Duas start-ups internacionais que estão a mudar o negócio imobiliário

As start-ups já entraram no setor imobiliário. Leia os casos da Knock e da Offerpad, que têm modelos de negócio diferentes das imobiliárias tradicionais.
Uma das principais características das start-ups é a capacidade de reinventar indústrias – veja-se a Uber na mobilidade, a Revolut no setor bancário e a Airbnb na hotelaria. Apesar da próxima fornada de projetos bem-sucedidos deste género não se basear tanto em digitalizar áreas de negócio tradicionais, há alguns setores que ainda estão a receber a atenção dos fundadores tecnológicos prontos a alterar a experiência de cliente.
Exemplo disso é o mercado imobiliário, onde, nos últimos anos, surgiram start-ups com os mais variados modelos de negócio, desde imobiliárias que pedem comissões mais baixas, até empresas que compram as casas diretamente ao vendedor para que este não tenha de se preocupar com todo o trabalho envolvido. A este grupo acrescente-se também a Housers, que levanta dinheiro em formato crowdfunding para poder comprar imóveis e posteriormente os vender.
Foi com base nesta modernização que a Crunchbase fez um “raio x” ao mercado norte-americano e falou com duas start-ups que estão a alterar a forma como os consumidores compram e vendem as suas casas.
Segundo os dados recolhidos pela plataforma, há atualmente mais de 1.500 start-ups a operar neste espaço – um número tímido quando comparado com os projetos de HealthTech (6.700) ou de ecommerce (5.970).
Nos Estados Unidos, e em 2018, o investimento em equipas deste setor de atividade rondou os 4,5 mil milhões de euros. Apesar de ter havido um decréscimo daquilo que foi levantado em 2017 – cerca de 5,1 mil milhões de euros –, é quase dez vezes mais do que os 460 milhões de euros investidos em 2013.
Em 2019, este universo empreendedor norte-americano já recebeu 32 investimentos com um total de 1,7 mil milhões de euros. Entre os projetos encontram-se equipas que operam totalmente online e outras que utilizam inteligência artificial e big data.
É neste cenário que se encontra a Knock, fundada em 2015, e que levantou perto de 350 milhões de euros na ronda deste ano. Está em rápido crescimento: no início de 2018 só contava com 30 colaboradores e atualmente já têm mais de 150. A par disso, triplicou as receitas no ano passado e, de acordo com o que o cofundador Sean Black revelou à Crunchbase, o objetivo para este ano é continuar a duplicar ou triplicar os valores conseguidos nos 12 meses anteriores.
Tal como foi referido, as start-ups nesta área tendem a mudar o seu modelo de negócio para alavancar os ganhos. Neste caso, a Knock adquire uma casa – em dinheiro e sem contingências – em nome do comprador, de forma a conseguir um desconto. Depois disto, representa o comprador da nova casa na venda da sua antiga habitação. Assim que todo este processo fica concluído, transfere a nova aquisição para o nome do seu cliente. O dinheiro é feito com taxas distribuídas pelo processo.
Já a Offerpad, que levantou cerca de 500 milhões de euros em março, descreve-se como uma “compradora sob demanda”. Os utilizadores inscrevem-se no site, descarregam fotografias da sua casa e recebem uma proposta em 24 horas.
Uma das mais valias do projeto é o seu CEO, Brian Bair, que tem experiência no terreno, enquanto profissional imobiliário e que diz saber quais são as maiores dificuldades do cliente típico.
Outra característica que suporta o modelo de negócio da start-up é a facilidade de todo o processo. “Somos o serviço de compra que dá a habilidade às pessoas de venderem as suas casas como carros”, explicou o diretor executivo ao Crunchbase fazendo alusão à facilidade que oferece aos clientes.
Como refere a Crunchbase, desde que o mercado imobiliário continue a crescer, vão surgir novos projetos dispostos a lucrar. Contudo, o grande teste a estes modelos de negócio vai ser feito na altura em que o mercado entrar numa trajetória descendente.