Opinião

O novo mundo dos T.

Emanuel Serrano, Membro da Comissão Executiva do Grupo Compta

É inquestionável, estamos mais vulneráveis! Mas gosto de pensar como Brené Brown: “vulnerabilidade não significa fraqueza da nossa parte, mas sim coragem, e sermos mais humanos”.  Sermos mais humanos é constatar que “não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”.

E que mudança! Penso que todos, sem exceção, sentem nas suas vidas uma alteração radical. O novo normal de todos os dias é agora para muitos o teletrabalho, o tele-ensino a telemedicina, a teleconferência… enfim, um sem número de atividades, de hábitos e de rotinas que de um momento para o outro se desmaterializaram, digitalizando-se pela força desta situação.

Temos literalmente muito em suspenso, mas mais do que nunca os líderes de organizações, públicas e privadas, têm de continuar a ter a coragem e a determinação de acreditar que este modelo digital não pode ser encarado apenas como uma contingência, uma realidade futurística, mas sim como um novo normal. Transformar realmente as organizações, embora seja fundamental a base tecnológica, é, foi, e será continuar a preparar as pessoas e os processos para esta nova realidade.

Só a confiança nas pessoas pode traduzir-se em confiança da economia. Contribuir ativamente para essa confiança, embora vulneráveis, é acreditar na oportunidade para tornar as organizações mais abertas, eficientes e resilientes.

Esta transformação digital tem de ser acompanhada com inclusão digital de todos e sua capacitação. A realidade a que assistimos só veio revelar as assimetrias, não havendo, portanto, lugar agora para desconhecimentos ou esquecimentos. Este novo mundo em T não é pior ou melhor, é diferente, é uma fase, onde se torna imperativo ter humildade para acreditar que o futuro é agora e é de todos.

A economia vai recuperar seja em “V” seja em “U”, estejamos nós capacitados para desta vez fazermos diferente, confiarmos mais na nossa indústria, agricultura, saúde e educação. Áreas que por estes dias, aliás, demonstraram aos muitos que não queriam ouvir anteriormente que podemos depender mais de nós, que quando nos mobilizamos dizemos presente e as coisas acontecem!

Isso não quer dizer que queremos ou podemos estar sozinhos, isolados. Até porque mais uma vez, também aqui, soubemos dizer ao mundo que sabemos acolher, que valorizamos e tentamos cuidar de todos de igual forma, e isso torna-nos um país aberto ao mundo e verdadeiramente global.

As novas caravelas são digitais, não partem apenas dos portos, dos rios, ou dos mares, partem da casa de todos e não partem sozinhas. É com essa vontade que temos de continuar. A digitalização é apenas um dos fatores da equação, um acelerador. Neste novo mundo em T a determinante fundamental são as pessoas!

Nota: Recomendo o filme “O Estagiário”, com Robert De Niro, que passa várias mensagens nesta matéria da transformação e partilha humana de conhecimento.


Emanuel Serrano é membro da Comissão Executiva da COMPTA, ocupando ainda diversos lugares de destaque dentro do mais antigo grupo tecnológico nacional. Na verdade, é presidente e administrador da Compta Business Solutions e administrador da Bee2Fire, uma empresa especializada na deteção antecipada de incêndios com recurso a AI (Inteligência Artificial).

Possui formação em Eletrónica e Telecomunicações, pelo Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, em Empreendedorismo e Gestão de Empresas, pelo Instituto Superior de Economia e Gestão – ISEG/IFEA, tendo ainda realizado o Programa Avançado de Gestão para Executivos (PAGE), na Universidade Católica de Lisboa. Detentor de uma carreira profissional sempre ligada ao setor das TI (Tecnologias de Informação), Emanuel Serrano desempenhou várias funções de gestão, tendo liderado inúmeros projetos de transformação digital em tantos outros setores de atividade que são hoje referências quer no mercado nacional, quer internacional. Tem sob a sua responsabilidade o disruptivo departamento de R&D do grupo COMPTA, equipa responsável pela criação e desenvolvimento da oferta de produtos próprios, assentes em tecnologias emergentes como IA ou IoT (Internet das Coisas), para os mais distintos setores: Smart Cities, Energia, Ambiente, Investigação Criminal ou Deteção de Incêndios.

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