O impacto do novo coronavírus: 7 metas que qualquer start-up deve rever

Fundos de investimento alertam start-ups para o facto de as finanças, vendas e marketing poderem ser afetados pela pandemia do novo coronavírus e dão dicas para sobreviverem a esta nova fase.

A pandemia de Covid-19, causada pelo novo coronavírus, já infetou cerca de 170 mil pessoas e 6509 pessoas morreram, com o número de casos de infeção e mortes a ser maior fora da China do que no país onde foi identificado o novo coronavírus, de acordo com a Reuters. O impacto não se sente apenas na saúde, mas também na macroeconomia e na operação de diversas empresas.

Nem mesmo as start-ups escapam das consequências da pandemia – e será preciso rever metas para este ano. É esta a opinião de diversos fundos de capital de risco e também do espaço de inovação e de trabalho partilhado Cubo Itaú, no Brasil.

O novo coronavírus já foi considerado o “cisne negro de 2020” pelo fundo Sequoia Ventures, de Silicon Valley, nos Estados Unidos. Criado pelo autor Nassim Taleb, o termo significa um evento raro, com consequências imprevisíveis e de grandes proporções.

“Vemos bancos centrais a reduzirem a taxa de juros a uma velocidade nunca antes vista, para tentar incentivar a velocidade nos negócios. Passaremos talvez a uma política macroeconómica global de incentivo à economia”, analisou Flavio Pripas, diretor de corporate venture no fundo de investimentos brasileiro Redpoint eventures.

Mesmo com a possibilidade de ação governamental contra os efeitos da pandemia, as start-ups devem preparar-se para o pior. Em tempos de crise, apenas aqueles que se adaptam melhor aos cenários incertos poderão sobreviver.

Confira as sete metas que todo o negócio escalável, inovador e tecnológico precisa de rever com o novo coronavírus, segundo os fundos de investimento que a Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios cita.

1. Meta de trabalho presencial
A rotina de trabalho e de contato presencial intenso é um dos primeiros pontos a serem revistos por qualquer start-up. Alguns projetos escaláveis já tomaram atitudes que servem de exemplo.

A plataforma de compra e venda de criptomoedas Coinbase sugeriu o trabalho remoto para todos os funcionários e reforçou a limpeza dos seus escritórios para quem precisa de comparecer presencialmente ao serviço. A app de mensagens Slack também aumentou o seu número de trabalhadores remotos e deu algumas dicas para ajudar na comunicação virtual dos funcionários.

Pedro Moura, responsável da start-up portuguesa Landing Jobs – plataforma de recrutamento online – admite que o trabalho remote friendly é uma tendência que se vai solidificar agora. Um estudo da empresa revela: “80% dos profissionais de tecnologias de informação em Portugal estão preparados e desejam essa solução”.

2. Meta de vendas
Com menos conferências e eventos para participar, as start-ups que dependem dessas atividades para promover o seu produto ou serviço podem deparar-se com uma quebra nas suas vendas.

A maior dificuldade em estabelecer relacionamentos sólidos recorrendo apenas aos meios virtuais gera menos clientes potenciais. Mesmo que haja consumidores interessados, os ciclos de venda serão mais longos perante um cenário de menos reuniões presenciais, analisa Tomasz Tunguz, sócio no fundo americano Redpoint Ventures. Por isso, ajuste a sua meta de vendas e seja mais conservador para 2020. A Sequoia já percebeu que algumas start-ups não atingirão as suas metas do primeiro trimestre deste ano.

3. Meta de captação de investimentos
Levantar capital pode ser mais difícil em tempos de pandemia de Covid-19. De acordo com a Sequoia, muitos fundos também deixaram de investir após o estouro da bolha dos anos 2000. No caso do novo coronavírus, há um agravante: as reuniões presenciais, fundamentais para fechar uma injeção de capital de risco, podem ser adiadas.

Alguns negócios sobreviveram e alcançaram muito sucesso após os anos 2000, como Google e PayPal. Pense em como também pode superar tempos de cautela nos investimentos.

4. Avaliação de mercado
Rondas mais lentas também podem afetar a avaliação de mercado das start-ups. Se as negociações irão demorar mais a acontecer, a atualização do valor do projeto também será afetada. As sart-ups já investidas também podem ver a sua avaliação diminuir perante uma taxa de crescimento menor do que a anteriormente projetada, segundo Tunguz.

5. Meta de dinheiro em caixa
Se as vendas e o investimento externo podem demorar mais, é preciso que o empreendedor fique de olho no dinheiro em caixa. Esse capital pode ser fundamental para enfrentar meses de crescimento abaixo do projetado.

De preferência, não conte com investimentos externos de capital à sua start-up no curto prazo. Questione-se: tenho um plano de contingência para suportar alguns meses maus, com reserva de caixa ou com despesas que eu posso cortar sem afetar a essência do meu negócio?

6. Gasto com marketing
Se é preciso controlar melhor o dinheiro em caixa e as vendas podem descer, os investimentos em marketing terão de ser mais eficientes. Avalie o retorno de cada ação de publicidade, assim como o prazo de devolução do capital investido na mesma.

7. Gasto com contratações
Da mesma maneira, as contratações também podem ser afetadas com a pandemia de Covid-19. Esforços mais eficientes de marketing e projeções mais conservadoras de venda levam a uma menor contratação de funcionários. Lembre-se que cada funcionário é um investimento.

 

Comentários

Artigos Relacionados