Fundação Champalimaud cria infraestrutura de armazenamento de dados de saúde

Criar um sistema estandardizado de armazenamento na cloud de dados de doentes anonimizados, acessíveis aos investigadores, é o objetivo da infraestrutura criada pela Fundação.

A Fundação Champalimaud (FC) apresentou esta semana uma  inédita infraestrutura de armazenamento, consulta e análise de dados médicos desenvolvida por investigadores. O projeto foi criado pelo Digital Surgery Lab daquela unidade, uma equipa multidisciplinar liderada pelo cirurgião Pedro Gouveia, em parceria com a Altice e a empresa portuguesa BMD Software. O objetivo é ambicioso,  referem os seus responsáveis, já que visa criar um sistema estandardizado de armazenamento na nuvem de dados de doentes, devidamente anonimizados, de forma a que fiquem acessíveis, em total segurança, aos investigadores que os desejam estudar.

“Agora, pela primeira vez, nós conseguimos demonstrar que é possível transferir e armazenar ficheiros digitais em segurança, de forma virtual, via internet, utilizando ferramentas que já existem nos hospitais”, explicou Pedro Gouveia.   Com esta ferramenta  deixa de ser necessário ir aos hospitais para consultar os arquivos de imagens de doentes e gravar a informação em CD, com todas as questões de segurança que este sistema físico acarreta.

Os investigadores da Fundação salientam que o fato de os dados poderem ser armazenados na nuvem torna a sua acessibilidade muito mais simples e imediata às pessoas acreditadas para tal. Além disso, revelam, se o formato desses dados estiver devidamente normalizado, ainda é possível vislumbrar um futuro em que os hospitais e centros de investigação possam transferir dados médicos entre si de forma totalmente transparente para o utilizador final. Isto porque atualmente cada hospital escolhe o seu próprio formato de datas o que faz com que haja problemas de comunicação entre sistemas porque não estão estandardizados. Pedro Gouveia explica que já conseguem fazer essa estandardização e obter essa interoperabilidade. “O Hospital de Santa Maria, por exemplo, poderia ir buscar imagens médicas e dados clínicos das doentes com cancro da mama tratadas na Fundação Champalimaud sem ter de descobrir primeiro como é que nós fazemos a formatação das datas ou de outros elementos. Porque tudo isso já terá sido estandardizado.”

Esta infraestrutura faz parte da primeira fase de um projeto designado de MetaBreast, que nos últimos anos tem sido desenvolvido conjuntamente com da Unidade de Mama, da FC, e outros parceiros. Recentemente, o projecto foi inclusive aprovado para receber financiamento do Plano de Resiliência e Recuperação(PRR), do qual cerca de 1,4 milhões de euros irão para a FC.

Comentários

Artigos Relacionados