Opinião
Liderança feminina: novidade ou necessidade?
Sheryl Sandberg, COO do Facebook, disse que é preciso “garantir que as vozes das mulheres sejam ouvidas e atendidas, em vez de esquecidas e ignoradas”. Ao mesmo tempo, Melinda Gates, cofundadora e copresidente da Fundação Bill & Melinda Gates, afirma que uma mulher com voz é, por definição, uma mulher forte.
O tema da força e capacidade de liderança das mulheres não é uma discussão nova, mas uma realidade que todos devemos reconhecer. Estas são características que fazem parte da pessoa e não do género e que podem ser aprendidas e trabalhadas por todos.
Não quer isto dizer que homens e mulheres estejam em pé de igualdade perante o mercado: apenas 4,9% dos CEO de empresas da Fortune 500 e só 2% dos CEO de empresas da S&P são mulheres [Catalyst, Pyramid: Women in S&P 500 Companies (January 15, 2020)], porém, elas têm melhores resultados em categorias relacionadas com gestão e liderança de pessoas e organizações. Como se explica, então, esta disparidade? Diferença de oportunidades, preconceito, dificuldade de acesso à formação e fosso salarial são algumas das razões que explicam este facto e muito se tem feito para tentar alcançar uma verdadeira igualdade de género.
Mas até que esta seja uma realidade 100% concretizada, o mercado, que para lá vai caminhando, continuará a ser dominado por homens e há muito que estes podem aprender com o estilo e as características de liderança de muitas mulheres, não só pela diferença de género, mas pelo aumento da diversidade, que traz uma outra força. A capacidade de adaptação é uma das qualidades mais importantes num líder; é o que lhe permite fazer frente aos desafios e ultrapassá-los de uma forma ágil.
A empatia é outro dos aspetos essenciais do líder, que deve ser alguém capaz de compreender e inspirar as pessoas que consigo trabalham. Outro dos traços mais característicos de uma liderança pautada pela diversidade é a capacidade de desafiar as probabilidades e as expectativas – sem dúvida que aqui, pela histórico de desigualdade de género, preconceito e enviesamento que existe, as mulheres que, ainda assim, chegaram a cargos de liderança têm uma importante lição para partilhar com todos. Mais do que meras aprendizagens que a sociedade pode fazer, trata-se de reforçar a diversidade, aumentar a igualdade de oportunidades e contribuir para a criação de um mercado de trabalho e de um tecido empresarial que vai beber o que de melhor existe nas pessoas e nas diferenças que as marcam e dá as mesmas oportunidades a todos de poderem chegar onde querem.
Um exemplo disto é o caso do setor tecnológico: largamente dominado por homens, o papel da mulher aqui torna-se ainda mais importante, uma vez que ela permitirá encontrar o equilíbrio e evitar enviesamentos inconscientes quando se trata do desenvolvimento de tecnologias que têm impacto na forma como comunicamos, como nos movimentamos, como nos alimentamos e muito mais.
Desta forma, a liderança feminina não é uma novidade, mas sim uma necessidade e uma realidade que devemos abraçar e incentivar para o bem das nossas empresas e do futuro da nossa sociedade. Há muito que ainda está por fazer e são muitos os obstáculos no caminho, mas a nossa missão é sermos facilitadores desta mudança.








