Entrevista/ “O novo hub vai permitir uma cobertura total às PME da zona centro do país”

Paco Conejo, diretor-geral da UPS para o Sul da Europa

Leiria foi a cidade escolhida pela UPS para instalar o mais recente hub, com o objetivo de reforçar a sua capacidade operacional de apoio às PME em Portugal. O Link to Leaders falou com Paco Conejo, diretor-geral da UPS para o Sul da Europa, sobre esta nova aposta.

Depois da criação de uma unidade de brokerage no Porto, a UPS inaugurou um novo hub em Leiria, para reforçar as suas capacidades operacionais de apoio às PME portuguesas, já que a procura de produtos ‘Made in Portugal’ de alta qualidade continua a  crescer. O novo hub ocupa uma área total de 11 000 m² e pode separar até 3 mil encomendas por hora, o equivalente a 16% do volume total da UPS em Portugal.

“A UPS está em Portugal há 33 anos e temos crescido com os nossos centros principais em Lisboa e no Porto, embora também estejamos presentes noutras localidades. Faltava-nos uma presença forte na zona centro — uma região com muitas pequenas e médias empresas que precisam de serviços logísticos competitivos. Com este centro em Leiria, conseguimos isso”, afirmou Paco Conejo, diretor-geral da UPS para o Sul da Europa, referindo que “estamos preparados para apoiar empresas de qualquer setor”.

Estes investimentos permitem  que a empresa aproveite o crescimento do comércio transfronteiriço no país, além da entrega doméstica. Segundo o INE, as exportações e importações portuguesas aumentaram 11,7% e 8,4%, respetivamente, em janeiro de 2025.

Pode contar-nos um pouco sobre o seu percurso na UPS?

Claro! É uma longa jornada. Trabalho na UPS há 40 anos, o que não é muito comum hoje em dia. Comecei na base da empresa e fui crescendo, passo a passo. A UPS tem uma política muito forte de crescimento interno, o que me permitiu, ao longo do tempo, assumir praticamente todas as funções dentro da empresa.

Além disso, tive a oportunidade de viver e trabalhar em cinco países diferentes na Europa. O meu cargo atual é relativamente recente, assumi-o em março do ano passado, quando a UPS reformulou a sua estrutura na Europa. Até março de 2024, a estrutura era mais piramidal; agora é mais horizontal.

O que a empresa fez foi eliminar os níveis de gestão intermédios – entre a região e os países – e passar a organizar-se por clusters. Cada cluster é um grupo de países gerido por um vice-presidente. No meu caso, sou responsável pelo “cluster sul”, que inclui Itália, Espanha, Portugal, Grécia e Eslovénia. E essa, em resumo, é a minha história de 40 anos na UPS!

“Posso garantir que, para mim, foi como se tivesse tido um emprego diferente a cada dois anos, com novas funções, responsabilidades e desafios”.

Considera que é uma boa empresa para trabalhar?

Para mim, a UPS é a melhor empresa do mundo. Quando alguém ouve “40 anos na mesma empresa”, pensa logo que é aborrecido. Posso garantir que, para mim, foi como se tivesse tido um emprego diferente a cada dois anos, com novas funções, responsabilidades e desafios.

Já fui gestor de call center, responsável por centros de clientes em Portugal, passei pela área de operações, vendas, engenharia industrial… E tudo isto em diferentes países. Vivi em Itália, Bélgica, Países Baixos e República Checa. Sem a UPS, não teria tido essas oportunidades. Considero-me uma pessoa de sorte.

A UPS fez mais uma aposta forte. Como é que a localização estratégica em Leiria vai melhorar a eficiência da UPS nas operações em Portugal e na Península Ibérica?

O novo hub vai permitir uma cobertura total às PME da zona centro do país. A UPS está em Portugal há 33 anos e temos crescido com os nossos centros principais em Lisboa e no Porto, embora também estejamos presentes noutras localidades. Faltava-nos uma presença forte na zona centro – uma região com muitas pequenas e médias empresas que precisam de serviços logísticos competitivos. Com este centro em Leiria, conseguimos isso. A partir daqui, temos ligação direta com os aviões no Porto e com os nossos hubs principais na Europa.

Além disso, este edifício está ligado tecnologicamente ao nosso centro de brokerage no Porto, que abrimos em 2021. Começámos com 23 colaboradores e hoje são 150, a trabalhar 24 horas por dia, 7 dias por semana. A chave aqui não é só o edifício – é toda a rede interligada.

Graças à localização estratégica, estamos até a ligar diretamente outras zonas da Europa a este centro de Leiria, e depois daí para Lisboa e Porto. Foi uma decisão acertada e já estamos a ver os resultados.

“A procura por melhorias é contínua. Procuramos constantemente novas soluções para conectar o mundo e sempre que surgem boas oportunidades a UPS investe”.

Com a inauguração de novos hubs e unidades, como o de Leiria e Porto, podemos esperar mais investimentos da UPS em Portugal?

A UPS está sempre a investir. Mais do que o investimento em si, o foco está em ajudar as PME a crescer. Este novo centro em Leiria é só mais um passo. A procura por melhorias é contínua. Procuramos constantemente novas soluções para conectar o mundo e sempre que surgem boas oportunidades a UPS investe.

A UPS está também a lançar o Global Checkout. Podemos dizer que a empresa está a liderar a transformação da experiência de compra online. Como funciona esta nova ferramenta?

O Global Checkout é algo exclusivo da UPS e foi lançado há apenas uma semana. É uma solução pensada para empresas que querem vender fora da União Europeia. Com esta ferramenta, os clientes internacionais (os destinatários) conseguem saber de imediato, no momento da compra, quais os impostos e taxas a pagar. Este processo elimina uma grande barreira para quem compra e para quem vende, especialmente as PME. Muitas vezes, os clientes evitam comprar fora da UE por não saberem quanto vão pagar no total. Com esta solução, essa incerteza desaparece. Curiosamente, o primeiro cliente na Europa a usar o Global Checkout é português!

“Na área da saúde, por exemplo, temos hoje uma faturação de cerca de 10 mil milhões e o plano é duplicar esse valor até 2026”.

Portugal tem uma base de empresas de setores muito diversos. Como é que a UPS prevê adaptar os seus serviços logísticos para dar resposta às diferentes indústrias em Portugal?

A UPS está preparada para trabalhar com todos os setores. Desde o retalho tradicional até à área da saúde e logística com controlo de temperatura. Fazemos de tudo. E não somos só uma empresa de entrega de pequenas encomendas — temos também outras unidades, como a UPS Supply Chain Solutions, que trata da armazenagem, preparação de encomendas e serviços logísticos mais complexos.

Na área da saúde, por exemplo, temos hoje uma faturação de cerca de 10 mil milhões e o plano é duplicar esse valor até 2026. Por isso, continuamos a investir — e estamos preparados para apoiar empresas de qualquer setor.

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