Opinião

O problema de Putin é que ele tem um poder militar que não corresponde ao económico!

Paulo Doce de Moura, Investment Advisor do Banco Carregosa

A União Europeia está agora mais unida depois da Covid? Graças a esta crise, a União Europeia amadureceu. No plano económico, está mais unida, criou uma ligação financeira extremamente forte. Mas, não está unida na estratégia em relação à Rússia ou à China.

Muitos países recuperaram os níveis de riqueza de antes da pandemia. As últimas previsões mostram que não haverá um crescimento tão forte em todo o mundo em 2022, porque no ano passado houve um efeito de recuperação. Mas a questão fundamental é como é que vamos ser uma zona económica competitiva?

A questão é se queremos ter um peso maior como europeus. Especialmente perante a China que é uma potência económica que ameaça países como os da União Europeia. E depois há a Rússia. O grande fracasso de Putin durante 20 anos é o facto de não ter conseguido reduzir a dependência da sua economia em relação ao petróleo e ao gás.

Tem uma potência militar que não corresponde de todo ao seu poder económico!  A economia espanhola é mais importante do que a da Rússia, por exemplo.

 

O desafio é ter empresas que resistam a essa concorrência. Conseguir a transição ecológica, tentar juntar políticas industriais. Por exemplo, a Alemanha é a primeira a dizer que as fábricas de baterias elétricas têm de ser construídas porque, caso contrário, estarão todas na Coreia ou na China. Ou a necessidade de realojar a indústria farmacêutica. O desafio é adaptar-se, quando as mudanças estão a ir a uma grande velocidade.

As questões a tratar na Europa nos próximos anos serão complicadas e terão um grande impacto social. Muitas terão a ver com formação, educação. Cada país tem de trabalhar arduamente para se adaptar e promover a inovação na Europa.

O teletrabalho é uma dessas mudanças!

Já está instalado e irá mais longe. Há 15 anos teria sido impossível, mas hoje os sistemas de comunicação permitiram que assim acontecesse. Esta crise demonstrou que a sociedade europeia não é tão conservadora, normalmente, teríamos querido manter os nossos costumes.

O Banco Central Europeu também não está tão preocupado como a Reserva Federal americana em reduzir a inflação. A questão é saber se queremos ter um peso coletivo maior como europeus ou não e nem todos os países estão alinhados nesta matéria.

Temos o enorme trunfo de ter Estados de Direito. A Europa tem grandes vantagens em comparação com países como a Rússia, a China ou a Turquia. A lei é respeitada, a justiça é independente. E isso é extremamente poderoso. Se vai investir na Europa, sabe que se tiver um problema pode ir a um julgamento a sério. Por outro lado, se te acontecer alguma coisa na China, não sabes bem o que te pode acontecer. Estes valores reforçam a atratividade do continente europeu.

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Paulo Doce de Moura

Paulo Doce de Moura

Paulo Doce de Moura exerce funções no Banco Carregosa e foi diretor do BNP Paribas Personal Finance. Estudou Relações Internacionais-Económicas e Políticas, na Universidade do Minho e Direção Geral de Empresas no Programa Avançado de Gestão para Executivos na Universidade Católica Portuguesa. Foi presidente de Direção da AIESEC (Association Internationale des Étudiants en Sciences Économiques et Commercialles) na Universidade do Minho, Coordenador Distrital Economia, Trabalho e Inovação no Conselho Estratégico Nacional e membro da Assembleia de Freguesia do Lumiar. Escreveu... Ler Mais..

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