Opinião

O poder da liberdade responsabilizada

Sónia Jerónimo, cofundadora da GO IT Concept*

No mundo dinâmico dos negócios, a capacidade de agir com liberdade e tomar decisões responsáveis é um fator fundamental para impulsionar a inovação, a disrupção e uma mentalidade de crescimento.

Hoje escrevo sobre liberdade responsabilizada. A liberdade responsabilizada é uma abordagem do qual sou fervorosa adepta. Nos últimos 20 anos em cargos de liderança, é o meu pilar fundamental de liderança.

A liderança responsabilizada permite aos colaboradores terem autonomia para agir de acordo com o que consideram ser o melhor para si e para a organização e ao mesmo tempo assumem total responsabilidade pelos resultados e impactos obtidos das suas ações e decisões. Esta forma de liderança tem-se demonstrado ainda mais relevante no atual contexto ( e ainda mais futuro) na gestão e liderança de equipas remotas, onde a confiança e a responsabilidade individual e coletiva são cruciais!

A liberdade responsabilizada é um conceito que desafia totalmente as práticas tradicionais de liderança e gestão, onde as decisões são centralizadas e a hierarquia está rigidamente estabelecida. No lado totalmente oposto temos a liberdade responsabilizada que valoriza a autonomia individual ou de uma equipa e a tomada de decisão descentralizada. Nesta abordagem, os gestores e líderes têm confiança nas competências e conhecimentos dos seus colaboradores e encorajam-nos fortemente a agir de forma independente, assumindo a responsabilidade total pelos resultados obtidos.

Para a liberdade responsabilizada ter bons resultados são precisos alguns elementos-chave, que partilho a seguir.

Um dos elementos-chave da liberdade responsabilizada é o feedback constante e contínuo. Este mecanismo desempenha um papel fundamental na construção de uma cultura de responsabilidade e sobretudo de aprendizagem contínua. Ao receber feedback regularmente, os colaboradores têm a oportunidade de refletir sobre suas ações, avaliar os resultados e ajustar o seu comportamento em conformidade. O feedback construtivo permite que eles identifiquem as suas áreas de melhoria, fortaleçam as suas competências, potenciem os seus pontos fortes, explorem positivamente os seus pontos mais fracos e cresçam pessoalmente e profissionalmente.

A liberdade responsabilizada leva a uma cultura de inclusão e diversidade. Quando os colaboradores têm a liberdade de agir de acordo com suas perspetivas individuais, eles trazem uma variedade de ideias e experiências para “cima da mesa”, e isto é priceless! A diversidade de pensamento e abordagens pode levar a soluções inovadoras e totalmente disruptivas. Ao promover uma cultura que valoriza a inclusão e a diversidade, as empresas também criam um ambiente em que todos se sentem valorizados e encorajados a contribuir para o crescimento e o sucesso organizacional.

Outro importante elemento-chave é a qualidade do talento e o seu lugar certo na organização. Para que a liberdade responsabilizada prospere dentro de uma empresa, é fundamental ter o talento adequado em qualidade e quantidade e, nos lugares certos. É um enorme desafio, para todos. Somos pessoas acima de tudo, e temos todos, motivações, interesses e paixões totalmente diferentes, o que torna a tarefa bastante árdua, porque, todos  estes elementos têm ainda de se alinhar com a missão, propósito e valores da organização. Os colaboradores devem ter as competências, conhecimentos e capacidades necessárias para agir de forma independente e tomar decisões responsáveis mas também, valores que se coadunam com essas decisões. Rodearmo-nos de talento denso e alinhado com valores comuns que guiam ambos, colaboradores e organização é árduo, leva tempo, paciência e alguns erros pelo meio.

Outro elemento -chave é a mudança de mentalidade por parte dos gestores e líderes. É preciso que abandonem o modelo tradicional de controle e autoridade e adotar uma postura de apoio, capacitação, motivação e incentivo. Os gestores devem fornecer aos colaboradores as ferramentas e recursos necessários para que possam tomar decisões informadas e agir com responsabilidade. Por isso têm de ter a capacidade de inspirar, incentivando a confiança mútua e promovendo um ambiente de cocriação, onde todos são participantes ativos no processo de crescimento da empresa.

Para os gestores e líderes que ainda não fizeram essa transição, é crucial reconhecer que as equipas remotas exigem esse tipo de gestão e liderança. Com a natureza descentralizada do trabalho remoto, é ainda mais importante confiar nos colaboradores para tomar decisões informadas e agir com elevada responsabilidade. A falta de supervisão presencial não deve ser vista como uma limitação, mas sim como uma excelente oportunidade para empoderar os colaboradores e permitir que eles demonstrem a sua autonomia e capacidade de liderança.

Alguns benefícios são obtidos com esta abordagem. A inovação floresce quando os colaboradores têm a liberdade de explorar novas ideias e abordagens, sem medo de punição por eventuais erros. A disrupção ocorre quando os padrões estabelecidos são desafiados e substituídos por soluções revolucionárias. A cultura experimental desenvolve-se quando a empresa incentiva a experimentação e aprendizagem contínua, encorajando os seus colaboradores a saírem da sua zona de conforto.

Promove um ambiente de crescimento e desenvolvimento profissional. Os colaboradores sentem-se respeitados e valorizados porque têm a oportunidade de assumir um papel ativo no seu próprio crescimento, tomando decisões e sendo responsáveis pelos resultados alcançados. Isto cria uma sensação de propósito e maior satisfação e motivação no trabalho, levando a um maior comprometimento e retenção de talentos.

Para terminar, reforço que a liberdade responsabilizada não significa falta de orientação ou ausência de estrutura. Totalmente o contrário! É essencial estabelecer objetivos e metas claras, comunicar de forma clara e assertiva as expectativas e fornecer todo o suporte sempre e quando necessário. A liberdade responsabilizada não é sinónimo de laissez-faire, mas sim de dar espaço para que os colaboradores cresçam e se desenvolvam, ao mesmo tempo em que assumem a responsabilidade pelos resultados das suas ações e decisões.

Em resumo, para os gestores e lideres que desejam prosperar neste cenário em constante evolução, adotar a abordagem e o mindset de liberdade responsabilizada é uma necessidade, não é mais uma opção!

*E Ambassador na Fábric@ Empreendedorismo Município de Seia

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Sónia Jerónimo

Sónia Jerónimo

Sónia Jerónimo é atualmente Startup Builder EmpowHER®. Anteriormente foi cofundadora da GO IT Concept & Ambassador na Fábric@ Empreendedorismo do Município de Seia, foi Entrepreneur & Board Advisor e passou pela Winning, como COO e Board Advisory. Tem mais de 20 de experiência na área da gestão e liderança de empresas ligadas às tecnologias de informação. Após a licenciatura em Economia, iniciou a sua carreira no mundo académico como professora nas áreas de Economia e Gestão, na Universidade da Beira... Ler Mais..

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