Entrevista/ “O dinheiro físico ainda não desapareceu, mas é certo que isso vá acontecer”
“Para a Mollie, Lisboa é um centro estratégico, não só para Portugal, mas também para a expansão na Península Ibérica”, assegura Koen Köppen, CEO da empresa. Com foco no crescimento, a empresa quer reforçar a equipa até final do ano, com destaque para as áreas de produto e engenharia.
Fornecedor europeu de serviços financeiros, a Mollie tem feito o seu percurso de expansão pela Europa, com presença em mercados como Países Baixos, Alemanha, Itália, França Inglaterra, Bélgica e Suécia. Portugal não escapou ao radar da empresa até porque como salienta Koen Köppen, CEO da Mollie, “vemos um grande potencial no país e estamos empenhados em investir neste mercado”.
Com um hub tecnológico em pleno desenvolvimento, e para o qual está a contratar, a Mollie posiciona-se como um parceiro para ajudar as empresas que vendem online ou prestam serviços digitais, a simplificarem o processamento de pagamentos, tanto online como presencial, mas além das soluções de pagamento, em breve vai expandir a oferta de serviços em Portugal com o Mollie Capital e o Mollie Invoicing. O CEO da empresa, revela alguns dos projetos para o mercado nacional e, a nível global, a intenção de alargar a atividade nos países nórdicos e na Europa de Leste.
Depois de vários escritórios na Europa, o que vos atraiu para Portugal, considerando que, comparativamente a outros países, se trata de um mercado pequeno?
Em Portugal, o mercado de e-commerce encontra-se numa fase de rápido crescimento. No entanto, as empresas portuguesas, nomeadamente as PMEs, continuam a enfrentar diversos desafios, como a utilização de tecnologia desatualizada, um apoio ao cliente insuficiente e uma burocracia financeira excessiva. Tendo em consideração estas dificuldades, procurámos desenvolver soluções que realmente ajudem os negócios. Nesse sentido, oferecemos opções de pagamento simples, que incluem os métodos de pagamento em Portugal, como o MB Way e o Multibanco, combinando-as com um serviço de apoio ao cliente totalmente em português.
Além disso, acreditamos que o cenário tecnológico e o mercado de e-commerce de Lisboa fazem da cidade o local ideal para expandirmos a nossa solução Mollie Connect para plataformas SaaS e marketplaces. Para a Mollie, Lisboa é um centro estratégico, não só para Portugal, mas também para a expansão na Península Ibérica.
“(…) estamos a dar prioridade a Portugal como um dos principais motores da nossa estratégia de crescimento e expansão.”
E qual a importância de Portugal no conjunto dos mercados em que estão presentes?
O nosso objetivo é construir parcerias sustentáveis e de longo prazo com as empresas europeias e Portugal desempenha um papel muito importante na concretização desse objetivo. Vemos um grande potencial no país e estamos empenhados em investir neste mercado.
Nesse sentido, estamos a dar prioridade a Portugal como um dos principais motores da nossa estratégia de crescimento e expansão. Estamos confiantes de que as nossas soluções personalizadas e o nosso apoio local terão um forte impacto nas empresas portuguesas, permitindo-nos entrar de forma relevante no setor e contribuir para o desenvolvimento do panorama do e-commerce no país.
Iniciaram o vosso hub tecnológico em Portugal em 2022. Como têm sido a evolução desde então?
Desde o seu lançamento, o hub tecnológico tem crescido significativamente. Começámos com uma equipa de engenharia e, ao longo do tempo, expandimos para vários departamentos. Atualmente, contamos com equipas de gestão de produto, recursos humanos, aprendizagem e desenvolvimento e, mais recentemente, incluímos uma equipa de apoio ao cliente e vendas.
Desta forma, o hub de Lisboa tornou-se multifuncional e reúne todos os elementos necessários para garantir um serviço de apoio ao cliente completo. Até ao final do ano, prevemos ter mais de 80 colaboradores e queremos continuar a crescer com o objetivo de sermos um centro estratégico para a expansão europeia da empresa.
Que diferença as vossas soluções de pagamento podem fazer no mercado português? Qual a estratégia para os clientes nacionais?
Como expliquei, oferecemos soluções de pagamento simples como o MB Way e o Multibanco, complementadas por uma experiência personalizada e um serviço de apoio ao cliente em português, composto por profissionais que conhecem e compreendem o mercado local. Acreditamos que a nossa abordagem hiperlocal é o que nos distingue da concorrência, uma vez que cada país e mercado europeu são diferentes. O nosso principal objetivo é simplificar a gestão financeira dos clientes, para que eles se concentrem no que realmente importa: o crescimento do seu negócio.
Além das soluções de pagamento, em breve vamos expandir a nossa oferta de serviços em Portugal com o Mollie Capital e o Mollie Invoicing. O Capital ajuda as empresas a obter financiamento rápido e flexível – em menos de 24 horas. Com o Invoicing, as empresas poderão criar, editar e enviar faturas personalizadas em minutos, para ajudar os seus clientes a pagar de forma rápida e simples.
“(…) as soluções de pagamento assumem um papel estratégico para os empresários, sendo a ajuda perfeita para vender mais (…)”.
Como analisa o futuro da relação entre comércio eletrónico e as novas soluções de pagamentos digitais?
O e-commerce e as soluções de pagamentos digitais estão cada vez mais interligados. À medida que as exigências dos consumidores aumentam, especialmente no que diz respeito a experiências checkout perfeitas, rápidas e seguras, as soluções de pagamento assumem um papel estratégico para os empresários, sendo a ajuda perfeita para vender mais, fidelizar clientes e expandir os negócios.
Identificamos três tendências claras que irão moldar o futuro. Primeiro, o checkout tornar-se-á mais simples, permitindo pagamentos rápidos, feitos com um só clique ou através de autenticação biométrica. Segundo, os métodos de pagamento estarão cada vez mais adaptados a cada mercado, uma vez que as preferências dos consumidores variam conforme o país, a cultura e o perfil dos empresários. Por último, as finanças integradas irão eliminar as barreiras entre pagamentos e operações bancárias e comerciais, dando aos empresários a possibilidade de terem acesso a serviços financeiros integrados nas suas plataformas, permitindo-lhes ter um acesso mais facilitado ao capital, a dados financeiros relevantes e uma melhor gestão da tesouraria.
Na Mollie estamos a investir em tecnologia para ajudar as empresas a aceitar diferentes pagamentos e a crescer de forma mais rápida e inteligente. Conseguimos isso através de dados mais precisos, processos automatizados, acesso a soluções financeiras integradas e aproveitando a nossa experiência no mercado local.
Afirmam que a vossa plataforma ambiciona reduzir a burocracia financeira em toda a Europa, desde start-ups a grandes empresas. Como é que essa proposta está a ser recebida por empresas e consumidores?
A burocracia financeira é um dos maiores desafios para as empresas europeias, quer sejam start-ups que procuram crescer rapidamente ou empresas que se debatem com sistemas bancários antigos. Todas querem avançar o mais rápido possível sem serem atrapalhadas pela burocracia e procuram simplificar as operações e reduzir o desgaste com processos complexos. A nossa plataforma foi desenvolvida para ser intuitiva, transparente e flexível, qualidades muito valorizadas pelos nossos clientes. Ouvimos frequentemente que a Mollie é diferente: mais fácil de utilizar, mais rápida de configurar e oferece um apoio mais humano. Esse é o impacto que queremos continuar a causar.
Quais os clientes mais emblemáticos da Mollie em Portugal?
Até ao momento, já ajudámos mais de 100 empresas portuguesas com as soluções de pagamentos online e presenciais. Dois clientes que estão no nosso portefólio atualmente são a Miista e MeV Green Mobility (um dos nossos mais recentes clientes omnicanal).
O Hub tecnológico de Lisboa pretende atingir os 80 profissionais até ao final de 2025. Quais as áreas de recrutamento prioritárias e o que procuram nas vossas equipas?
As áreas de Produto e Engenharia continuam a representar grande parte do nosso hub, uma vez que continuamos a reforçar estas equipas em Lisboa. Além disso, estamos a expandir as equipas locais de apoio ao cliente, vendas comerciais e parceiros, que também contribuem para o crescimento do hub.
“Para as gerações mais jovens, o digital é o padrão”.
Como vê a evolução da tecnologia na área dos pagamentos financeiros? O dinheiro físico começa a ser uma miragem?
A tecnologia está a transformar completamente a forma como realizamos pagamentos, recebemos dinheiro e gerimos as nossas finanças. Essa mudança está a acelerar a necessidade das empresas oferecerem experiências simples e personalizadas, sem complicações.
O dinheiro físico ainda não desapareceu, mas é certo que isso vá acontecer. Em muitos mercados europeus, a sua utilização já diminuiu significativamente. Para as gerações mais jovens, o digital é o padrão. À medida que as carteiras digitais, os pagamentos contactless e conta-a-conta se tornam mais seguros e acessíveis, as pessoas simplesmente consideram o dinheiro menos útil.
Para nós esta evolução não se trata apenas de conveniência, mas também de transparência, eficiência e controlo. O nosso papel é facilitar o crescimento dos empresários e dos seus parceiros, oferecendo soluções e produtos ajustados às suas necessidades. O futuro das finanças será cada vez mais integrado e queremos garantir que os nossos clientes estão prontos para essa transformação.
Quais os planos de expansão da Mollie? Está a olhar apenas para a Europa ou mais além?
Após a expansão para Itália, Polónia, Suécia e, mais recentemente, Portugal, planeamos entrar em mais dez mercados ao longo de 2025, especialmente nos países nórdicos e na Europa de Leste. Paralelamente a esta expansão geográfica, a Mollie está reforçar o seu portefólio de serviços, nomeadamente as suas soluções de pagamentos presenciais.








