Opinião
O futuro do trabalho é responsável: tendências, ética e propósito

Vivemos um tempo de transformação profunda no mundo do trabalho. A digitalização acelerada, os avanços tecnológicos, a inteligência artificial, as alterações demográficas e, sobretudo, as expectativas sociais emergentes estão a reconfigurar a forma como trabalhamos, lideramos e criamos valor.
Mas este futuro do trabalho não se constrói apenas com mais eficiência, tecnologia ou inovação, mas também com mais ética, inclusão e propósito. Mais do que nunca, espera-se que as empresas contribuam ativamente para uma sociedade mais justa, coesa e sustentável.
Nesta transformação, colocam-se vários desafios às empresas e às lideranças.
Como podemos conciliar, de forma sustentável, modelos de trabalho flexíveis que garantam o bem-estar dos colaboradores, capturando os benefícios destes modelos sem prejudicar o sentido de pertença e a dinamização de uma cultura organizacional positiva – uma cultura que, em tudo, contribua para mais e melhores resultados?
É certo que a automação e inteligência artificial estão a redesenhar funções e competências. Cabe às lideranças garantir que estes processos são feitos de forma responsável, assegurando uma transição justa, promovendo o reskilling e o upskilling das suas pessoas, e não deixando ninguém para trás.
São desafios que exigem mais das nossas lideranças – onde a autoridade baseada no controlo dá lugar a uma liderança baseada na escuta, na confiança e no exemplo.
Num contexto que nos coloca dilemas cada vez mais complexos – desde a privacidade digital até à inteligência artificial generativa – a ética empresarial deve ser uma ferramenta essencial, e não um acessório. Tomar decisões com responsabilidade implica olhar para os impactos sociais e ambientais de forma integrada, antecipando riscos e assumindo compromissos.
As novas gerações procuram mais do que um salário: querem um sentido. Trabalhar com (e para) um propósito. Esta procura de propósito não é uma moda; é uma mudança estrutural na relação com o trabalho. Empresas que não consigam articular de forma clara o seu contributo positivo para o mundo arriscam-se a perder talento, clientes e relevância.
Neste caminho, o setor empresarial tem uma oportunidade – e uma obrigação – de liderar pelo exemplo. No GRACE, vemos diariamente como a responsabilidade corporativa pode transformar organizações e comunidades. Vemos empresas que investem na equidade de género, que criam programas de inclusão para públicos vulneráveis, que medem o seu impacto ambiental e ajustam as suas operações para reduzir a pegada ecológica.
Estas práticas não são apenas éticas – são estratégicas. Porque o futuro do trabalho, e do próprio tecido económico, será inevitavelmente mais humano, mais consciente e mais interdependente.
O futuro do trabalho será responsável – ou simplesmente não será.
*Em representação da Sonae SGPS