Negócios do mês: compras na área da mobilidade elétrica, inteligência artificial, energia solar e vidro

Junho foi um mês animado para as compras e vendas de empresas. Desde a Sotecnisol que comprou 51% do capital da Evolut.green, passando pela Accenture que concluiu a aquisição da Flutura ou a Tecnoplano que adquiriu a Noon Energy até à ActiveCap que entrou no capital da Cristalmax, conheça os negócios que marcaram o mês.
Sotecnisol compra 51% de empresa portuguesa de mobilidade elétrica
O grupo Sotecnisol, que opera nos setores da construção, ambiente e energia, comprou 51% do capital da Evolut.green, entrando no negócio da instalação de pontos de carregamento para carros elétricos.
Em comunicado, a Sotecnisol frisa querer disponibilizar soluções abrangentes, entrando no segmento da mobilidade elétrica “numa altura em que as cidades inteligentes ganham protagonismo e a venda de veículos elétricos aumenta acima dos 140% em Portugal”.
“Atualmente, Portugal é o terceiro país na Europa que mais adquire estes veículos, estimando-se que, até 2035, seja muito reduzido o número de veículos convencionais à venda. Mas a verdade é que não temos ainda carregadores suficientes, seja em casa ou na via pública, para todos os carros que teremos”, comenta Jorge Balsemão, responsável na Sotecnisol.
Até 2026, a Sotecnisol, um grupo com um volume de negócios acima dos 50 milhões de euros anuais, pretende aumentar a sua faturação a três dígitos. Atualmente, além de Portugal, o grupo está presente em Espanha, Angola, Moçambique e Argélia.
Accenture conclui compra da empresa de Inteligência Artificial Flutura
A Accenture concluiu a compra da Flutura, uma empresa industrial de Inteligência Artificial que vai fortalecer os serviços de IA industrial da multinacional para aumentar o desempenho das fábricas, refinarias e cadeias de abastecimento.
“A Accenture concluiu a aquisição da Flutura, uma empresa industrial de Inteligência Artificial (IA), com sede em Bangalore, Índia. Os termos da transação, anunciada pela Accenture em 21 de março de 2023, não foram divulgados. A Flutura fortalece os serviços de IA industrial da Accenture para clientes nas indústrias de energia, química, metais, mineração e farmacêutica”, escreve a multinacional em comunicado.
Este é um negócio de particular interesse para a Accenture, uma vez que o grosso das suas vendas provém da região Ásia-Pacífico, cerca de 70%, sendo que outras regiões como a EMEA, América do Norte e América Latina contribuem com 15%, 10% e 5%, respetivamente.
“A aquisição da Flutura vai impulsionar a transformação da indústria através da IA para os nossos clientes a nível global, e particularmente em geografias como a Austrália, Sudeste Asiático, Japão, África, Índia, América Latina e Médio Oriente”, explicou Senthil Ramani, diretor executivo sénior da Accenture.
A Accenture liderou o mercado de serviços de IA industrial em 2022, seguida pela Deloitte, de acordo com os dados da Gartner. A empresa espera que este mercado atinja os 232 mil milhões de dólares (212 mil milhões de euros) até ao final de 2024.
Tecnoplano adquire maioria do capital da Noon Energy no Brasil
A Tecnoplano, companhia portuguesa vocacionada para a gestão de empreendimentos da construção, anunciou a aquisição da maioria do capital da Noon Energy, empresa especializada em soluções de energia solar e carregamentos elétricos, no Brasil.
A Noon Energy foi fundada em 2012 e tem vindo a desenvolver projetos no âmbito da sustentabilidade em diversas regiões do Brasil, oferecendo soluções integradas em energia solar através de serviços que incorporam o projeto e instalação de sistemas fotovoltaicos e a monitorização e manutenção de centrais solares.
“O nosso interesse em realizar projetos sustentáveis insere-se na estratégia definida pelo Grupo Tecnoplano, vendo nesta aquisição da Noon Energy a forma ideal de continuar a trilhar o caminho. O nosso compromisso com o mercado brasileiro está mais forte do que nunca e queremos poder proporcionar um desenvolvimento mais sustentável, acelerando o movimento de democratização da produção de energia à população brasileira através de soluções de produção fotovoltaica descentralizada e acessíveis a empresários e particulares”, afirma Bernardo Matos Pinho, administrador executivo da Tecnoplano.
Com 57 anos de atividade em Portugal e 12 no Brasil, a Tecnoplano pretende fortalecer a sua presença no mercado da energia renovável. De acordo com os dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), cerca de 11% da matriz energética brasileira resulta da energia solar, o que se deve aos 24 GW de capacidade instalada e implica um crescimento do setor no Brasil.
Capital de risco ActiveCap compra fábrica de vidro em Cantanhede
A ActiveCap – Capital Partners, liderada por Pedro Correia da Silva, João Ferreira Marques e Francisco Martins, decidiu avançar para a compra de uma participação minoritária na Cristalmax, uma empresa industrial fundada em dezembro de 1994 e sediada em Murtede, no concelho de Cantanhede, especializada na transformação e comercialização de vidro plano.
A sociedade gestora do Fundo ActiveCap I – Portuguese Growth Fund (PGF) já notificou a Autoridade da Concorrência da aquisição de “participações representativas de capital social e de direitos de voto” da sociedade Cristalmax – Indústria de Vidros, S.A. e da sua participada em França.
Caso seja aprovada pela entidade agora liderada por Nuno Cunha Rodrigues, esta operação confere o controlo conjunto da empresa do distrito de Coimbra à capital de risco – já investiu na empresa de material de escritório Firmo e Staples, na empresa de suplementos desportivos Zumub ou na Nexxpro (capacetes para motociclismo) – e à holding Maxtrends, que tem como único ativo a Cristalmax.
Em comunicado, a Cristalmax e a ActiveCap falam numa “parceria para o investimento na capacidade produtiva e no crescimento da fábrica”, em contrapartida de uma participação minoritária, com a capital de risco a ajudar no “desenvolvimento e crescimento” da empresa. Máximo Silva (fundador) e Ana Margarida Silva mantêm-se como principais acionistas.
“Este é um investimento que resulta do posicionamento e do reconhecimento do valor acrescentado que a Cristalmax tem no setor. A experiência industrial extensa dos acionistas maioritários no setor vidreiro, assim como a capacidade de inovação da empresa, também foram decisivos. Aliado a isto, há um elevado potencial de crescimento, num setor que é bastante dinâmico”, explica Francisco Martins, partner da ActiveCap.
Constituída pelo empresário Máximo Silva há 28 anos na Zona Industrial de Murtede, a Cristalmax exporta vidro para mais de 25 países, entre os quais Espanha, Reino Unido, Suíça, Bélgica, Brasil, Canadá, EUA, Marrocos, Angola, Moçambique, Cabo Verde ou Senegal.
A ActiveCap foi a capital de risco com melhor classificação no programa Consolidar, entre as 14 escolhidas pelo Banco Português de Fomento para gerirem os 500 milhões de euros deste programa. Vai receber 47 milhões de euros do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), a que juntará, no mínimo, 20,14 milhões em capital privado.