Opinião

Investimentos e tendências para 2022

Daniela Meirelles, empreendedora e business advisor

Há uma expetativa de que este ano as start-ups brasileiras movimentem até US$ 29 biliões. De acordo com o relatório Inside Venture Capital, do Distrito, 91 negócios já foram fechados no início deste ano (de janeiro a final de fevereiro), somando um volume total de US$ 1,3 biliões em investimentos. Esse valor superou o do ano passado quando foram realizados 118 negócios durante o mesmo período.

Entre as principais captações, a Velvet levantou R$ 1 bilhão; a Sólides recebeu um aporte de US$ 530 milhões e a fintech Neon tornou-se unicórnio após levantar US$ 300 milhões. Atualmente, a Neon movimenta mais de R$ 5,8 bilhões por mês em transações e possui 15 milhões de clientes.

Os fundos estrangeiros devem continuar a olhar cada vez mais para o Brasil, as corporações tradicionais deverão estar mais dispostas a investir em start-ups enquanto estas também estão sendo cobradas a adotar práticas de ESG (sigla em inglês para os aspetos ambiental, social e governança).

Segundo Bedy Young, sócia do fundo 500 Startups, “o mercado brasileiro realmente entrou num cenário completamente global”. Ela acredita que teremos grandes empresas a abrir capital na Nasdaq e que o cenário político não deverá afetar o mercado de inovação em 2022. Uma outra tendência é de que deveremos ter start-ups a tornarem-se unicórnios em menor espaço de tempo graças aos resultados atuais do ecossistema e pela forma como os investidores internacionais têm observado o mercado brasileiro. Segundo Luiz Gomes, diretor da aceleradora Overdrives, “é provável que ainda tenhamos muita desvalorização da moeda, com isso, para quem investe de fora do Brasil, as oportunidades de investimento tornam-se mais atraentes”.

Segundo especialistas do mercado, fintechs, biotechs e companhias que operam em blockchain deverão ser os destaques de investimento e crescimento em 2022. Até ao momento, o setor de fintechs captou US$567,6 milhões, o de hrtechs levantou US$ 102 milhões e as retailtechs receberam investimentos de US$ 17,2 milhões.

O Brasil teve um enorme crescimento no setor de biotech (modelo de negócio que se foca na utilização de seres vivos, por exemplo, células e moléculas), graças “a sua maturidade científica”. O país deve movimentar cerca de US$ 39 bilhões em 2023, ocupando a sexta posição no mercado farmacêutico mundial.

No segmento de agtechs (start-ups de agronegócio), o Brasil atraiu 90% do total dos investimentos que foram realizados na América Latina. O número de start-ups do agro (que oferecem soluções inovadoras e tecnológicas para todas as etapas da cadeia produtiva do campo), cresceu 40% entre 2019 e 2021 segundo o estudo da Radar Agtech, realizado pela Homo Ludens Research & Consulting em parceria com a Embrapa, e o fundo de investimentos SP Ventures. Segundo a Distrito (plataforma de inovação), em 2020 foram investidos US$70 milhões neste segmento.

No site da Startup Scanner (ferramenta da Liga Ventures com apoio da PWC Brasil), é possível acompanhar o mapa de start-ups brasileiras com soluções para as áreas de Food Techs, de forma dinâmica e com atualização constante.

O investimento coletivo em start-ups via plataformas registrou ano passado um aumento de 224,29%, (equivalente a R$ 124.397.565,88), comparado com o ano de 2020. A CapTable, maior hub de investimentos em start-ups do Brasil, foi responsável por mais de ⅓ do total de investimentos captados. Este ano, a CapTable acaba de anunciar seu plano de captar R$ 250 milhões, distribuídos em 70 rondas até o final do ano. O seu recorde, até o momento, foi levantar R$ 5 milhões (valor máximo permitido pela Comissão de Valores Mobiliários) em apenas 90 minutos para a start-up Zletric.

Sabemos que 2022 é um ano de eleições no Brasil, Copa do Mundo e que ainda estamos às voltas com resquícios da pandemia. Por isso, é importante frisar que as tendências aqui expostas levaram em conta apenas esses fatores. Jamais pensamos que este ano uma guerra pudesse ocorrer no continente europeu. Não sabemos ainda quais serão os desdobramentos dessa guerra entre a Rússia e a Ucrânia, mas, desejamos que o cessar-fogo seja determinado em breve e que possamos todos voltar a conviver com a paz mundial. Mais do que múltiplos investimentos, a paz é sem dúvida uma das maiores riquezas de todo o ser humano. Que todos possamos nos unir, seja em pensamento, em ações de voluntariado, doações, campanhas em apoio ao povo ucraniano.

Que possamos em breve respirar aliviados (num mundo sem Covid e sem guerra) para, então, podermos voltar a focar a nossa total atenção em investimentos de start-ups promissoras e em projetos inovadores.

Fonte:
. Startups brasileiras levantaram US$ 763 milhões em fevereiro de 2022 – Pequenas Empresas Grandes Negócios | Startups
. Conheça a plataforma que captar R$250 milhões para startups em 2022 (fdr.com.br)
. Investimentos em startups podem movimentar US$ 29 bilhões no Brasil em 2022 | CNN Brasil 
. Dinheiro e obstáculos: o que esperar do mercado de inovação em 2022

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Daniela Meirelles

Daniela Meirelles

Daniela Meirelles é empreendedora, business advisor, mentora de start-ups e palestrante (Branding, Empreendedorismo e Liderança). Foi fundadora da DBRAND, consultora de branding, marketing e inovação; fundadora/CEO da Yuppy, start-up de media, marketing e eventos; mentora nos programas Startup Rio, Startup Weekend e Founder’s Institute; palestrante; e também atua na organização do II Chapter da Singularity University, no Rio de Janeiro. Tem 15 anos de experiência em marketing, branding e desenvolvimento de novos negócios. Desenvolveu inúmeros projetos para pequenas, médias e... Ler Mais..

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