Opinião

O Marketing do Turismo ou Turismo do Marketing? – Coisas de Portugal!

Liz Silva, presidente da AMA empresarial

Portugal é, há largas décadas, um país claramente vocacionado para o turismo e tem tido um crescimento apoteótico, de tal maneira que representa, hoje em dia, mais de 10% do Produto Interno Bruto e desempenha cerca de 500 mil postos de trabalho. Ou seja, o turismo é uma realidade da nossa sociedade e economia, em todo o país.

O turismo mudou no pequeno retângulo chamado Portugal. Há uns anos, o turismo baseava-se nas regiões de Lisboa, Algarve e Ilha da Madeira. Agora é todo um país que pode oferecer praia, campo, rio, gastronomia variada, excelentes vinhos, museus, monumentos, aldeias, tradição, entre muitas outras ofertas.

O turismo é um setor estratégico para a economia nacional e, sem dúvida, com um forte potencial de crescimento económico e desenvolvimento social. O turismo tem embate incontornável e transversal em muitos setores da sociedade em Portugal, criando riqueza, influenciando e concebendo novas culturas em novos nichos de pessoas.

Existe um paradigma importante e que devemos ter em conta: segundo estimativas da OMT – Organização Mundial do Turismo, é alvejado um crescimento mundial do turismo de 3,3 por cento ao ano até 2030, o que pode representar um fluxo de 43 milhões de novos turistas e, sem dúvida, uma oportunidade ímpar no negócio do turismo em Portugal.

É urgente analisar e posicionar a Marca Portugal, como um turismo apetecível para os turistas. Não podemos oferecer o que os outros países também oferecem. Devemos diferenciar-nos num mercado competitivo, algo que é difícil de alcançar.

Com uma oferta cada vez mais diversificada e qualificada, Portugal tem cada vez maior notoriedade a nível internacional, enquanto destino turístico. De alguns anos para cá, os turistas que visitam Portugal procuram estadias mais curtas, mas novas experiências inigualáveis. É preciso lembrar que os dados existentes apontam para que o turista em Portugal se divide principalmente em dois segmentos: um que está dependente das novas tecnologias e outro dirigido para os seniores, que procuram uma experiência mais tranquila e de grande conforto.

Os grandes pontos fortes do turismo em Portugal e que servem como uma forte atração, são desde já o clima, a forte hospitalidade dos portugueses, o mar, a tranquilidade e certa segurança, mas também, sendo um país pequeno, uma enorme diversidade de ofertas.

Os pontos fracos a melhorar a médio prazo são: a falta de notoriedade efetiva da Marca Portugal em países emergentes, a falta de uma verdadeira aposta na publicidade coerente com um turismo diversificado (não só em Lisboa, Porto, Fátima, Algarve e Ilha da Madeira) e a falta de uma aposta na prevenção dos incêndios, que apresentamos como cartão de visita verão após verão.

Vou nomear três objetivos, entre muitos, que devem ser repensados pelas instâncias responsáveis desta área:

O primeiro grande objetivo deve ser a congregação dos empresários do setor, regiões de turismo, governo, autarquias e desenhar uma “plataforma” quase digital das diferentes ofertas e experiências que Portugal pode oferecer, desde Valença do Minho até Vila Real de Santo António. Um trabalho coerente e na mesma direção.

O segundo grande objetivo, no meu entender, é apostar em tudo o que anda à volta da diáspora portuguesa. Se existem 10 milhões de portugueses lá fora, deve-se apostar nos amigos/conhecidos desses portugueses e descendentes, que podem ser perto de mais 40 milhões de novos turistas. Lembro que os emigrantes portugueses podem ser os “verdadeiros” embaixadores de Portugal.

O terceiro grande objetivo deve ser uma aposta fundamental do Governo português em criar estruturas para o turismo setorial em Portugal. Por exemplo: temos Fátima, um dos grandes centros turísticos religiosos do mundo; no entanto, não existe um turismo religioso de traçar os caminhos dos peregrinos, senão nas estradas nacionais, sem nenhuma segurança, o que não é atrativo para um turismo mundial muito interessante.

Como acontece com muita coisa em Portugal, vou ouvir que já se pensou, se está a estudar, se estão a dar os primeiros passos, não percebo nada de nada, etc., etc., etc… No entanto, é urgente saber fidelizar um turismo interessante para Portugal, e ser uma referência na Europa, porque tem características únicas e insubstituíveis.

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Liz Silva

Liz Silva

Liz Silva é atualmente presidente da M2UP – Marketing & Business Association. Anteriormente foi presidente da AMA Empresarial – Associação de Marketing e Atitude Empresarial, Diretor do conhecido Projeto “Liz Silva – Alta Performance em Negócios” e Coordenador de dois Cursos de MBA, nomeadamente “How to be a Business Game Changer” e “Global Wine Business” no Politécnico Coimbra Business School. É orador e formador internacional nas variáveis do Marketing. Empreendedor nato, é autor e co-autor de vários livros. É um... Ler Mais..

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