Entrevista/ “O nosso cliente não tem ilusões sobre fórmulas mágicas para ganhar dinheiro em bolsa”

“Quem entra na Air Trading está consciente que o caminho para o sucesso em bolsa é uma maratona não é um sprint”, afirma Bruno Janeiro, cofundador da empresa que disponibiliza serviços de formação de investimento nos mercados financeiros, em entrevista ao Link to Leaders.

Criada em finais de 2019, a Air Trading, uma empresa com um serviço especializado e personalizado de apoio a quem se quer transformar no seu próprio gestor de carteira, atua em Portugal e Espanha, e acompanha cerca de 250 pessoas, algumas das quais há mais de 8 anos.

O seu objetivo é dotar de conhecimentos quem quer investir em bolsa, de forma a que esta seja uma segunda fonte de rendimento, e disponibilizar ferramentas para uma gestão de risco eficiente.

Em franco crescimento no mercado nacional, a empresa está a reforçar a sua estrutura para chegar a geografias fora a Europa.

Como descreve a Air Trading?
A Air Trading é uma empresa de formação em mercados financeiros. A sigla AIR (Aprender, Investir e Rentabilizar) traduz a nossa proposta de valor, tornar investidores sustentáveis na negociação nos mercados financeiros. A criação da empresa veio dar continuidade a um projeto de formação a clientes de uma instituição financeira que criei juntamente com o meu sócio Bernardo Barcelos.

Atualmente, a nossa oferta conta com três planos de formação e dois serviços de mentoria para clientes particulares e um serviço “Tailor Made” para empresas.

“O atual contexto macroeconómico faz com que cada vez mais investidores, particulares e empresas, procurem soluções para rentabilizar as suas poupanças (…)”.

Que balanço faz dos cerca de quatro anos que estão no mercado?
Muito positivo. O atual contexto macroeconómico faz com que cada vez mais investidores, particulares e empresas, procurem soluções para rentabilizar as suas poupanças e sem dúvida que os mercados financeiros são uma alternativa.

A nossa carteira de clientes tem aumentado de forma sustentável, com uma taxa de retenção muito elevada. Isto porque a grande maioria dos nossos clientes após o plano de formação ingressam num programa de mentoria contínuo.

O que distingue a Air Trading de outras empresas na vossa área de atuação?
Focamo-nos em relações de longo prazo, a prova disso é que contamos com clientes há mais de 8 anos, e isto só acontece porque os nossos clientes obtêm resultados. Os nossos serviços diferenciam-se não só por se focarem na parte técnica, mas por abrangerem uma forte componente de gestão monetária e emocional, as quais são determinantes para o sucesso e sustentabilidade como investidor. Outro elemento que considero bastante diferenciador é o acompanhamento individual e personalizado, ajustado às diferentes necessidades de cada um.

Que tipo de clientes procura a Air Trading?
Estamos preparados para trabalhar com pessoas com ou sem experiência nos mercados financeiros. Na verdade, o que nos interessa é que haja um elevado nível de compromisso por quem nos procura, o que não significa necessariamente ter muito tempo disponível. O nosso cliente não tem ilusões sobre “fórmulas mágicas” para ganhar dinheiro em bolsa. Quem entra na Air Trading está consciente que o caminho para o sucesso em bolsa é uma “maratona” não é um “sprint”.

“Acima de tudo as pessoas não se devem deixar enganar pelo conto de fadas que a indústria do trading vende. Não há almoços grátis”.

Quais os maiores desafios que se colocam a quem quer investir na bolsa hoje em dia?
Acima de tudo as pessoas não se devem deixar enganar pelo “conto de fadas” que a indústria do trading vende. Não há almoços grátis. Cada vez temos mais pessoas que chegam até nós depois de já terem perdido muito dinheiro. Ou porque foram burlados, ou porque entraram “às cegas” no mercado. É possível viver só dos investimentos em bolsa? Sim, é. Mas como acontece com qualquer outra profissão, é preciso focar-se no método e em ser consistente.

De que depende o caminho para o êxito em bolsa?
O sucesso no trading é o resultado final de dominar os “3M’s”: Método, Mentalidade e “Money Management”. O investidor não pode ter sucesso com apenas duas destas três variáveis. Têm que ser as três. Normalmente, os investidores focam-se apenas em encontrar o método perfeito. Mas tenho a informar que não existem “bolas de cristal”. Sem a mentalidade e a gestão monetária adequadas, nunca atingirão a consistência e a sustentabilidade no trading.

Como caracteriza o típico investidor de bolsa português?
Diria que tem vindo a ocorrer uma enorme transformação no perfil do investidor português ao longo dos últimos anos. Antigamente, o investidor português era aquele que tinha ações de meia dúzia de empresas portuguesas e limitava-se a acumular posições à medida que as ações desvalorizavam. Hoje em dia, existe uma maior consciencialização para os riscos de investir em bolsa, daí que cada vez mais pessoas procurem formar-se antes de se iniciarem nos mercados.

De que forma a sua experiência na indústria de corretagem o aproximou da realidade dos investidores de retalho e das suas necessidades específicas de negociação?
Ajudou a perceber que o sonho que a indústria vendia para os investidores de retalho não correspondia à realidade, pois a maioria perdia dinheiro. Mas também permitiu identificar aquilo que tinham em comum todos os investidores que ganhavam dinheiro de forma consistente. É essa realidade que nós ensinamos a todos aqueles que estão na nossa comunidade.

“(…) os ativos mais voláteis, como é o caso das criptomoedas, apresentam maiores riscos de curto prazo. No final, tudo dependerá da metodologia usada por cada investidor”

Que conselhos dá a quem quer dar os primeiros passos com as moedas digitais?
Acima de tudo, qualquer investidor de ativos de rendimento variável tem de estar ciente que existem riscos em cada investimento, os quais estão em parte associados à volatilidade de cada ativo. Portanto, os ativos mais voláteis, como é o caso das criptomoedas, apresentam maiores riscos de curto prazo. No final, tudo dependerá da metodologia usada por cada investidor.

Como avalia o recurso a tecnologias, como a inteligência artificial, por parte dos investidores da bolsa? Ao que devem estar atentos? Quais os riscos e oportunidades?
O uso de algoritmos informáticos no trading não é de agora, começou na década de 80 com o “Program trading”, e 20 anos mais tarde evoluiu para o trading de alta frequência. A eficiência destes algoritmos não se baseia na previsão, mas sim na rapidez de execução. Apesar dos desafios com a introdução cada vez maior da IA no trading, é também o melhor momento para aprender, já que as bolhas têm grande participação dos robôs e, quando elas acontecem, surgem as oportunidades mais atrativas de ganhar dinheiro na Bolsa.

Projetos para o futuro da Air Trading?
O nosso objetivo nesta fase é consolidar-nos nos nossos principais mercados, Portugal e Espanha e, de seguida, expandir para outros mercados de língua portuguesa e espanhola. Para além disso, pretendemos continuar a desenvolver parcerias com entidades institucionais que vejam nos mercados financeiros uma maneira de gerar fonte de rendimento.

Que novos serviços podemos esperar da Air Trading?
Desde o primeiro dia de criação, a AIR Trading sempre soube ajustar-se àquilo que são as necessidades dos nossos clientes. Ao longo destes quatro anos, temos adicionado conteúdo e serviços que consideramos serem importantes para o processo de aprendizagem dos nossos clientes e é assim que vamos continuar a fazer.

Respostas rápidas:
Maior risco: Incapacidade de conquistar a confiança das pessoas devido ao cepticismo causado pelos esquemas fraudulentos da indústria, tanto de corretoras como de empresas de formação.
Maior erro: No início, pensámos em massificar parte dos nossos serviços.
Maior lição: Perceber o impacto tão positivo que conseguimos obter com o acompanhamento individual e personalizado.
Maior conquista: Os resultados sustentáveis dos nossos clientes e a consequente taxa de retenção.