Opinião
Investimentos, inovações e tendências do ecossistema brasileiro de start-ups

O primeiro semestre de 2024 mostrou um aumento no interesse dos investidores, impulsionado por quedas nas taxas de juros e um equilíbrio nos preços das empresas no mercado.
Essas condições tornaram o ambiente mais favorável para captações, especialmente em alguns nichos específicos. Um destaque notável é o setor de inteligência artificial (IA). De acordo com um estudo realizado pelo Distrito, que mapeou mais de 1.000 start-ups, a IA é a tecnologia com maior representatividade entre os players da indústria de inovação na América Latina. Este setor, em constante crescimento e com alta procura tecnológica, tem atraído a maior parte dos investimentos recentes, prometendo ser um dos principais motores de recuperação para o ecossistema de start-ups em 2024.
O ecossistema de start-ups brasileiro viu um aumento significativo no número de rondas de investimentos, especialmente em empresas de tecnologia emergente e IA. Start-ups focadas em soluções de saúde digital, fintechs, e-commerce e agritech também começaram a ver um ressurgimento no interesse dos investidores.
O cenário das start-ups no Brasil tem sido dinâmico e promissor, com investimentos e inovações impulsionando o ecossistema. As start-ups brasileiras captaram US$ 928,3 milhões no primeiro semestre de 2024, um aumento de 14,8% em comparação com o mesmo período de 2023. O país liderou os investimentos totais na região, com 42,6% de todos os recursos destinados à América Latina, superando países como a Argentina e o México.
Este renascimento dos investimentos sinaliza a recuperação económica pós-pandemia, além de uma mudança no foco dos investidores que agora valorizam mais a inovação disruptiva e a sustentabilidade a longo prazo do que o ganho rápido. A predominância de investimentos em estágios iniciais (Early Stage), incluindo Seed e Série A, sugere uma aposta dos investidores na capacidade de crescimento a longo prazo das start-ups.
A fintech QI Tech – fintech de banking as a service – tornou-se a primeira start-up brasileira a atingir o status de “unicórnio” (valor de mercado acima de US$ 1 bilião) em 2024, após receber um aporte de US$ 50 milhões na série B de US$ 200 milhões que a empresa levantou no final de 2023. A QI Tech oferece a infraestrutura completa para empresas que queiram disponibilizar serviços financeiros aos seus clientes.
A Icredit captou US$ 83,5 milhões em fundos recebíveis, enquanto a BrandLovrs garantiu um aporte seed de US$ 6,6 milhões com a KASZEK.
Entre as fusões e aquisições (M&A) que aqueceram o mercado nacional: a HRTech Sólides Tecnologia (gestão de pessoas) adquiriu a 2Easy e a fintech Kanastra comprou a Limine DTVM.
Observa-se uma crescente ampliação das fontes de financiamento no Brasil e na América Latina. Embora o equity ainda seja dominante, correspondendo a 53% do volume total de investimentos, é notável o aumento das alternativas como fundos de recebíveis e financiamentos por meio de dívida, os quais constituíram quase metade do investimento total no Brasil.
Após dois anos de desaceleração, demissões e encerramento de atividades, o setor de start-ups tem projetado uma recuperação em 2024, com o retorno gradual dos investimentos e das rondas de captação. O ecossistema brasileiro de start-ups está em ascensão, com investidores, executivos e empreendedores atentos às oportunidades e ao potencial de crescimento.
Em suma, o primeiro semestre de 2024 trouxe sinais de recuperação e otimismo. A inteligência artificial e outros setores tecnológicos estão na vanguarda dessa recuperação, mostrando que, mesmo em tempos difíceis, a inovação continua a ser uma força poderosa no ecossistema de start-ups brasileiro.