O que uma start-up deve saber antes de deixar entrar uma grande empresa no seu negócio

Para uma colaboração bem-sucedida entre empresas e start-ups, os riscos existentes devem ser acautelados. Só assim serão capazes de minimizar as consequências negativas, concentrar os seus esforços no mesmo objetivo e trabalhar conjuntamente.
As colaborações entre start-ups e empresas podem assumir diversas formas: incubação, aceleração, demonstrações pagas, joint ventures ou associação gratuita.
No entanto, as histórias de sucesso resultam da sensibilização face aos interesses, expetativas, incentivos, cultura e ética de trabalho da outra parte. Assim, além de definir claramente as funções, direitos e responsabilidades, uma parceria também deve considerar os riscos presentes para ambas as partes.
Segundo o Entrepreneur existem três riscos para as start-ups e empresas.
Riscos para as start-ups:
Risco 1: Ser absorvido por um único cliente. Ao centrar-se numa única solução personalizada para um grande cliente corporativo, a start-up pode negligenciar a sua visão e escalabilidade, limitando as suas perspetivas de crescimento a longo prazo. No extremo oposto, algumas empresas não procuram uma forte colaboração com a start-up, mas sim uma fonte de consultoria e testes gratuitos, comprometendo muitos dos recursos da start-up.
Risco 2: Acompanhar e escalar prematuramente. Depois de uma prova de conceito bem-sucedida ou da assinatura do primeiro acordo com um departamento de inovação ou um cliente, a solução não deve ser expandida imediatamente. Por outro lado, como colaborar com uma start-up pode ser interessante para diversos departamentos de uma empresa, já que responde a diferentes necessidades, podem ocorrer atrasos, afetando os recursos financeiros da start-up.
Risco 3: Perder seu espírito ágil. Caso a colaboração acelere e a dependência da tomada de decisões corporativas aumente, existe um alto risco de a start-up perder seu espírito ágil.
Riscos para as empresas:
Risco 1: Danos à reputação. Quando algo dá errado numa parceria, os danos causados na reputação têm consequências muito maiores para a empresa do que para a start-up.
Risco 2: Perda de investimento. Cerca de 80% das start-ups falham, então o risco de investimento para as empresas é alto, se comparado com os seus projetos habituais de melhoria incremental ou de inovação.
Risco 3: Proteção do status quo. Os funcionários corporativos estão acostumados a seguir o caminho tradicional e tendem a ver o fracasso como um perigo para as suas carreiras. Numa parceria com uma start-up, podem se sentir ameaçados por uma cultura desconhecida e proteger o status quo corporativo, sem se comprometerem totalmente com os objetivos da parceria.
Parcerias entre start-ups e empresas podem ser complexas, incluindo desafios e riscos latentes, mas também existem benefícios que as tornam desejáveis. Para mitigar o risco e começar a estabelecer as bases para uma parceria de sucesso, o Entrepreneur recomenda que ambas as partes verifiquem e respondam aos pontos da lista a seguir:
Para a start-up ou empreendedor
1.Objetivo da associação:
A. Qual é o objetivo da parceria para a start-up?
B. Qual é o objetivo do parceiro corporativo?
C. Os dois objetivos são alcançáveis ao mesmo tempo?
D. A parceria, no seu estado atual (por exemplo, demonstração paga), fará com que ambas as partes atinjam os seus objetivos?
2. Avaliação do sucesso da colaboração:
A. Como a start-up medirá o sucesso da colaboração?
B. Como o parceiro corporativo fará essa medição?
C. As duas medidas são contraditórias ou complementares?
3. Orçamento:
A. Enquanto start-up, tem margem suficiente para responder às metas de colaboração?
B. O orçamento alocado do lado da empresa (tempo, recursos, outros materiais) é suficiente para atingir o objetivo da parceria?
4. Pessoas com quem terá contato:
A. Com que pessoa da empresa fala?
B. Esta é a única pessoa com quem tem contato?
C. É a pessoa correta para atingir os objetivos da parceria? Certifique-se de falar com, pelo menos, duas pessoas. Se estiver em contato com apenas uma pessoa e se ela sair da empresa, a colaboração ficará em risco. Na melhor das hipóteses, a colaboração poderá acontecer, mas vão passar horas incontáveis a tentar descobrir quem é a nova pessoa responsável pelo negócio. Isso pode afetar o tempo, as metas e os recursos. Esse risco é maior no início da colaboração, antes da assinatura do negócio.
D. As pessoas com quem entrará em contato têm influência suficiente para proteger a colaboração no caso de as prioridades serem reorganizadas no lado corporativo?
Para a organização ou empresa:
1.Objetivo da colaboração:
A. Quais são os objetivos da colaboração?
B. Essas metas estão alinhadas com a estratégia (inovação) da empresa?
C. A meta de colaboração da start-up compete com a nossa meta?
2. Raciocínio interno para a colaboração:
A. Faz sentido olaborar com uma start-up para atingir os nossos objetivos ou podemos alcançar os mesmos resultados, recorrendo aos recursos internos?
3. Clareza sobre a melhor maneira de colaborar:
A. Qual deve ser a forma da colaboração para que possamos atingir o nosso objetivo (ex: demonstração paga, joint venture, demonstração gratuita etc.)?
B. Essa forma de colaboração também ajudará a start-up a alcançar o seu objetivo?
4. Alocação de recursos:
A. Que recursos são necessários para que essa colaboração seja bem-sucedida?
B. Podemos alocar os recursos necessários para que a colaboração seja bem-sucedida?
C Temos os recursos necessários à nossa disposição?
5. Avaliação do sucesso da colaboração:
A. Como a empresa medirá o sucesso da colaboração?
B. Como a start-up o fará?
C. As duas medidas são contraditórias ou complementares?
6. Stakeholders internos da empresa:
A. Quem serão as partes interessadas responsáveis por impulsionar a colaboração na nossa empresa?
B. Essas são as pessoas certas para que a colaboração seja bem-sucedida?
C. Essas pessoas e os seus líderes podem investir o tempo necessário e facilitar os processos internos?