Opinião

Grandes investimentos, crescimento e inovação

Daniela M. Meireles, empreendedora e business advisor

No primeiro trimestre de 2021, a vocação empreendedora no Brasil segue em alta com muitas pessoas empreendendo, abrindo novos negócios, se reinventando e criando uma nova fonte de renda.

As start-ups, empresas que já nasceram no digital e as empresas que entraram e/ou migraram para esse meio, têm mostrado sinais de grande crescimento e continuam a contratar. Já os setores que são diretamente impactados pela pandemia (como restaurantes, shoppings centers, quiosques, etc…) continuam vivenciando o desafio de se “manterem de pé” enquanto tentam passar a segunda onda.

A vacina já é uma realidade por aqui e apesar de parte da população mais velha ter começado a ser vacinada, muitas incertezas rondam o mercado interno e externo. Muitos esperavam que a vacina fosse ser a tão sonhada solução, trazendo o fim da pandemia. Infelizmente, parece que ainda temos alguns desafios à frente.

Start-ups
O Brasil hoje já conta com 13 mil start-ups ativas e 15 unicórnios, dentre eles: 99, Nubank, Movile, iFood, Gympass, Loggi, Quinto Andar, Ebanx, Wildlife Studios, Lob, VTex, C6 Bank e Creditas e MadeiraMadeira.
(A Stone, Arco Educação e PagSeguro deixaram de ser consideradas start-ups unicórnios depois que fizeram abertura de IPO e se tornaram empresas de capital aberto).

Várias empresas tem criado os seus próprios programas de aceleração e inovação. O Santander e o Santander Universidades lançaram o Radar Empreenda, polo para empreendedores com negócios em diferentes estágios, com foco em soluções para desafios do banco. Já a Z-Tech (hub de tecnologia e inovação criado há dois anos pela Ambev), destinada à pequenos e médios negócios ligados ao retalho, já atendeu 500 start-ups.

A desvalorização do real tem tornado o investmento em start-ups mais atraente para os estrangeiros, o que tem resultado num alto número de fusões e aquisições. Um único escritório de advocacia no Rio de Janeiro concluiu neste primeiro trimestre R$ 200 milhões em negócios.

Crescimento
No Brasil temos visto crescimento em diversos segmentos e os investimentos têm sido bem altos, somente neste mês de março, tivemos três grandes aportes:

A Lob, fundada por Mate Pencz e Florian Hagenbuch, acaba de receber um aporte de US$ 425 milhões, o maior nos seus três anos de vida. A quarta ronda de aportes liderada pelo fundo americano D1Capital avaliou a start-up do setor imobiliário em US$2,2 bilhões. Com a nova captação, a plataforma digital de compra e venda de apartamentos tornou-se na maior “proptech” da América Latina e prevê tornar-se a que mais cresce fora de China e dos Estados Unidos. A empresa possui 30 mil corretores no eixo Rio-São Paulo e suas operações geram cerca de R$ 2bilhões ao ano em financiamentos imobiliários.

A Loggi, start-up de logística, captou no início de março US$ 212 milhões em sua sétima ronda de investimentos, a maior de sua história. Em 2020, a empresa teve um crescimento de 360% que no ano anterior. Fundada em 2013 por Fabien Mendez, a empresa criou uma complexa malha logística que realiza entregas por todo território brasileiro, com recolha de pequenos e grandes ecommerces, transferência para as cidades de destino e entregas ao consumidor final.

A Vórtx, fintech de infraestrutura para o mercado financeiro, também acabou de receber um grande aporte: R$ 190 milhões pela FTV Capital, private equity americana. Fundada em 2015 por Juliano Cornacchia e Alexandre Assolini, o principal propósito da fintech é a democratização do mercado de capitais no Brasil.

A Agrointeli, plataforma de inteligência artificial que liga agricultores às lavouras, cresceu seis vezes ano passado. A start-up possui operações no Brasil, Paraguai, Chile, Bolívia e fornece serviços a 350 propriedades rurais. O fundador, Renato Borges, que foi reconhecido como um dos jovens mais inovadores da América Latina pelo MIT (Massachuseus InsGtute of Technology) pretende levantar R$ 2,1 milhões até junho. Diante dos recentes investimentos que temos visto, será “piece of cake” como dizem os americanos.

O salto em vendas da Clorin Salad, pastilha para higienizar alimentos e eficaz contra o coronavírus, segundo a empresa, levou a Clorina  fechar 2020 com alta de 77% no faturação. O negócio já está presente em 15 Estados do Brasil.

A Inciclo que nasceu digital em 2010, cresceu 156% no ano passado com a pandemia. A empresa vende coletores menstruais reutilizáveis feitos em silicone. Maria Bertioli, fundadora da empresa, pretende ganhar mercado na América Latina e nos Estados Unidos, apostando na vantagem de atuar num segmento de baixa concorrência. Além do ecommerce, a Inclico também está presente no marketplace da Amazon.

Inovação
A Amazon Brasil lançou uma loja especial pelo Dia da Mulher com negócios dirigidos somente por mulheres e firmou uma parceria com o Instituto Rede Mulher Empreendedora. Uma percentagem das vendas desses negócios está sendo destinado à entidade para apoiar projetos em empreendedorismo feminino.

A OMO, marca premium de sabão em pó, já possui 40 lojas de lavandaria no país e acaba de lançar um formato de franquia self-service. Aos interessados, a franquia da OMO Lavanderia custa R$148 mil com três conjuntos de lavadora e secadora.

A Logstore está a desenvolver um aplicação para retalhistas que permite o cliente digitalizar e pagar as compras pelo telemóvel (com cartão de crédito), sem precisarem de passar pela caixa ou terminal. As opções para pagamento em débito e PIX serão habilitadas posteriormente. A solução deverá ser lançada no segundo semestre com um preço de cerca de R$ 4 mil.

Por aqui, a novidade mais recente é a nova plataforma de financiamento Angelhouse.audio que funciona exclusivamente na Clubhouse. Os candidatos apresentam as suas ideias ao vivo durante o encontro virtual. O vencedor do primeiro ciclo que iniciou em fevereiro e contou com 64 apresentações, recebeu um investimento de US$ 50 mil.

O que vemos é que enquanto uns surfam o crescimento dos seus negócios, alguns tentam não naufragar. Aos que seguem bem, é importante ter empatia e ajudar nesse momento quem precisa. Aos que enfrentam desafios, é hora de grandes aprendizagens, juntar força, resiliência, pensar “fora da caixa e se preciso, se reinventar.

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Daniela Meirelles

Daniela Meirelles

Daniela Meirelles é empreendedora, business advisor, mentora de start-ups e palestrante (Branding, Empreendedorismo e Liderança). Foi fundadora da DBRAND, consultora de branding, marketing e inovação; fundadora/CEO da Yuppy, start-up de media, marketing e eventos; mentora nos programas Startup Rio, Startup Weekend e Founder’s Institute; palestrante; e também atua na organização do II Chapter da Singularity University, no Rio de Janeiro. Tem 15 anos de experiência em marketing, branding e desenvolvimento de novos negócios. Desenvolveu inúmeros projetos para pequenas, médias e... Ler Mais..

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