um propósito real. Aqui, isso faz parte do nosso ADN: os hóspedes valorizam saber que estamos a trabalhar com produtos naturais, a apoiar a comunidade local e a minimizar o impacto ambiental. É uma exigência que cresce, e que acompanha uma experiência mais completa e verdadeira.

“(…) o luxo vai ser também sentir que estamos a contribuir para algo maior, seja na comunidade local ou no planeta”.

Quais são, na sua visão, as grandes tendências que vão moldar o turismo de luxo nos próximos 5 anos?

Nos próximos anos, o turismo de luxo vai ser cada vez mais sobre autenticidade e sustentabilidade. Os clientes querem experiências que façam sentido, que respeitem o lugar, a cultura e o ambiente. A personalização vai crescer, com serviços feitos à medida e uma ligação mais profunda entre quem recebe e quem visita. A tecnologia vai ajudar, mas sem perder o lado humano, o toque real. E claro, o luxo vai ser também sentir que estamos a contribuir para algo maior, seja na comunidade local ou no planeta.

Cascais tem-se afirmado como um destino de referência internacional. Que oportunidades e desafios vê para a região?

Cascais tem muito para oferecer: natureza, cultura e história únicas. A grande oportunidade está em manter essa autenticidade, mesmo com o crescimento do turismo. O desafio é apostar na qualidade e na sustentabilidade para continuar a encantar quem visita.

Que papel ambiciona que o Farol Hotel desempenhe na próxima década?

Quero que continue a ser um espaço onde a autenticidade, o design e a hospitalidade permitem experiências únicas. E que continue a ser um refúgio com vista para o Atlântico, com uma ligação forte à comunidade e ao ambiente.

Que conselho deixaria a futuros líderes no setor da hotelaria de luxo?

A receita que tenho seguido é simples, embora desafiante: ser autêntico, procurar conhecer a equipa e nunca deixar de apostar na experiência do cliente. O luxo está e vai estar sempre nos detalhes e na paixão que colocamos no dia a dia.

Respostas rápidas:
Maior risco:
Assumir a direção geral de uma pérola sobre o Atlântico e lutar contra os estigmas instituídos.
Maior erro:
Os erros têm de fazer parte do crescimento, não consigo identificar um erro maior do que os outros. Tento não repetir.
Maior lição:
Não tenho uma em particular, todas fazem parte do crescimento pessoal e profissional.
Maior conquista:
Ver membros das minhas equipas a crescer e a assumirem posições de relevo na sua carreira.

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