Entrevista/ “Hoje oferecemos um serviço que vai para além da gestão de um imóvel”

“Pretendemos alargar a nossa atuação para novas zonas do país que estão a ser cada vez mais procuradas pelos turistas. É também com imensa felicidade que partilho que iremos abrir um escritório em Istambul, na Turquia”, revelou William Tonnard, CEO da LovelyStay, empresa de gestão de alojamento local, em entrevista ao Link To Leaders.
Tem um apartamento ou propriedade para o qual gostaria de otimizar a sua receita, sem gastar tempo ou dinheiro? A LovelyStay, empresa de gestão de alojamento local, pode ajudá-lo. Fundada em 2015, foi uma das primeiras a apostar no mercado de Short Term Rental em Portugal.
Prestes a celebrar oito anos, a LovelyStay viu duplicar o seu portefólio nos últimos três anos e já soma mais de 90 mil check-ins, e cerca de 245 mil hóspedes. Nos últimos anos, a empresa tem vindo a investir na gestão de propriedades de segmento médio-alto e hoje tem na sua carteira mais de 850 propriedades espalhadas por todo o país.
Depois de fechar 2022 com uma faturação bruta superior a 18 milhões de euros, para este ano a expetativa é que registe um volume de negócios acima dos 25 milhões de euros, ou seja, mais 40% do que no ano passado.
Depois de uma pandemia, uma guerra e a elevada inflação, como está a reagir o setor imobiliário e de alojamento local em Portugal?
Em 2022, o mercado imobiliário em Portugal esteve bastante agitado face a uma forte procura internacional, em especial vinda dos EUA. A falta de oferta, sobretudo, em Lisboa, devido à morosidade na obtenção de licenças de construção, por parte dos promotores imobiliários, está a ter um forte impacto na oferta e, por isso, o preço continua a subir. É importante que a classe política encontre, com urgência, uma forma de aumentar a oferta para que o mercado possa ter a capacidade de absorver a forte procura local e internacional. Entretanto, e devido à inflação, fomos fortemente afetados pelo aumento do preço no setor da construção e esperamos que, este ano, tudo fique mais calmo, uma vez que as margens terão impacto não só nas empresas de construção como nos promotores imobiliários.
Paralelamente, o mercado do turismo recuperou totalmente, talvez até superando os níveis de 2019. As regiões, a nível global, tiveram um desempenho excelente, mas temos vindo a constatar um aumento na procura por apartamentos de qualidade. Há no Porto, por exemplo, uma enorme quantidade de tipologias mais pequenas e tipologias maiores e bem concebidas (a partir de T2) que estão a ter excelentes desempenhos.
Como vai estar o mercado imobiliário nacional depois de terminado este período?
Acredito que, e principalmente no segmento premium dos mercados de Lisboa e Porto, os preços vão manter-se em 2023 como resultado da falta de oferta e, claro, da forte procura por parte de investidores internacionais (que regra geral não precisam de qualquer financiamento bancário local). O restante mercado será afetado devido ao forte aumento das taxas de juros. Os bancos estarão também mais céticos nos empréstimos e muito atentos ao rácio da taxa de esforço associada.
“(…) um dos maiores desafios ao nosso desenvolvimento serão as restrições associadas às licenças de alojamento local que poderão trazer dificuldades na nossa estratégia de expansão (…)”.
Quais os grandes desafios que o mercado imobiliário enfrenta? E quais as oportunidades?
Para a LovelyStay, um dos maiores desafios ao nosso desenvolvimento serão as restrições associadas às licenças de alojamento local que poderão trazer dificuldades na nossa estratégia de expansão em Lisboa, mas principalmente no Porto. Pretendemos alargar a nossa atuação para novas zonas do país que estão a ser cada vez mais procuradas pelos turistas. É também com imensa felicidade que partilho que iremos abrir um escritório em Istambul, na Turquia, e que desenvolveremos as operações no sentido de diversificar a nossa atividade.
O perfil do investidor imobiliário tem mudado ao longo dos anos?
A Lovelystay tem mais de 850 proprietários, dos quais 50% são portugueses, e esta proporção tem-se mantido relativamente consistente ao longo do tempo. A empresa valoriza relacionamentos fortes e pessoais com os seus proprietários e consegue-o através dos seus account managers que são não só dedicados aos clientes como fluentes em vários idiomas.
(…) é crucial que, aqueles que têm o poder nas decisões políticas tomem as medidas necessárias no sentido de aumentar a oferta de moradias e outros empreendimentos como resposta à forte procura”.
Portugal é ainda um mercado atrativo?
Os fatores que tornam Portugal um destino atrativo para o investimento estrangeiro (incluindo um ambiente político e económico estável, uma indústria do turismo próspera e uma força de trabalho qualificada) têm vindo a manter-se ao longo do tempo. Além disso, a cobertura mediática positiva, os inúmeros prémios e rankings, a nível internacional, tornaram Portugal num foco de atenção não só por ser uma excelente oportunidade de investimento, mas pela qualidade de vida associada. Acredito, por isso, que o mercado continuará atraente e que é crucial que, aqueles que têm o poder nas decisões políticas tomem as medidas necessárias no sentido de aumentar a oferta de moradias e outros empreendimentos como resposta à forte procura.
O que diferencia a LovelyStay no mercado?
Somos uma empresa de gestão de alojamento local completa, com uma equipa altamente qualificada e que tem como diferencial uma tecnologia única no mercado que nos permite estudar os preços dos concorrentes, de forma a tornar as nossas propriedades mais rentáveis. Hoje oferecemos um serviço que vai para além da gestão de um imóvel. Os nossos clientes podem contar connosco para a organização da limpeza e manutenção, consultoria na decoração do imóvel, sugestões de melhorias e questões contabilísticas. Disponibilizamos ainda uma equipa de gestores de conta como ponto de contacto dos proprietários, e os hóspedes podem falar connosco a qualquer hora do dia, porque temos sempre uma equipa disponível para resolver qualquer situação.
“Para este ano, o nosso objetivo é aumentar a nossa carteira de clientes em 40%, além de investir noutros mercados, tais como na Ilha da Madeira”.
A LovelyStay tem vindo a investir na gestão de propriedades de segmento médio-alto e hoje tem na sua carteira mais de 850 propriedades espalhadas pelo país. Que outras apostas podemos esperar para este ano?
Mudámos e aprendemos muito com a pandemia. Desde 2020 que, além de gerirmos propriedades nos grandes centros como Lisboa, Porto e região do Algarve, criámos pacotes especiais para gerir propriedades em todo o país. Tudo adaptado às necessidades do cliente. Hoje, somos já a empresa portuguesa com o maior portefólio de imóveis turísticos do país, o que demonstra que estamos cada vez mais no caminho certo! Para este ano, o nosso objetivo é aumentar a nossa carteira de clientes em 40%, além de investir noutros mercados, como na Ilha da Madeira.
Lançámos recentemente a Ando Living, a nossa recém-criada marca residencial, que temos como objetivo desenvolver também além-fronteiras. É direcionada para um target mais premium que irá proporcionar, a proprietários e viajantes, experiências únicas. Todos os projetos serão geridos exclusivamente pela LovelyStay.
Fecharam 2022 com uma faturação bruta para os seus clientes superior a 18 milhões de euros, um aumento de mais de 200% em relação a 2021. A que se devem estes números?
Estamos muito orgulhosos dos resultados excecionais em 2022. Duplicámos o portefólio e triplicámos as receitas, o que nos permitiu atingir os 18 milhões de euros em valor bruto de reservas. Atualmente, temos mais de 850 unidades em portefólio e esperamos aumentar, no próximo ano, a faturação em pelo menos 50%.
Uma equipa qualificada, um serviço premium e excelentes propriedades, tudo combinado com uma tecnologia única de estudo de preços de mercado, fizeram de 2022 o ponto de viragem para o turismo! Preparámo-nos muito, ao longo do ano passado, estipulámos objetivos muito elevados e conseguimos superar todas as expetativas.
O mercado onde estamos inseridos está cada vez mais competitivo, o que nos torna ainda mais fortes. O ano passado investimos nos nossos talentos, profissionalizando ainda mais a equipa, trabalhámos com estratégias eficientes e, após anos desafiantes, conseguimos equilibrar os nossos esforços para ter resultados impressionantes. Considero que 2022 foi resultante do trabalho que realizámos ao longo dos anos anteriores.
E quais as previsões para este ano?
Estamos muito confiantes de que este ano será ainda melhor. Prevemos aumentar o nosso portefólio em 40%, bem como aumentar a nossa faturação bruta em mais de 40%.
“Com quase oito anos de história, estamos bem consolidados no mercado nacional, prevemos um crescimento noutras regiões (dentro e fora da Europa)”.
Como vê a LovelyStay dentro de cinco anos?
Com quase oito anos de história, estamos bem consolidados no mercado nacional, mas prevemos um crescimento noutras regiões (dentro e fora da Europa). O nosso objetivo é administrar 2.500 propriedades sob a marca LovelyStay e mais de 2.500 sob a marca Ando Living.
Fora de Portugal pretendemos estar operacionais (pelo menos) na Turquia, Espanha, Grécia, Dubai, Reino Unido e França. E para apoiar este ambicioso plano de desenvolvimento, esperamos garantir durante 2023 um financiamento, embora já tenhamos mais de 50 milhões de euros garantidos.
Respostas rápidas:
O maior risco: Estabilidade política e inflação.
O maior erro: Acreditar que o amanhã será igual a ontem.
A maior lição: Ouvir e observar.
A maior conquista: Sermos líderes em Portugal no nosso segmento e criar uma equipa altamente talentosa sem a qual talvez nunca tivéssemos sobrevivido ao período Covid.