Inteligência artificial “ressuscita” Suharto e causa polémica na Indonésia

O vídeo em que o ex-presidente da Indonésia é protagonista foi usado na última campanha eleitoral na Indonésia. A polémica utilização desta tecnologia para recuperar a imagem do ditador não se fez esperar.

Com uma governação de mais de 30 anos, marcada por corrupção e abusos de direitos humanos, Suharto, ex-presidente da Indonésia, que faleceu em 2008, surgiu recentemente num vídeo de cerca de três minutos, e com mais de 4,7 milhões de visualizações nas redes sociais, usado por um dos candidatos da campanha eleitoral, Prabowo Subianto, seguidor do antigo ditador.

Além da surpresa, e polémica, que a gravação causou, o vídeo – que visava incentivar o voto no referido candidato -, é mais um exemplo do que o recurso à inteligência artificial pode fazer para recuperar a imagem de alguém já falecido. Trata-se de um trabalho deepfake (no caso ao serviço de propaganda política), uma técnica de síntese de imagens ou sons humanos, baseada em técnicas de inteligência artificial, em que o rosto de uma pessoa aparece alterado.

A par do impacto gerado no país, esta ação também suscitou vozes discordantes internacionalmente por ser considerada “moralmente errada”.  À CNN, Golda Benjamin, gestor de campanha para a Ásia-Pacífico da Access Now (uma organização sem fins lucrativos fundada em 2009 e focada nos direitos civis digitais), lembrou que “os deepfakes podem influenciar muito uma eleição” e que “o perigo está em como se espalha rapidamente. Um deepfake pode facilmente alcançar milhões em segundos, manipulando eleitores”, explicou.

Esta não é, contudo, a primeira vez que a utilização de vídeos com recurso deepfake acontece na Indonésia. Em anteriores gravações, também de cariz propagandista, a inteligência artificial já foi usada para dar um ar mais simpático aos candidatos nas redes sociais, de forma a chegar a um target mais jovem.

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